Bom dia, Azurras - nº 5.676

O FUTURO DO AVAÍ ESTÁ EM JOGO

O dia de hoje, com reunião do Conselho Deliberativo do Avaí, será de extrema importância para o futuro do clube, e como tenho dito nos últimos dias, o que querem fazer, diferentemente daquele discurso em época de eleição, é transformar o nosso clube associativo numa SAF, Sociedade Anônima do Futebol, sem as devidas cautelas que o assunto merece.

 

A ordem do dia é aprovar a criação de SAF, para que todos esses que foram responsáveis diretos pelo caos financeiro em que colocaram o clube, sejam os mesmos a definir como será o Avaí, não sem antes levarem suas respectivas taxas de sucesso pela “nova empreitada”...

 

Não é o fato aqui de ser contra ou não a SAF, mas ser peremptoriamente contra a maneira açodada como estão agindo, sem a devida reflexão que o assunto merece. Por óbvio que alguns vão dizer que o assunto vem sendo discutido há muito tempo no clube, e se isso for verdade, é ainda mais verdade que tais discussões não chegaram a qualquer lugar.

 

O futuro do Avaí está em jogo, e fazer o que querem esses que colocaram o Avaí no rol dos devedores, com uma dívida jamais vista, sem precedentes nos 102 anos da história do Leão da Ilha, é abandonar nossas origens.

 

MESMO PATAMAR

“1. A pré-proposta apresentada é de 50 milhões de dólares (R$ 270 milhões) em até 6 anos. A afirmação de que ‘isso é para o futebol, terá outro aporte para a dívida’ não procede. A SAF passaria a administrar a dívida, mas o valor total é este. Uma quantia baixíssima, que não muda o patamar do Avaí.”

 

Observação extremamente pertinente. Apesar de “apenas” buscarem autorização para a abertura de um outro CNPJ, isso significa que aquela proposta divulgada por aqui de US$ 50 milhões, está vindo à galope, sem as devidas cautelas, e mais que isso, apenas para cobrir o rombo criado nos últimos anos, sem que o Avaí mude de patamar, retórica usada por aqueles favoráveis à venda.

 

ÚNICA PROPOSTA

“2. A proposta não será votada na segunda-feira, mas a pauta da reunião (criação da SAF) está umbilicalmente ligada a ela. Dificilmente o Avaí receberá proposta melhor, já que a Genial procurou investidores por 2 anos e, sem envolver o patrimônio físico, encontrou apenas essa possibilidade.”

 

Não é de hoje que esse mesmo grupo que elegeu Júlio César Heerdt, e apoiou o último presidente eleito, tem vínculos estreitos com a Genial, que está na Ressacada deste a posse do mandatário que está saindo. E por mais incrível que possa parecer, não conseguiu qualquer investidor, limitando-se nessa proposta de US$ 50 milhões, por um neófito no mundo do futebol, que por óbvio, chegará visando apenas e tão somente lucro em cima do que irá aportar no clube.

 

MERCADORIA

“3. Mesmo que houvesse proposta melhor, SAF significa a torcida abrir mão do controle do Avaí para sempre. O dono poderia vendê-lo novamente em um futuro próximo e o Avaí correria o risco de passar de mão em mão, como um bobo no mercado.”

 

Sim, na medida em que não haja raízes com os 102 anos de história do Avaí, a transformação em SAF, notadamente nos moldes que estão anunciando, fará da nossa paixão pra toda vida uma mera mercadoria. E não adianta vir com argumentação rasa de que “protestaram contra o Freeland, mas ele não saiu”, o que não deixa de ser verdade, mas é ainda mais verdade que o atual mandatário já não circula pela Beira-mar como fazia em outrora...

 

SEM RETORNO

“4. Normalmente, propostas de SAF preveem um período de aportes obrigatórios (4, 6, 10 anos) e depois o "dono" deixa de ser obrigado a investir. É quase impossível reverter a SAF no caso de insucesso.”

 

Assertiva absolutamente verdadeira, na medida em que a proposta inicial é de US$ 50 milhões em seis anos. Após esse período, ou antes mesmo de que isso aconteça, nada impede que o referido investidor repasse o clube para qualquer outro, mas uma coisa é certa: o Avaí jamais voltará a ser um clube associativo!

 

PROTEÇÃO

“5. Podemos sonhar em estipular contrato de SAF com cláusulas que protejam o Avaí de riscos futuros. No entanto, nenhum investidor se interessará caso o acordo seja muito restritivo e limite seus interesses financeiros.”

