segunda-feira, 17 de julho de 2017

Avaí, Campeão Catarinense de 1988, 29 anos do primeiro título na "Era Ressacada"

O Campeonato Catarinense de 1988 contou com a participação de 12 equipes: Avaí, Blumenau, Joinville, Criciúma, Figueirense, Próspera, Internacional, Brusque, Hercílio Luz, Chapecoense, Marcílio Dias e Ferroviário. Encerrando um jejum de 13 anos, o Avaí foi campeão estadual, deixando o Blumenau com o vice-campeonato.

A partida decisiva aconteceu na Ressacada, no dia 17 de julho de 1988. O Avaí venceu por 2 a 1, gols de Marcos Severo e Adilson Heleno, com Itamar descontando para o Blumenau. Naquele Estadual, o Avaí disputou 34 jogos, venceu 18, empatou nove e perdeu sete. O campeonato foi o primeiro título conquistado na Era Ressacada e teve o maior público da história do Avaí como mandante e também da história do estádio.

Campeão de 1988
Final do Campeonato Catarinense de 1988. Primeira decisão de Estadual da Era Ressacada. Estádio completamente lotado, recorde de público a superlotar o estádio, cujas arquibancadas de cimento tremiam feito vara de marmelo. Foi um jogo nervoso. O Blumenau precisava da vitória para ficar em vantagem na última rodada do hexagonal, mas foi flagrante o domínio do Avaí, que começou com mais disposição no primeiro tempo.

O lado direito era o mais explorado, com Adilson Gomes e Netinho deitando e rolando sem marcação. Logo aos quatro minutos Adilson Heleno cobrou falta e Valter largou. Elísio cruzou e Flávio Roberto recebeu do outro lado, matou a bola com categoria, levantou-a e, no bico da grande área, encoberto por três zagueiros adversários, armou uma bicicleta clássica, perfeita como aquelas de comercial de TV. A bola foi morrer dentro do gol de Valter, que, surpreendido pela beleza do lance, nada pôde fazer. O árbitro Antônio Rogério Osório, no entanto, imediatamente acabou com a magia. Soprou o apito e anulou o gol, alegando "jogada perigosa".

Dois minutos depois, Marcos Severo marcou o primeiro gol, após Adilson Heleno cobrar escanteio e o centroavante aparecer na pequena área. Com a vantagem, o Avaí recuou e o BEC passou a oferecer mais perigo. Oferecia, também, o contra-ataque. E, aos 36 minutos, Adilson Gomes foi derrubado na área e Adilson Heleno fez o segundo, batendo a penalidade.

A torcida gritava "é campeão" e a confusão começou. O goleiro Valter partiu para cima de Adilson Gomes e foi o suficiente para armar o sururu. O banco do BEC invadiu o gramado. O técnico Vail Mota, irritado, chegava a pedir que seu time saísse de campo. Paralisação de quatro minutos e Osório levou a partida até 51 do primeiro tempo. Nesses acréscimos, o BEC marcou seu gol, com Itamar. Imediatamente após o gol, o árbitro acabou o primeiro tempo. Foi a vez do presidente avaiano, Nilson Fidélis, entrar em campo para reclamar dos acréscimos dado pelo juiz.

Em meio a esse clima tenso, o segundo tempo foi mais fraco tecnicamente. O Avaí entrou em campo disposto apenas a garantir o resultado e o BEC partiu para cima. Nervosas, ambas as equipes erraram muitos passes. Antônio Rogério Osório simplesmente não queria acabar o jogo. No entanto, aos 48 minutos do segundo tempo, foi obrigado a encerrar a partida, pela pressão da torcida avaiana, pronta para invadir o gramado, arrancar camisas, shorts, meiões, chuteiras, um pedaço da rede ou um punhado de grama, qualquer coisa que lembrasse um dos dias mais especiais da história da Ressacada.

Quando receberam o troféu, os jogadores avaianos foram surpreendidos pelo seu peso, já que havia um grande bloco de mármore em sua base. A solução foi dar a volta olímpica  apenas com o boneco de bronze que ficava sobre a base, pesada demais para os ombros cansados dos heróis do título.

17/7/1988 - domingo 

AVAÍ 2 - Fossati; Netinho, Maurício, Sérgio Márcio e JJ Rodriguez; Belmonte, Flávio Roberto e Adilson Heleno; Adilson Gomes, Marcos Severo (Mendonça) e Elísio. Técnico: Sérgio Lopes
 

BLUMENAU 1 - Valter; Sidnei, Rogério Gaúcho, Colonetti e Almir; Alaércio, Treze (Assis) e Cesar Paulista; Itamar, Chicão e Osmair. Técnico: Vail Mota

Gols: Marcos Severo (A), aos 8', Adilson Heleno (A), aos 36, Itamar (B), aos 51' do 1°T. 
Árbitro: Antônio Rogério Osório (SC), auxiliado por Leopoldo Paganelli Filho e José Testoni.

Cartão vermelho: Sérgio Márcio (A) 
Estádio: Ressacada
Público: 25.735  
Renda: Cz$ 6.100.400


Fonte: O TIME DA RAÇA: Almanaque de 90 anos do Avaí Futebol Clube / Adalberto Jorge Klüser, Felipe Matos e Spyros Apóstolo Diamantaras - Blumenau : Nova Letra, 2014, p. 403-404/407-409.

4 Comentários:

Sergio Nativo disse...

André, esse com certeza foi um dos jogos mais inesquecíveis da Ressacada. Tempo que ainda havia "Costeirinha" e com sempre os árbitros como ocorre até agora parece que adoram nos sacanear (para não dizer coisa pior).
Hoje em dia, um lado direito com Adilson Gomes e Netinho, um meia no nível de Adilson Heleno, volantes como os que tínhamos e Marcos Severo lá na frente, tendo Fossati no gol (o maior goleiro que vi jogar no Avai), com certeza não estaríamos na posição que nos encontramos.
O golaço de Flávio Roberto também é outro lance que jamais esqueceremos pela plasticidade do lance e pelo absurdo do árbitro Antônio Rogério Osório em anula-lo alegando "jogada perigosa". Sorte que tínhamos atacante de área e minutos depois o raçudo Marcos Severo empatou e Adilson Heleno de pênalti liquidou o jogo.
Jogo com 51 no primeiro e mais 48 na segunda etapa, sem nada justificável para isso. Só se vê na Ressacada e quando o Avaí está em vantagem.
Para quem acha que hoje em dia só mandam árbitros mal intencionados para abitar na Ressacada, lembro: Isso não é desde os tempos das antigas.

Fernando Avaiano disse...

Me lembro desse jogo. Fui com meu pai, dizem que deu 26 mil pessoas, o maior público que vi torcendo pelo Leão. Saudades desse time.

André Tarnowsky Filho disse...

Serjão,

Assino contigo, principalmente sobre essa lamentável questão da arbitragem.
Foi um dia inesquecível, dos bons tempos onde se perdia um tempo enorme para chegar à Ressacada, assim como sair, mas a torcida nem reclamava...

André Tarnowsky Filho disse...

Antônio Bernandes,

Sim, segundo o livro, 25.735 torcedores.
Era um timaço!

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