ALGUNS REPAROS AO GENINHO, by Roberto Costa

Jogamos uma péssima partida, mas acho que perdemos para o virtual campeão. Tomamos um passeio, não há como negar.

Ao Geninho, mesmo com todos os méritos que já demonstrou, eu faço alguns reparos.

Primeiro, que Marrone, enquanto jogava na lateral esquerda, vinha sendo em todos os jogos senão o melhor, pelo menos o segundo melhor do time, inclusive fazendo gols, chegando à frente e aí não cabia mexer. Era o caso da improvisação dando mais certo, jogando melhor que o titular. O melhor deve ser sempre titular, mas Geninho, em nome da formalidade, da ideia de que o titular é dono, tirou Marrone e a boa fase morreu, começamos a perder, e sabíamos todos, Geninho inclusive, que nem Eltinho nem Carleto estavam com cem por cento de seu potencial, o que é temerário em termos de marcação.

Depois, tendo Julio César, Geninho preferiu prestigiar Eduardo Costa, após contusão e inatividade, e mais ineficiente ficou nosso meio-campo. Eduardo Costa não vem acompanhando o ritmo dos jogos, já não é jovem, vem chegando atrasado na bola. Ontem perdeu uma, bisonhamente, complicando a defesa. Foi com o retorno de Eduardo Costa ao time que o meio desandou, ficando sobrecarregado e a má fase ainda mais se consolidou, acarretando algum declínio de Eduardo Neto também. 

Já sabemos, não é de hoje, que Marquinhos e Eduardo Costa não podem jogar juntos, é um erro, são dois homens lentos e o jogo da série B é gás, é força, é velocidade. Não podemos nos dar esse duplo prejuízo. Tivemos boas vitórias sem esses jogadores. Eduardo Costa tem de ser sacado, dar lugar a sangue novo.

Outra coisa, a sabedoria popular não deixa de ser sabedoria pelo fato de ser popular. A sabedoria popular é, no fundo, nada mais que a voz da experiência, a comprovação empírica de certas verdades. Sabíamos que Bocão não tem bola pra jogar no Avaí, mas Geninho fingia que não sabia. Ontem Geninho colocou Willem no segundo tempo, mas a massa, a torcida, a sabedoria popular, enfim, sabe que também não vai acontecer, assim como Heber, que entrou em outro jogo, sem ser notado. Não dá pra engolir, esses jogadores, não dá pra contar com eles, já mostraram que não têm envergadura pra vestir nossa camisa, salvo alguma evolução que venha com o tempo. 

Precisamos, na frente, de alguém que consiga dominar a bola e respirar, erguer a cabeça, raciocinar, dar um drible, e principalmente ter calma para passar, ou chutar e não desses esforçados que jogam com bola quente. Com o que temos, pra conseguir isso de nosso ataque, só improvisando. Eu adiantaria Eltinho, que tem categoria, chuta, sabe o que faz com a bola, para o ataque, ao lado de Anderson Lopes.

* Roberto Costa é associado do Avaí FC. Foto acima: Alceu Atherino Neves / Avaí FC