terça-feira, 4 de abril de 2017

RESPONSABILIDADE FINANCEIRA, by Gustavo F. Niehues

O ano de 2017 pode ser crucial para o futuro do Avaí.

Tal afirmação, pode levar você torcedor, a imaginar que estou falando da permanência na série A. Não necessariamente.

Mais importante do que o que vai acontecer dentro das 4 linhas, será a postura e as decisões tomadas por aqueles que comandam o clube.

Vamos por partes.

Separamos as previsões orçamentárias de cada clube da serie A, 17 delas oficialmente aprovadas por seus respectivos conselhos deliberativos, segue:

PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA 2017:

OBS: os dados foram arredondados para “5” ou “0” na casa decimal.

Flamengo  -  435 M   
Palmeiras  -  430 M
São Paulo  -  340 M
Atlético-MG  -  330 M    
Santos  -  320 M
Corinthians  -  280 M
Cruzeiro*  -  275 M (não divulgou, mas é por volta de 300)
Grêmio  -  270 M
Vasco  -  260 M   
Botafogo  -  190 M
Fluminense  -  190 M
Atlético-PR*  -  175 M (não divulgou, mas é por volta de 200)
Sport  -  115 M 
Coritiba*  -  100M  (não divulgou mas é por volta de 100)
Bahia  -  100 M  
Vitória  -  85 M
Chapecoense  -  80 M
Ponte Preta  -  55 M
Avaí  -  46 M
Atlético-GO  -  40 M

*foi levado em consideração receita brutas e/ou previsões orçamentarias dos últimos anos.

Os valores orçamentários descritos nesta tabela não irá necessariamente ditar a classificação final do campeonato. Longe disso. Mesmo porque, nem tudo que está aí vai pra montagem do elenco.

Ano passado, o Internacional caiu pra serie B, com um orçamento gigantesco, muito em função de uma serie de erros cometidos ao longo dos últimos anos em seu departamento de futebol.

Em contra partida, a Ponte Preta e a Chape, com mais ou menos 40 milhões cada, fizeram boas campanhas e permaneceram.

Dito isso, o pessimista vai lhe lembrar que se analisarmos os números do quadro acima e as circunstâncias que cercam esta temporada, o Avaí está diante de um desafio ainda maior do que os de Ponte ou Chape, em 2016.

O desafio da permanência este ano é muito difícil realmente, mas não impossível, também existem motivos para otimismo:

- Manutenção da base que conquistou o acesso

O time perdeu o Renan (goleiro), Fabio Sanches (zagueiro) e Renato (atacante). Mas conseguiu manter o restante do grupo que conseguiu o acesso.

Esse esforço já nos rendeu uma final de estadual, e se tudo der certo será um dos fatores que nos permitirá a manutenção na serie A.

- Mesmo esquema tático desde o ano passado

Com a diferença gritante de previsão orçamentaria já demonstrada, seria um erro, querer montar um elenco com jogadores com características para propor jogo.

Nosso time não vai propor jogo na serie A.

Não vai ter mais posse de bola na partida.

É financeiramente impossível ter mais qualidade técnica que o adversário.

Portanto, temos que contar com um elenco e um esquema que seja consistente defensivamente, e com saída para o contra ataque veloz quando a bola for recuperada.

Atacantes que tenham obediência tática e ajudem na marcação, assim como, tenham condição física invejável para que lhes reste o fôlego de chegar com força e velocidade ao ataque.

Essa já era nossa característica ano passado no acesso, e permanece sendo, no catarinense.

- O clima dentro do vestiário

No futebol, ou em qualquer outro esporte coletivo, é sempre benéfico ter um grupo de atletas com bom relacionamento entre si. O nosso vestiário além disso, tem o privilégio de ter atletas que tem a virtude da liderança nas veias.

- A força da torcida do Avaí e a mística “Esse Avaí Faz coisax” 

Se este time der liga na serie A, e faltar só aquele empurrão pra permanecer, esteja certo que a torcida estará lá. Já vimos este filme!

- Novas contratações

O clube trará mais uma leva de contratações especificamente para jogar a serie A.

Acertar muito mais do que errar, nessa fase, será fundamental.

O futebol não é uma ciência exata. É só ver os dois atacantes que o coco irmão investe 1/3 de sua folha de pagamento desde Janeiro. Portanto, teremos que ter sorte e competência na última rodada de contratações.

Otimistas e pessimistas podem explorar o copo pela metade como bem quiserem, mas a realidade não se altera, apenas a percepção.

A realidade é que somos o candidato número 1, junto com Atlético-GO, ao rebaixamento.

Se considerarmos apenas o “custo da folha de pagamento com o futebol”, dentre as 20 equipes que participaram da serie B ano passado, o fato foi que o Avaí entrou no campeonato para brigar apenas para permanecer.

É “chover no molhado” dizer que passamos por dificuldades financeiras nos últimos anos. Mas muitos torcedores não sabem o tamanho do buraco.

Com o orçamento disponível pra fazer futebol comprometido pelo parcelamento das dividas trabalhistas, financeiramente falando, o clube estava fadado a permanecer na serie B ao menos por mais 4 temporadas.

