segunda-feira, 30 de março de 2015

MOTOR AMACIANDO, by Alexandre C. Aguiar

As turbulências vistas na Ressacada nos últimos tempos não nos dão perspectivas de que teremos vida fácil nos próximos meses. E não porque tenhamos má sorte nos jogos, que os árbitros nos prejudiquem a todo instante, ou que a imprensa, zelosa por cores alvinegras, tenha mais uma vez debochado de nossa situação. Essas coisas já acontecem naturalmente, sem que se precise chamar pelos autores.

Nosso grande problema é crise de responsabilidade lá dentro do estádio de tijolinhos à vista. Aquela coisa na qual a pessoa com alguma atividade determinada come mosca, não faz o que deveria ter sido feito, traz prejuízos à instituição e ainda põe a culpa nos outros. Só para saber, o seu Carlos Arini nem deveria ter volta à Ressacada, muito menos ter permanecido depois da toupeirada clássica que deu, prejudicando o clube. E a sua permanência, com o aval da diretoria executiva, nos faz pensar que os tempos serão bicudos e ainda nem vimos o problema verdadeiro ser apresentado. Mas, não é hora de chorar pelo leite que a cabrita não mamou.

O grupo de jogadores do Sul da Ilha, que veste azul e branco, e que ainda não é um time, deu um alento à torcida neste fim de semana, como todos sabem.

Comportou-se como aquele carro novo recém saído da montadora, sem os acessórios de acabamento, sem potencial de força na máquina, com cheiro de graxa e óleo em algumas partes e sem as especificações de conforto. O motor ainda está cheio de arestas e amaciando. Convém o novo condutor, Gilson Kleina, levar o engenho na ponta dos dedos até sair da garagem do quadrangular do resto, cheio de poeiras e entulhos não recicláveis.

O futebol, como todos sabem, é uma atividade bipolar. Assim como Dunga, na seleção brasileira, será exaltado pela torcida quando se classificar para a próxima Copa (quero rir muito disso ainda!), depois de ter sido quase linchado em praça pública, o time do Avaí, quando começar a andar com as próprias pernas e fizer boa figuração daqui por diante, será novamente chamado de time de guerreiros e todos os seus problemas serão esquecidos ou jogados debaixo do tapete. Isso acontece em 11 de 10 clubes de futebol, e conosco não será diferente.

O sujeito quando tira o carro da garagem pode até não gostar da cor, do aspecto e fazer cara feia para seu desempenho. Mas basta o bicho ser econômico e não lhe deixar na mão que ele até o beija e pede pra chamar de seu. É assim que as coisas funcionam. Entendes?

Enquanto isso, o volume debaixo do tapete só cresce.


* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra

4 Comentários:

Paulo disse...

Brito, qual o livro que tem esta teoria de bipolidade?

André Tarnowsky Filho disse...

Damian,

Pode ser o "Transtorno Bipolar" da Coleção Teoria e Clínica, de Flávio Kapczinski e João Quevedo...

Anônimo disse...

Acho que isso que o Aguiar fala não tem nada de bipolar, mas apenas é uma questão de psicologia elementar.
Se o seu time está mal, o torcedor sente frustração, desprazer, revolta, então critica, reclama, vaia. Se o seu time se recupera, conquistando vitórias, o torcedor esquece tudo e sente-se bem, então elogia, aplaude, comparece.
Trata-se de psicologia conhecida, antiga e acho que normal e imutável no mundo do futebol. E faz sentido, até prova em contrário. O torcedor sempre há de reagir ao momento presente.
Talvez para não ser bipolar, sob a ótica do Aguiar, o torcedor azurra tenha que vaiar vitórias e aplaudir derrotas. Vai ser um pouco difícil, Aguiar, hehe.
Roberto Costa

André Tarnowsky Filho disse...

Roberto Costa,

Belo raciocínio!

Não tenho dúvidas de que será muito difícil...

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