terça-feira, 4 de abril de 2017

O ARROZINHO DE TODO DIA, by Alexandre C. Aguiar

No que se refere a time brigador, raçudo, que joga até os últimos instantes, sim, este time do Avaí dá de 10 a 0 naqueles que desistem antes do apito final. Repete outros tantos que, ao longo da história, fundaram uma espécie de confraria dos fortes nos domínios do Leão da Ilha, como times que sujam o calção e suam a camisa e seus torcedores lotam clínicas de cardiologia. Isso não se nega. A propósito, a velha frase “jogou mal, mas venceu” é entoada como um hino glorioso pela torcida, como forma de expurgar suas agruras.
Mas, parece que é só isso.
Pois é! Já vi muitos times do Avaí, muitos mesmo, que jogavam neste estilo. É fantástico quando assumem as nossas tradições e se impõem nos campeonatos. Causam o dissabor nos adversários de nunca desistir, de jogar pela última bola, de usar todo o seu esforço em busca de um resultado. Dignificam nossas tradições e valorizam as glórias e as conquistas.
Porém, um time de futebol que dependa apenas do esforço físico, da dedicação e dos suores, sem uma técnica que o acompanhe, sem um futebol mais vistoso, vai até a metade. Conquista um bom pedaço do campeonato, injeta a famosa gordura, que até pode fazê-lo vitorioso, contando também com uma boa dose de sorte, mas por ser limitado não gera confiança. Ou perde na fase mais importante, além de oscilar nos campeonatos importantes.
O valor dado ao time mais fraco, mas esforçado, é imenso. A satisfação de vê-lo levantado uma taça, vencendo jogos encardidos, ultrapassando fases é sem comparação. A história é duplamente valorizada por um time assim. Todavia, dessa forma, jamais poderá cochilar. Que nunca pense em querer jogar com soberba e arrogância.
Times assim só tem um caminho: vencer. Sempre. Porque, se começarem a fracassar, a antes generosidade da torcida para com os raçudos se tornará uma amarga descarga de impropérios, malquereres e inconformismos, para dizer o mínimo.
Como já mencionei em outras postagens, que este time do Avaí não pense que é um timaço, um Barcelona abduzido. Jamais. O feijãozinho com arroz, com tempero dos fortes, já o qualifica como candidato ao título. É o que basta.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra

12 Comentários:

Fernando Avaiano disse...

Eu sempre disse: A torcida tem que ter paciência, não pode fazer o jogo da imprensa alvinegra. Por ai dizem: O Avaí não tem time, os jogadores são ruins, fracos,etc e tal. Mais a verdade é que se fosse assim não chegaria em 2º lugar na Série B na frente de muito cobra criada. Fora que chegou na frente de todos os outros em SC no 1º turno, inclusive dos coitadinhos. Um adendo, a gente sente o que aconteceu com o time da Chape, mais a vida continua e o futebol também. Em relação ao Avai FC, claro que o time é raçudo e esforçado, mais tem bons valores também. Perdemos nosso goleiro titular, um bom zagueiro e o Renato, mais ganhamos o Denilson, o Junior dutra, o Leandro Silva, e vai chegar muito mais gente boa até o início do brasileirão. Temos que ter os pés no chão, mais dá pra chegar longe, é ter fé.

Alexandre Carlos Aguiar disse...

A questão é que só ter fé não basta, não chega. Essa conversa de nossa Senhora da Ressacada é alento para fracassados, mas não para o futebol profissional. Há muito tempo que deixamos de ser amadores. O Avaí não é o Canto do Rio, não é Avante, onde se pode comemorar campeonatos apoteóticos. Isso acabou e é hora de virar essa página, de se contentar com pouco.
- Mas não tem dinheiro.
Arruma, porra. Quem é que no futebol brasileiro tem dinheiro?
Enquanto o Avaí ficar nessa de "faz coza", "vamos ter raça", "vamo, vamo, Avaí", provavelmente será mais um ano tomando porrada na série A e se contentando com vices campeonatos no estadual.
- Ah, mas o time é esforçado!
Pois é.

Victor de Carvalho disse...

Boa tarde.

Achei o texto muito bom, só tenho um contraponto a fazer quando num trecho do mesmo é disposto:

"Porém, um time de futebol que dependa apenas do esforço físico, da dedicação e dos suores, sem uma técnica que o acompanhe, sem um futebol mais vistoso, vai até a metade."

Não acho esse time, que é sim de muito mais transpiração, que inspiração vá somente até a metade, pois, haja visto que na Serie B passada esse mesmo time de pura transpiração em 17 jogos sob o comando do Claudinei chegou ao tão desejado acesso a Séria A.

Que fique aqui registrado que é apenas um contraponto ao trecho disposto, que não é, nem nunca foi e será meu sonho, ver o time do Avaí vivendo de transpiração, óbvio que quero jogadores de nível técnico elevado e que além de técnica apurada sejam comprometidos com o Clube, com futebol, porém se não é possível nesse momento, não vou eu somente criticar, mas sim enaltecer o que esses jogadores (alguns "muitos" de nível técnico de veras duvidoso) vem fazendo.

Grande Abraço!

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Vitor, o teu contraponto está certíssimo. Ressalto, contudo, que não estou fazendo crítica a isso, ao empenho, à força, à garra deste time. Eu percebo é que estamos há muito tempo enfatizando isso.
Sim, o time venceu, foi bravo e valente. Mas já passamos por essa fase. Estou querendo ver o Avaí, como clube, como instituição e como time dentro de campo, avançar nesse patamar.

Anônimo disse...

Boa Aguiar!

Me metendo na tua resposta ao Vitor, acho que o problema é a forma cíclica que acontecem as coisas no futebol. Fim do ano desmonta-se o time e começa do zero (as vezes no meio do ano e mais de uma vez).

Hoje temos o time que transpira e joga com força e garra, o treinador está tendo uma sequência no trabalho, fica mais fácil trazer jogadores pontuais que tragam esse "algo a mais". Dutra, Denílson (por um tempo) e Leandro Silva já são melhores do que tínhamos, claro que precisamos de mais, acho que é a sequência natural.

Ah, manter as contas em dia é muito importante pra isso.

André Tarnowsky Filho disse...

Aguiar,

Estás coberto de razão.
Aliás, a direção, entenda-se Battistotti, tem caprichado para errar em coisas básicas...

André Tarnowsky Filho disse...

Victor Carvalho,

Sim, não posso discordar de ti numa colocação tão bem feita, mas concordas, que agora, passados quase 20 dias dos comentários, estamos perdendo a mão por absoluta vaidade de alguns...

André Tarnowsky Filho disse...

Aguiar,

Claro, de nada adianta marcarmos passo, mas parece que a direção ainda não entendeu isso...

André Tarnowsky Filho disse...

Daniel Salles,

Além de contratações pontuais, precisamos de uma diretoria com "aquilo roxo", para acabar com os caprichos de alguns coçadores de saco...

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