Comecei a ir lá, primeiramente, levado pelo meu pai.
Depois comecei a ir sozinho, pedindo na entrada pra que algum adulto me fizesse entrar como acompanhante e, assim, assisti muitos jogos.
Houve um tempo, entretanto, em que a tentativa de entrar como acompanhante já não surtia mais efeito.
Tive que pensar numa solução pra não perder os jogos do Leão.
Fácil.
Era só pular o muro, principalmente na hora em que tocava o hino nacional, momento em que os policiais tinham que guardar posição de respeito, conforme ordenava a Polícia Militar, e não podiam se mover na direção de quem quer que fosse.
O problema é que eles não fechavam os olhos, viam a gente pular e, depois do hino, iam atrás.
O negócio era se esconder no meio da "multidão", tirar a camisa, arrumar qualquer disfarce que dificultasse a identificação.
Lembro que numa dessas ocasiões, já meio craque em adentrar ao nosso Adolfo Konder, por métodos não muito ortodoxos, não fui muito bem sucedido, mas achei uma solução.
Ocorre que estava eu, fora do momento da execução do hino, em cima do muro, atrás do gol da Mauro Ramos, sentado, já pronto pra pular, quando fui surpreendido por um policial super indignado e, parecendo um pitt bull, veio na minha direção, provavelmente com pensamentos pouco recomendáveis.
Ao me ver retroceder, ou desistir de pular, ao analisar a situação, mandou que algum policial me cercasse pelo lado de fora.
Quando vi um policial se dispondo a atendê-lo, pulei para a Mauro Ramos e saí correndo, antes que algum policial pudesse me alcançar.
Subi a rua, numa corrida desenfreada e entrei à direita, na rua de cima, paralela à Bocaiuva, procurando, desesperadamente um local pra me esconder, porque, nessa altura da brincadeira os policiais já me conheciam.
E fui correndo, cada vez mais desesperado, com a possibilidade de ser preso.
Ocorre que lá pela metade da rua, vi uma casa com o portão aberto.
Não tive dúvida, entrei correndo e fui lá para os fundos, diminuindo gradativamente a velocidade, quando tive uma surpresa maravilhosa.
Lá nos fundos, havia uma arquibancada improvisada, com muitas pessoas assistindo ao jogo do quintal.
Cheguei, já de mansinho, e meio sem graça, sem conhecer ninguém, e fui me colocando em posição de torcedor.
Todos olharam, me viram chegar e me receberam muito bem, eu estava em casa e, longe do perigo.
Assisti ao jogo de camarote.
Essa era uma face do relacionamento de muitos torcedores, obviamente sem dinheiro, com o nosso Adolfo Konder.
Assim muitos de nós marcaram suas infâncias, tendo, no saudoso Adolfo Konder, um dos palcos de suas atuações, algumas delas, um tanto atribuladas e, por vezes perigosas.
Nem que o maior ou melhor estádio do mundo fosse hoje o estádio do Avaí, não apagaria nossas lembranças "made in" Adolfo Konder.
Saudade.
Byghal.

Carlos Avaiano
ResponderExcluirÉpoca mágica
Ali foram feitas as maiores conquistas do século.
Carlos Avaiano,
ResponderExcluirIndubitavelmente!
Penas ter saído dali...