sábado, 5 de agosto de 2017

A história recontada em prosa, verso e goleada, by Aguiar

Afinal, o que quer o Avaí Futebol Clube no campeonato brasileiro da Série A?
O discurso vazio, covarde e comum é jogar para não cair e é difundido pelos quatro cantos da Ressacada. A falação mostra-se sem consistência, obviamente, porque apresenta erros inventados e repete erros trazidos do passado. Porém, atenua-se tudo para ficar bacaninha e se busca uma verdade que cabe numa colher de chá.
Sejam dirigentes, jogadores e comissão técnica ou até por alguns torcedores, sabe-se que o Avaí decidiu não fazer aventuras e terminar as gestões maçônicas do Amado e do Amadinho sem dívidas. Eu até achei que o Avaí iria mudar de razão social e criar uma faculdade de Economia, tal o empenho em se repetir o mantra de não fazer dívidas e zerar as pendências financeiras. Do futebol jogado dentro das quatro linhas pouco se fala. A não ser, é claro, quando de uma boa vitória, porque aí os dirigentes correm serelepes em busca de dourados microfones que lhes queiram ouvir.
É preciso dizer uma coisa para estes dirigentes avaianos e para torcedores que acham que o mundo é cor de rosa: todos os clubes de futebol no mundo, eu disse TODOS, fazem dívidas. Os que mantêm a conta no vermelho são aqueles bobalhões que não sabem gastar, como tem sido o caso desta diretoria e de outras passadas. Querer mudar o buraco da roda agora é estupidez elevada ao cubo.
Eu penso que quem não quer fazer aventuras no âmbito do futebol (e até em outras áreas da vida) e quer fazer uma gestão enxuta para pagar suas dívidas deve começar pelo dever de casa dentro de casa. Deve dar exemplos e alimentar a esperança de que as coisas se resolverão, bastando o sacrifício de todos.
Ninguém tem a fórmula mágica para isto, mas é preciso ter bom senso. Ocorre que não se vê isto acontecer no Avaí. Quem quer fazer economia para pagar as dívidas não pode, por exemplo, recontratar gente para o quadro funcional. Sei de ex-empregados do clube que voltaram, por exemplo, por agradar demais o chefe. Sei que a meta desta gestão era diminuir o quadro de funcionários, enxugar máquina, como é dito nos meios neoliberais, mas a realidade é bem outra. Tem sido outra, diga-se!
Um clube de futebol, por exemplo, que queira economizar, deve investir nas categorias de base como um homem sedento busca água após sair do deserto. Deve usar os jogadores da base antes de chamar medalhões de fora. Deve ser parcimonioso ao contratar jogadores de capacidade técnica duvidosa, porque naturalmente haverá recontratações lá na frente. Mas o Avaí inventa a roda e contrata singelos desconhecidos e empresta seus atletas da casa, cuja técnica é bem superior a quem vem de fora. Por que isso? Pode ser qualquer coisa, menos economia pra pagar dívida.
O Avaí não tem um departamento de marketing capaz o suficiente para inovar na sua marca, por exemplo. Não busca investimentos. Não tem um patrocinador top para movimentar os seus ativos. Depende do quadro de sócios, alimentado em peças de marketing pífias e faz contratos com fornecedores de corar o seu Manoel da quitanda.
Fez uma campanha ridícula em competições como a Copa do Brasil e a Primeira Liga, que poderiam lhe trazer mais grana, suporte que daria mais substância aos cofres. Mas o Avaí não quis isso. Ele não se empenhou e esnobou estas competições.
Eu imagino, também, que quem esteja com pouco dinheiro no bolso não sai pagando rodadas para os amigos. Nem vou chamar de burrice porque ofenderia os bichinhos. Quem quer fazer economia deve pensar nos passos que dá, se os sapatos têm solas grossas e olhar para a própria casa, para ver se não tem vazamento de água ou fio de luz roubando energia. Quem quer fazer economia não deixa a torneira pingando e ainda sorri para isto.
E, além do mais, o Avaí quer ser o soldado que vai para a guerra sem dar um único tiro. Ao final, infelizmente, vai ser baleado e ainda vai ter que pagar o curativo.
A vida do Avaí, na série A, é a daquele sujeito que vai a restaurante de rico e só come torradinha seca e suco de groselha, sem açúcar que é para não usar colherzinha. Mas quando chega em casa ele abre a dispensa e se empanturra com o que tem, porque obviamente esta passando fome. E o fim disto, não adianta enganar e nem posar de torcedor-símbolo, todos nós sabemos.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra

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