sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Quando é preciso voltar, by Alexandre C. Aguiar

“Toda vez que vim jogar na Ressacada e o estádio estava cheio eu perdi”.

A frase é emblemática. Foi dita pelo atual técnico do Avaí, Geninho. Tem um significado aí, que vai muito mais além de uma simples convocação da torcida. Subliminarmente ela nos mostra abandono. O abandono do Avaí Futebol Clube por sua torcida.
Tá, eu sei o que tu vais dizer. Sei exatamente as palavras. Sinto a mesma coisa. Sofri e me incomodei pelo que alguns destes jogadores fizeram no ano passado. Pela forma como envergonharam nossas tradições. Pela maneira mesquinha e ordinária com a qual trataram nosso clube. Sei as palavras e conheço os sentimentos. Me baseio no comportamento do time do Botafogo do Rio de Janeiro para chamar, os nossos jogadores, de oportunistas.
Mas isso passa, porque manter rancores e raivinhas para o resto da vida só aumenta o stress e nos mata mais cedo.
Eu sou um sujeito de boa memória. Lembro dos jogos e das campanhas do Avaí desde os tempos do Adolfo Konder. Dos jogos às quartas-feira à tarde. Daqueles no domingo pela manhã. Fui a muitos, se não fui a todos. Lembro-me que a torcida avaiana frequentava o Adolfo Konder. E ia a muitos jogos na Ressacada, mesmo nos tempos das filas oceânicas por dentro da Costeira.
E agora, onde está a nossa torcida?
Bom, sabe-se que torcedor de futebol é cheio de manias. Não é uma criatura de trato fácil. Precisa de agrados e incentivos. Mas bastam bons resultados que ela, quando bicuda, volta perdoando dissabores e inconformismos. Porém, a nossa torcida não está voltando. Está rancorosa um pouco além do normal.
Sabe-se que a média de público na Ressacada nunca foi das maiores. E mente quem afirma que ele se afastou por causa das majorações de preços. Aliás, esse pessoal que usa e abusa deste argumento é o mesmo que não é sócio, não participa, não adquire produtos do clube e, mesmo não vendo, diz que não gosta. E você só os vê no estádio quando há promoções de ingressos. Portanto, é gente mesquinha e ordinária cuja língua apodrece na boca.
A gente sabe, de qualquer forma, que torcida do Avaí nunca foi uma torcida de abandonar o estádio. É uma torcida viciada por seu clube. Tem orgulho em se dizer avaiana. Faz parte até das tradições da cidade. Todo mundo que mora por aqui e mesmo não sendo avaiano sabe de cor o nosso hino. Só o nosso. E a nossa torcida, nos primeiros bons resultados após uma sequência ruim, sempre voltou. Temos uma torcida apaixonada e inflamada, das melhores do país. Por isso, volto à pergunta: cadê a torcida do Leão da Ilha?
Nesta sexta-feira teremos um jogo importante. É contra um time que vem fazendo uma boa campanha na competição, mesmo sem tradição alguma no cenário nacional. É um jogo para consolidar a permanência na zona de classificação e confirmar a boa fase. Estádio com menos de 3 mil torcedores é inconcebível. Com 5 mil já é preocupante.
Portanto, se o torcedor avaiano está esperando para ver bons jogos, ou os jogos da série A, está mal acostumado e com mania de grandeza. Fique sabendo que primeiro temos que vencer os jogos desta série B. Para chegar no topo da montanha primeiro a gente tem que ralar nas pedras lá embaixo.
Se não for assim, olha, sinceramente, vou recomendar ao pessoal da direção avaiana que pense seriamente em começar as fechar as portas do Avaí. Afinal, time de futebol sem torcida, é queijo sem leite. É livro sem palavras.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC, proprietário do blog Força Azurra e um dos colaboradores do portal Todo Esporte SC

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