terça-feira, 9 de maio de 2017

COM EMOÇÃO, MAS SEM AVENTURAS, by Alexandre C. Aguiar

E a Chapecoense foi campeã. Não errei meu prognóstico, queria muito queimar a língua, mas deu a lógica. Com méritos ou não, com força da mídia ou não, com a ajuda da arbitragem, sim, a Chapecoense levou.
Reclamei aqui, por diversas vezes, que o Avaí, por não ter investido e achado que tinha um time competitivo, não teria forças para chegar. Sim, jogou a final e méritos por isso, mas eu quero é título. Desculpa se isso incomoda aos babões de ocasião que pensam pequeno, mas eu não me contento com jogar para participar. Aliás, curioso que quem defende esta lógica, torcia para o Avaí ser campeão. Se contenta com pouco, mas quer ser campeão? Não entendi.
Como também não entendi a entrada de parte da torcida do Avaí no coitadismo direcionado à Chapecoense. Já disse em outra oportunidade que parece ciúme ou inveja. Passaram atestado de o Avaí precisar do tal contra tudo e contra todos. A mistura de situações, como se o Avaí fosse jogar contra o time que desapareceu naquele acidente, chegou à beira do ridículo. Foi criado um clima e caíram como patinhos. Tansos!
O Avaí precisava mostrar, sim, o que ele é, um gigante no futebol catarinense, sem se importar com as vizinhanças. E foi o que fez. Mostrou, em razão disso, que é um time de muita força física, que joga num esquema retranqueiro, todavia apostando em contra-ataques fulminantes, rasga calções e camisa para tentar uma jogada, porém peca achando que um jogador em fim de carreira poderia decidir. Sempre ouvi e li um “quem sabe” para justificar Marquinhos em campo e todos sabemos, quem acompanha futebol, que apostas são riscos. Deu nisso.
Na verdade, parabéns ao grande e eminente presidente avaiano, a última bolacha do pacote e que não faz aventuras, por termos perdido o título quando o Avaí mais precisava de um time. Perdemos o título exatamente no segundo turno, quando foi decidido levar assim mesmo para ver se ia dar certo. Perdemos o título por esta velha e batida fórmula de jogar com o que tem. E quem não ousa ou não investe não chega, pode ser em qualquer lugar da vida, muito mais ainda num negócio altamente competitivo como é o futebol.
Méritos para os jogadores. Mostraram ser capazes, embora limitados. Mostraram a garra avaiana, ainda que seja pouco para ganhar campeonatos. Foram dignos, lutaram, suaram e se esforçaram, não deixando a desejar. Mesmo Marquinhos, de quem sou crítico, que ainda não entendeu que deu, que acabou, que as chuteiras já estão pesadas e os joelhos travados, ainda assim fez o que foi possível e fracassou porque não tem mais condições.
O Avaí, agora, vai para a disputa do Brasileirão como sério candidato ao rebaixamento. Não me iludo pensando ao contrário. Vai ter que lutar muito, suar muito, se esforçar muito e se dedicar como nunca se quiser se manter por mais um ano neste difícil campeonato. A falta de ousadia e gestão de clube feita pelos homens da loja, como se fosse empresa, não gastar para não ficar no vermelho, será cruel para com a torcida, mais uma vez.
O balanço do Avaí no 1o. semestre é um fracasso na Primeira Liga, um fracasso na Copa do Brasil e o vice campeonato estadual. Ah, mas estamos na Série A, porque o importante é não fazer aventuras.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí e proprietário do blog Força Azurra

3 Comentários:

GeorgeAB disse...

Perfeito! Lastimável começarmos o campeonato Brasileiro com estes mesmos que provaram até terem vontade, mas pouca qualidade, bem pouca!

Adenilson disse...

Permita-me tecer alguns comentários:
- Não existe nada mais "em cima do muro" do que está história de "vai perder, mas quero queimar minha língua". Não vai errar nunca.
- Ganhamos o 1o turno com "um pé nas costas". Tinha que sair contratando ali? De onde, no meio dos campeonatos?
- Você diz o que o Avaí não teria forças para chegar. Chegou, sim, a final. E por detalhes não foi campeão. Não dá pra entrar nessa de que, só por que não foi campeão, tá tudo errado.
- Com certeza, 99% da torcida do Avaí, e não uma parte, não aguenta mais essa coisa de "coitadinha da Chapecoense".
- O presidente está certo, sim, em não fazer aventuras. Se você mesmo fala que apostas são riscos, por que apostar gastar o que não tem pra correr o risco de ganhar, ou perder.
- E quem não ousa ou não investe não chega? Há uns dias atrás foi postado um texto muito bom, na minha opinião, que falava sobre isso. Futebol não é uma ciência exata onde a classificação final está diretamente relacionada ao investimento. Novo Hamburgo em RS, Ponte Preta, Salgueiro em PE, são alguns exemplos. Avaí na série B em 2016, que não estava entre os 4 em investimento, mas, terminou entre eles.
- Nosso Junior Dutra fez mais gols do que o Bill (artilheiro no ano passado). Fazer futebol, no que tange a montagem do time, é competência e sorte, e as duas em percentuais muito parecidos.
- Somos, sim, candidatos ao rebaixamento. O torcedor não se ilude. Mas o que você chama de falta de ousadia eu chamo do famoso "pé no chão". Ou você é a favor de dar calote em jogador, prometendo o que não pode pagar, só pra ele vir?
- Sobre o balanço, estamos na série A, e terminarmos o ano nela é muito mais importante do que a maioria destas competições que disputamos até agora. Se é se contentar com pouco, tudo bem, mas esta permanência pode ser o alicerce para o "mais" que queremos no futuro.

Adenilson

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Adenilson, discordo de tudo, mas valeu a tentativa.

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