Claudinei, Evando e toda a comissão técnica, juntamente com aquele grupo de jogadores do ano passado, com ajuda do peso e a força de nossa camisa e torcida, operaram um verdadeiro milagre, digno de “Esse Avaí faz coisax!”.

O acesso do ano passado não estava nas previsões, e pode representar uma chance de acelerar esse processo de recuperação financeira do clube que deveria durar ao menos 4 anos.

MAS, pra isso, temos que chegar em DEZEMBRO' 2017, em uma situação financeira bem melhor que estávamos em DEZEMBRO' 2016, e não o contrário.

Qual a vantagem de subir pra serie A, se você volta pra B com mais dividas do que tinha antes de subir?

Temos que ter responsabilidade financeira, aproveitar o aumento da receita pra quitar dividas trabalhistas, investir na infraestrutura do clube, investir na base e etc.

Paralelamente a isso, logicamente, lutaremos com todas as forças dentro do limite de nossas finanças, para evitar o rebaixamento.

Mas temos de nos assegurar que a jornada da serie A em 2017, independente do resultado final dentro das 4 linhas, traga frutos positivos para o futuro do clube.

Até aqui, a diretoria vem fazendo o que prometeu, um time enxuto, salários em dia.

Mas o verdadeiro teste vai vir com a pressão por desempenho na serie A, o segundo semestre de 2017 será o momento que irá definir a gestão de Francisco Battistotti.

A OPORTUNIDADE já foi conquistada, a receita recorde já está na mão.

Se vai jogar a serie A em 2018, será decidido nas quatro linhas.

Mas a condição financeira em que o clube estará em DEZEMBRO' de 2017 deve OBRIGATORIAMENTE ser melhor do que a de DEZEMBRO' 2016.

Veja bem, os números mostram que a missão da permanência é muito difícil. Mesmo assim, tenho confiança de que podemos aprontar, por tudo que já foi exposto.

MAS, o que não precisamos nessa batalha, é de mais um piloto KAMIKAZE.

O Avaí não acaba em 2017. Independente do que aconteça na Serie A! Responsabilidade Financeira!

Esta deve ser a medida da régua que vai julgar o sucesso da gestão do Battistotti.

*  Gustavo Fernandes Niehues é associado do Avaí, atualmente residindo em Seattle, Estados Unidos,onde aparece na foto com sua filha Bárbara.

29 Comentários:

Adrian Gonçalves disse...

Grande texto amigo(pois pra mim todos que nutrem a mesma paixão que eu AVAI é meu amigo) parabéns já está meu candidato a substituir Battistoti nas próximas eleições.
Obs: trás um pouco dá administração esportiva dos EUA para o AVAI!

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Boa análise, mas se me permitir tenho que discordar, exatamente pelo cerne da sua exposição, que é o velho mantra de "não fazer aventuras".
Bom, quem deseja um lugar ao sol tem que fazer aventuras. Tenho visto que o outro mantra cantado e decantado todo ano é o "vamos lá para participar". Errado.
Times de futebol que querem chegar a algum lugar tem que botar pressão, tem que ter ousadia, tem que fazer o diferente, acabar o lugar-comum de se esconder para que ninguém nos veja.
Não é verdade? O Avaí entra na série A com medo, joga recuado e só sai na boa. Joga por um gol.
"Quem sabe eles cochilem e a gente consiga um empate. Pô, tá bom demais."
Então a gente faz um time de jogadores baratos, gastando apenas o troco do ônibus e vamoquevamo. Mais um erro, velho erro. Tem que fazer aventuras, tem que desejar algo a mais.
Time barato, time limitado, time de jogadores sem qualidade gasta mais com DM do que outros. Ora, os caras têm que jogar muito mais, se esforçar muito mais, buscar mais garra e raça do que outros, porque não sabem os atalhos, os caminhos da qualidade. Então, dê-lhe músculos, que se contundem.
Claro que no futebol modernos os músculos fazem muita diferença, são imprescindíveis, mas são os caras que jogam para aquele que tem técnica, os carregadores de piano.
O Avaí precisa de um bom meia, um bom zagueiro e um bom atacante. Bons! Caras que decidam mesmo, jogar como referência. Aí, sim, gastando o dinheiro dessa forma, é possível que a gente almeje vôos melhores.
Ousadia, meu velho, ousadia, é que falta nesses caras que comandam.

Juliano - João Paulo disse...

Desculpa discordar, amigo, e vou exemplificar: em 2009, Avaí sexto colocado no Brasileirão, fechou o ano com a baita receita, vários jogadores negociados. O que aconteceu em 2010 e 2011? Por quê o Internacional caiu ano passado? Por quê toda hora clube grande cai? Porquê tão importante quanto ter dinheiro, é saber usa-lo!! Senao, não adianta!! Não existe mais a disparidade técnica elevada... Veja bem os elencos dos grandes times , cheio de jogadores que passaram por aqui!!

Fernando TS disse...

Texto excelente. Informações interessantes!

