domingo, 5 de julho de 2015

Futebol de gente grande, by Alexandre C. Aguiar

Não vou lamentar o empate com o até agora líder do campeonato. Se ainda não vencemos com autoridade em nosso campo, também vejo virtudes nesse time que jogou no domingo pela manhã. Assistimos a um futebol de time grande jogado por duas boas equipes. Por outro lado, ainda sofremos reveses por não termos tradição no cenário nacional. A se considerar que somos o patinho feio da competição, enfiados na festa dos cisnes, é bom ir se preparando porque estas fortes emoções serão assim até o final.

O técnico Gilson Kleina errou nas duas últimas partidas e, por isso, a bola nos puniu. Também é bom dizer que o time cometeu sua cota de erros, o que o credencia ao troféu de superação ilimitada. Assim, o que se esperava neste jogo contra o Sport era muita marcação e pouco futebol. Teríamos que jogar fechados e disputando uma bola apenas para o gol. Seria o jogo do meio a zero valendo três pontos, com o gol na bacia das almas. Era este o prognóstico.

Entretanto, não foi isso o que se viu. Desta vez o técnico acertou e dispôs o time como se queria, com uma meia cancha rápida e bem articulada, sem precisar que um único jogador assumisse a condução do jogo. Até os escanteios foram bem cobrados, coisa que se tornou rara nestes lados dos Carianos.

O time entrou determinado, fazendo boas passagens pelas laterais, marcando a saída de bola adversária, tocando a bola com qualidade no meio de campo e indo ao ataque com algum perigo. Além disso, o jogador Renan jogou adiantado, quase como um camisa dez armando jogadas e o que se viu foi um futebol de encher os olhos. Abra-se um parênteses para este guri. Que espetáculo! Que jogadorzaço! Com calma, sabedoria e experiência, mesmo com apenas 17 anos e sem nem mesmo ter carteira de motorista, ele acabou com a marcação do Sport e ainda foi premiado com um gol. Também é preciso dizer que a movimentação que o Tinga deu ao meio, com saída de bola no chão, ao invés dos chutões salvadores, manteve o time impondo um futebol agressivo ao adversário. Assim como Eduardo Neto, fazendo uma partida regular e mandando muito na marcação.

O Avaí ainda contou com a garra, a velocidade e a ótima postura em campo de Nino Paraíba, sendo um dos destaques do time. E tem-se que exaltar a disposição do atacante William, que mesmo visivelmente fora de forma, deu mais gás e foi mais incisivo que seu colega de ataque, o André Lima.

Mas, como nem tudo foi um jardim de rosas, ainda continuamos cometendo erros bisonhos. O goleiro Wagner saiu mal do gol, trombou com os zagueiros e permitiu que o Sport abrisse o placar. Falha clamorosa para um goleiro que ainda quer se firmar no futebol. A cartilha do futebol execra goleiros que fazem este tipo de jogada, é bom dizerem isso a ele. E a segunda toupeirada foi o erro do bom zagueiro Jubal, o estreante. Não, não foi o pênalti, mas a não aliviada da bola quando a tinha dominada, o que permitiu que o atacante simulasse a jogada e possibilitasse o empate do time adversário.

Ah, sim, o leitor quer que eu fale do juiz. Bom, o que ele tem na cabeça a gente costuma tirar de um potinho e investigar parasitas num laboratório. Juiz encomendado, evidentemente. Vai sofrer uma punição da CBF e talvez não apite mais este ano. Fracassado na carreira e ponto final.

Creio que o futebol só irá melhorar em espetáculo, em atração para mulheres e crianças, o nicho a ser explorado neste bom horário das 11 horas da manhã, quando se tirar a autoridade dada aos apitadores. Nenhum ser humano, em qualquer instituição do mundo, mesmo os governantes mais autoritários e os ditadores mais cascudos, possuem tanta autoridade e tanta capacidade de decidir sobre a vida dos outros e suas profissões, como tem um árbitro de futebol. Estas criaturas devem existir apenas para exercer a sua capacidade de orientar o andamento de uma partida e fazer valer as regras do esporte. Nada mais que isso.

O que se viu nesta manhã de domingo foi abominável. Quando até crianças menores, que pouco entendem da maldade humana, xingam um infeliz deste tipo, é porque algo está muito errado na carreira de arbitragem.

Segue o baile, pois temos mais rodadas pela frente. Esta já passou.

* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra

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