 

Não se pode esquecer, que mesmo tendo um aporte de R$ 68 milhões em 2023 e 2024, o Avaí não quitou suas dívidas, pelo contrário, aumentou. Porém, há uma Recuperação Judicial em curso, além de uma Transação Tributária por concluir, e lembrando que a dívida nesses dois casos está diluída ao longo de doze anos, enquanto que o possível investidor colocará “din-din” no clube por apenas seis anos, ou seja, as cláusulas protetivas podem inviabilizar o negócio, a não ser que queiram lavar as mãos em relação ao futuro do Avaí e deixar que fique atolado onde está...

 

DE OLHO NA BASE

“6. É possível ganhar dinheiro no futebol apenas revelando jogadores para comercializar, sem ganhar títulos ou ter o sucesso esportivo que a torcida tanto espera. Esse é o negócio principal da maioria das SAFs.”

 

A verdadeira questão da criação da SAF 100% do Avaí, não é mudar o clube de patamar, torna-lo competitivo, mas dominar o futebol com o um todo, notadamente em suas categorias de base. Para um clube que revelou jogadores como Raphinha, Gabriel Jesus, Arthur Chaves, Felipe Silva, trabalhar esses negócios tornar-se extremamente lucrativo, e basta lembrar, todos negociados para o exterior. Ganhar títulos, objetivo do torcedor, não está em pauta, até porque isso demandaria uma melhor e maior estrutura em todos os níveis.

 

CRISE PLANEJADA

“7. A crise financeira do Avaí foi aprofundada pelo orçamento de 2025, altamente deficitário, executado pela diretoria executiva e aprovado por parte dos conselheiros. É necessário responsabilização!”

 

A orquestração dessa crise financeira não veio de uma hora para a outra. A atual gestão, para se ter uma ideia, em 2022 conseguiu enxugar as dívidas do clube, mas depois disso, com um discurso enganoso de que o mercado do futebol estava inflacionado, tratou de rasgar os R$ 68 milhões oriundos da Liga Forte Futebol, sem que o clube crescesse meio centímetro em sua estrutura, aumentando de forma abrupta a dívida do Avaí.

 

JOGO DE CENA

“8. Chama atenção a criação da SAF no exato momento em que o Avaí não realizou pagamento da parcela da Recuperação Judicial, no valor de R$ 500 mil, gerando pedidos de falência. O presidente eleito contou com o apoio eleitoral público de grandes empresários, sendo amplamente divulgado que dariam sustentação à sua gestão. Há inúmeras alternativas para pagar essa parcela e evitar a falência do Avaí.”

 

Verdade seja dita, o valor da 9ª parcela da Recuperação Judicial nem chega aos R$ 500 mil, é mais baixo. Mas assiste razão na assertiva acima, quando grandes empresários se deixaram fotografar ao lado do presidente eleito, angariando simpatias antes do pleito. Por óbvio, não acredito que a atual direção, nem a que se prepara para entrar, irão deixar que o clube chegue até a falência, que pode perfeitamente ser contornada. Esse jogo de cena apenas serviu para aumentar o nível de tensão, tentando fazer convencimento de que a criação da SAF é o melhor caminho.

 

CIRÚRGICO

Extremamente interessante as colocações feitas por Felipe Ximenes, executivo de futebol com passagem pelo Avaí, em programa da Jovem Pan, quando questionado se conhecia o futuro investidor do Avaí, o americano Mike Melby.

 

Ximenes enalteceu que três pontos são importantes na hora de se fazer uma SAF. Primeiro, o modelo de SAF, que pode variar bastante. O segundo, o momento político, econômico e esportivo do clube. E após identificar esses dois pontos, terceiro, escolher o melhor parceiro. E concluiu, exemplos desse modelo SAF tem vários que não deram certo, exemplo de sucesso são poucos.

 

Curiosamente, no Avaí começaram o “projeto SAF” justamente no sentido inverso, de trás pra frente...

 

DIA DE REAPRESENTAÇÃO

A segunda-feira será marcada não só pela reunião do Conselho Deliberativo, mas também pela reapresentação do elenco avaiano, ou o que sobrou dele, que visa a preparação para as competições de 2026, que para o Avaí começa no dia 7 de janeiro, contra o Barra, na Ressacada, pelo Campeonato Catarinense.

 

O início da temporada de 2026 traz semelhanças com a de 2022, coincidentemente em início de gestão: ambas começam com salários atrasados!

 

Naquela oportunidade, o Avaí estava classificado para o Brasileirão, além de disputar a Copa do Brasil, ou seja, havia a expectativa de boas verbas por receber. Para a temporada que começa, resta a Copa do Brasil e a nova Copa Sul-Sudeste, além do deficitário Catarinense.

 

 

 

Saudações AvAiAnAs!