ABS

Fernando TS

Adenilson disse...

Disparada a melhor análise/texto/post/projeção do Avaí que li. Parabéns, Gustavo!

Adenilson

Roberto disse...

Algum olho clínico também é muito importante, em 2009 ninguém conhecia Léo Gago, Ferdinando, o zagueiro Augusto, três ilustres desconhecidos e deram consistência ao nosso setor defensivo.
Não podemos é cometer o erro de entrar na competição sem um goleiro realmente confiável, competente, se quisermos jogar a série A de 2018. Vagner falhava o tempo todo e ninguém se tocou, jogou o campeonato inteiro e nos jogou na série B.
Aqui mesmo no Estado temos visto bons jogadores. - RC

Fernando Avaiano disse...

Eu concordo que tem que haver responsabilidade financeira, as contratações tem que ser pontuais e com mínimo de erros como aconteceu no caso do Marcelinho da meia cancha. Mais por outro lado, dormir em berço esplêndido também não adianta. Afinal, descer pra Série B significa perda significativa de receita, por isso o Leão deve batalhar pra ficar na Série A e quem sabe uma Sulamericana. Diversificar a forma de arrecadação é necessária. A previsão pra meados de 2018 é que a Transavaiana esteja pronta, o que vai aumentar muito o fluxo de público. Pra tudo, pra trazer o público é preciso de um time comprometido e com um mínimo de qualidade. Não se tira leite de pedra.

Anônimo disse...

Eu concordo com meu amigao Gustavo! E quero dizer que no Brasil estamos todos com saudades! Abraços

Carlos avaiano disse...

A chape chegou onde chegou com pensamento de grande não fez grandes aventuras mas faz administração transparente e competente com profissionais específicos em cada área sem cabides ou puxa sacos, sem ex jogador ou com histórico de contusão.

Adenilson disse...

A Chape é o exemplo típico do post. Não gastou mais do que arrecadou, com isso pagava em dia. Contou também com sorte em algumas contratações (Rangel era banco no joinville e desembestou a fazer gol lá). Acertou mais do que errou em contratações, assim como foi o Avai de 2009. Mas não esqueçamos que esta mesma Chape tomada como exemplo teve que "comprar" uma vaga na série A do catarinense em 2001, pois caiu em 2010.
Não é uma ciência exata em que se coloca as variáveis e se obtém o resultado, como mencionado no post.

Carlos avaiano disse...

Sim o retorno da chape da B para A do Catarinense foi indecente, mas pegou a chance que recebeu e está aí levando e honrando o nome da cidade do estado e país, enquanto os dois da capital com idade para serem avós da chape, não aproveitam os acessos para a elite que as vezes lhes caem no colo e vivem dando vexames com sobe e desce e disputando a zona da degola a maior parte do campeonato, enquanto nos apegamos a uma estrela nacional, legal é claro conquistada dentro do campo, a chape conquistou muito mais que uma
estrela, uma participação honrosa na sul americana chegando a grande final, e vem dando de relho nos vovos de Sc, dentro e fora dos gramados, só não enxerga quem está cego pela rivalidade.
Queria uma administração assim no meu avai.

André Tarnowsky Filho disse...

Adrian Gonçalves,

Sem dúvida, uma ótima opção, e como se percebe, sem aquele joguinho tradicional da atual política no clube.

André Tarnowsky Filho disse...

Juliano do João Paulo,

Sim, concordo contigo também e vocês dois não estão errados.
Porém, no nosso caso de 2010 e 2011, foi público e notório a desavença entre o clube (Zunino) e o parceiro (LA Sports), que acabou levando seus jogadores para outros clubes.
E tua colocação é perfeita: tão importante quanto ter dinheiro, é saber usá-lo!

André Tarnowsky Filho disse...

RC,

Essa tua colocação é fundamental para a vida do clube: alguém que saiba olhar para os que estão sendo contratados!
Mas pelo visto no Sul da Ilha, estamos na maré das indicações...

André Tarnowsky Filho disse...

Antônio Bernardes,

Sim, essa diversificação de arrecadação também é interessante, mas hoje não conseguimos nem mesmo apresentar aos associados o que chamam de "Clube de Benefícios"...
Além disso, não tenho dúvidas de que com o novo acesso ao AIHL teremos mais facilidades e comodidades para estar na Ressacada...

André Tarnowsky Filho disse...

Fernando Bornhausen,

Sim, o Gustavo é uma ótima cabeça, que poderia perfeitamente estar junto do clube.

Abraço!

André Tarnowsky Filho disse...

Aguiar,

Concordo com todas as colocações feitas pelo Gustavo, mas tua estás absolutamente certo na medida em que contrarias.
Aliás, o Avaí precisa parar de gastar mal seu dinheiro, e quando o fizer, que o faça com intuito de receber muito mais em troca, a tal ousadia.

André Tarnowsky Filho disse...

Carlos Avaiano,

Apenas faço uma observação: Palaoro esteve no Sul da Ilha aprendendo com Zunino.
Nosso azar foi o saudoso presidente ter se assessorado muito mal...

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