RUI GUIMARÃES, ADILSON, E A VITÓRIA DO EMPATE, by Roberto Costa

Foto: GloboEsporte.com

Não sei se a CBN ofereceu, ao final do jogo no remendão, algum microfone para que os representantes da Chapecoense se manifestassem a respeito do jogo, que terminou empatado em um gol. Ao que parece, não. A Guarujá ofereceu, e com esse canal aberto, os dirigentes do clube do oeste manifestaram sua ira em cima da arbitragem de Célio Amorim, sob alegação de invenção de faltas e pressão contra os seus atletas.

Na verdade, a arbitragem do Célio não foi como outras de um passado recente, trágicas a ponto de interferir no marcador. Uma falta houve, realmente, bisonhamente assinalada sem se ter configurado, e a expulsão do atleta de Chapecó teria sido justa, se em lances posteriores, de faltas matando contra-ataques, cartões também tivessem sido aplicados contra jogadores do time da capital. Quanto à pressão sobre atletas, não se tem como verificar facilmente de fora de campo, mas de qualquer forma, as reclamações foram eivadas de muita ira.

Rui Guimarães, esse simpático e bom mineiro, aclimatado ao tropicalismo litorâneo da ilha, "comentarista realmente técnico", encarregou-se de contestar as reclamações dos dirigentes do oeste, e o fez de forma pouco técnica, com ênfase de torcedor. Disse o mineirim: "Eles não tem nada que reclamar da arbitragem, o Figueirense teve maior domínio do jogo, maior posse de bola, criou as melhores chances de gol." Nada a ver, não é, seu Rui? Torcedor dizer isso, até se explica, mas são coisas que não se misturam, como água e azeite, arbitragem não se explica com base na performance de algum clube, arbitragem é desempenho de árbitro.

A pressão exercida pela "máquina do Estreito" sobre o time do velho oeste também serviu de explicação, de justificativa do seu treinador. Também referiu esse, que é "o melhor treinador do Estado", no dizer da mídia, que o time dele "dominou durante todo o tempo, que criou as melhores chances", etc.

Na verdade, qualquer torcedor de mediana inteligencia sabe, que quando um time entra em campo com a estratégia de não jogar, de preservar-se defensivamente visando não perder, como fez a Chapecoense, o domínio do jogo, as melhores chances e a maior posse de bola ficarão necessariamente com o adversário, é inevitável. Portanto, nenhum dos dois, treinador e comentarista, explicou ou justificou exatamente nada, nenhum dos dois quis referir o óbvio do óbvio daquele jogo, que a equipe que saiu de campo satisfeita com o resultado foi a Chapecoense, que sua estratégia foi vitoriosa.

Se a "máquina do Estreito" vai reverter as coisas no próximo domingo ninguém sabe, pois tudo é possível, que o futebol é esporte surpreendente, mas que o primeiro jogo teve um vencedor, a despeito do empate numérico, isso inegavelmente teve, o time visitante.

* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube.