QUE PREVALEÇA A RAZÃO, by Roberto Costa

Felizmente, parece que arrefecem as idéias de conceder à Chapecoense imunidade por três anos, contra a queda para a segunda divisão. Não estou certo, mas parece que a ideia vingou a partir de grandes clubes brasileiros.

Muito fácil, para esses clubes, cuja imunidade contra a queda para a série B é mais forte, por força de seus poderios financeiros, fazer a cortesia em cima do prejuízo alheio. 

Se adotada a ideia, o quinto colocado, normalmente um time pequeno, será punido sem culpa alguma, amargando um financiamento dez vezes menor que os 30 milhões da primeira divisão, caso a Chape fique entre os quatro últimos. Espécie de roleta russa e baita punição sobre o couro de quem não merece, de quem não delinquiu.

Por que não sugerem, os grandes clubes, conceder a sexta colocação, por três anos à Chape, com direito a participar da Libertadores? Faria mais sentido, seria mais nobre.

A boa intenção é muito fácil de ser identificada, ajudar a Chape, vítima da tragédia. Ideia precipitada, concebida no calor da comoção. Mas a má intenção, destinada a punir sem razão o quinto colocado, não encontra justificativa razoável, por mais que se procure. É despir um santo para cobrir o outro, e, pior, é virada de mesa, previamente legalizada.

Milton Mendes, comentarista esportivo da Rede Bandeirantes, esta semana mostrou-se contrário à ideia, finalizando seu comentário dizendo acreditar "que a própria Chape mostrará grandeza não aceitando tal proposta."

Esperemos que o bom senso prevaleça e não seja plantada esta semente da discórdia, com possibilidades de conturbar os próximos campeonatos e de gerar novos e espúrios intervencionismos, com recursos à justiça comum. A comoção já se dissipa, esperemos que prevaleça a razão.

* Roberto Costa é associado do Avaí FC