terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A(o) preço de (dos) banana(s) - Por Felipe "Melo" Matos

O futebol catarinense não é sério. A prova é o quanto cada time ganhará da cota de televisionamento da RBS em 2011.

Embora os clubes tenham assinado uma cláusula de sigilo com a RBS (qual seria o motivo de se esconder? Vergonha?), alguém já deu com as linguas nos dentes e os valores foram revelados pelo jornalista Rafael Henzel, de Chapecó.


Confira o quanto cada um ganhará em 2011:
- Avaí, Figueirense, Criciuma e Joinville: R$220 mil.
- Chapecoense: R$190 mil.
- Brusque, Metropolitano e Imbituba: R$126 mil e 700.
- Márcílio Dias e Concórdia: R$ 63 mil.



Ou seja, a RBS pagará pelo Campeonato Catarinense um pouco mais de um milhão e meio de reais. Valemos aproximadamente 1/4 do Campeonato Paranaense e cerca de 09 vezes menos do que o Campeonato Sul-riograndense.


Não sei se este é o valor líquido ou ainda deve ser feito o DESCONTO DE COMISSÃO para a agência Propague (sim, porque a Associação de Clubes é incapaz de assinar um contrato sem um intermediador).

O fato é que com toda esse subserviência dos clubes fica muito fácil algum dirigente vir a público falar em "socialização dos custos" com a torcida.

No início do ano já foi feita aqui uma postagem constatando que a RBS paga para os quatro grandes de SC TRES VEZES MENOS do que ela paga para times como Avenida, Ypiranga, Esportivo, Porto Alegre, Ulbra...

E continuará pagando esse ano. Vou repetir aqui os dados de 2010 da cota de televisionamento apenas dos nossos Estados vizinhos (provavelmente terão algum reajuste para cima em 2011):

- PARANÁ: (2010)

R$5 milhões. Deste valor, R$ 700.000,00 vão para Atlético, Coritiba e Paraná (individualmente). O restante é divido em partes iguais para os demais clubes, o que dará pouco mais de R$ 241.000,00 aos outros participantes. A proposta inicial de R$ 2.000.000,00 foi recusada pelo Atlético Paranaense, que impediu a transmissão de seus jogos.

Se uma empresa que ofereceu R$2 milhões por um produto consegue oferecer R$5 milhões pelo mesmo produto é porque ele deve render mais do que isto, não?

Agora imagine o Campeonato Catarinense dos últimos anos caso o Avaí não tivesse feito o jogo da FCF/RBS e repetido a atitude do Atlético/PR. Qual a final de campeonato teria sido transmitida nos últimos dois anos?

- RIO GRANDE DO SUL: (2010)
RBS fez um investimento de R$ 13.200.000,00. Grêmio e Inter ficaram com R$ 4 milhões de reais de quota cada um. Em 2010, cada um dos nanicos recebeu, em média, R$ 650 mil pela participação. Ou seja, praticamente TRÊS VEZES MAIS do que os maiores times de SC, incluindo os dois times de Série A.

É claro que não se pode pensar que valemos tanto quanto os maiores times do RS e do PR, cujos títulos nacionais e internacionais falam por si. Mas, quanto custam 30 segundos no horário nobre dos jogos televisionados na Globo/RBS? De publicidade diária nos jornais do grupo RBS, na TVCOM, nos portais da Internet e nas rádios que transmitem os jogos?

Na ponta do lápis, entre os gastos de transmissão e os lucros auferidos, valemos três vezes menos que o Avenida F.C.? Se havia uma empresa disposta a pagar mais pelo Campeonato Catarinense, será que ele não valia um pouco mais? E que negócio é esse onde nega-se uma oferta financeira melhor em troca de privilégios à uma empresa?

Vale lembrar ainda que em 2012 os clubes não receberão nenhum centavo da RBS TV pelo televisionamento do estadual. O dinheiro do primeiro ano de contrato foi repassado de forma adiantada em 2009, quando da briga judicial com a Record, em que um contrato foi assinado com outro ainda em vigência. Como a RIC-Record levou a melhor, o contrato com a RBS foi prorrogado automaticamente por mais uma temporada.

O futebol catarinense, de fato, não é grande. Mas, não por aquilo que faz dentro do campo: 2 times na Série A, 1 na Série B, 2 na Série C, perdendo apenas para SP, RJ e MG, à frente de PR, RS, GO, CE, BA, PE, AL, RN, PA, AC, DF, MT, PB, TO.

O futebol catarinense não é grande especialmente por aquilo que ele faz FORA DE CAMPO: tramóias, subserviência, politicagens, desvios de conduta, incompetência (ou seria o contrário, a esperteza?) administrativa.

Na melhor das hipóteses (a incompetência), pode-se fazer uma análise de que os clubes acreditam que eles precisam mais da RBS do que a RBS deles, quando, na realidade, esta dependência é, no mínimo, mútua, se não for contrária.

Como um De Gaulle papa-siri, diria que os times catarinenses não são sérios. No mês que vem começa mais um Campeonato Catarinense de Futebol. Quem tiver estômago que acompanhe.

* Felipe Matos é o proprietário do blog Memória Avaiana -

14 Comentários:

Sergio Nativo disse...

Se esse valores realmente forem reais. Tivemos o assalto seculo, agora teremos a discriminaçao do seculo. Bom, depois de renovar com Benazzi e insistir com jogadores que nao deram certo, nada mais me surpreede.

Anônimo disse...

É vero Sergio, também não estou surpreso. Agora cá entre nós, é humilhante isso não? É por isso que vamos continuar sempre sendo "garfados" no Brasileirão, afinal, o sul prá CBF é só PR e RS, nosso estado praticamente não existe, e o pior é que quem contribui prá isso são os nossos proprios dirigentes que não valorizam seus clubes, assim fica difícil né ô mô pombo!

Anônimo disse...

Agora, com licença, vou assistir o jogo do Colorado, que vai ser mais prazeroso... fui...

JulioAzzurra disse...

Caro André,

Parabéns pela exposição didática dos fatos.

Fico pensando de quem é a "culpa"?

Acho que o menos culpado são as empresas de comunicação. Parece que pagam o preço que os clubes atribuem ao produto.
Pra mim os maiores culpados são os grandes de SC...

decio disse...

Os clubes de SC tem medo da Rede de Baixos Salários e por isso aceitam qualquer propostas. A Rede Record, com certeza pagaria mais. Porém, além do valor, tem a vaidade. O que é melhor aparecer na Globo ou na Rede Universal do Reino de Deus? Podemos ver pelo assessor de imprensa. Quando o presidente vai na CBN ele bota logo em seu blog. Porém,mquando vai no Campo Critico ele faz questão de omitir. Esse é o maior custo beneficio.
abs
sardá

Felipe Matos disse...

O meu consolo é que no ano que vem não precisarei fazer uma postagem dessas de novo, já que no ano que vem os clubes não receberão nenhum centavo mesmo...

abs!

André Tarnowsky Filho disse...

Sérgio JÚNIOR!
Também já não vejo mais nada como surpresa...
Abraços!
André Tarnowsky Filho

André Tarnowsky Filho disse...

Dinho!
E haja socialização de despesas...
Abraços!
André Tarnowsky Filho

André Tarnowsky Filho disse...

Dinho!
Creio que o amigo se referiu ao jogo do Mazembe, né?
hehehehe
Abraços!
André Tarnowsky Filho

André Tarnowsky Filho disse...

Júlio Azzurra!
Incialmente, convém esclarecer, parabéns ao Felipe "Melo" Matos.
No mais, concordo plenamente contigo: nossos clubes se fazem de tadinhos e são tratados como tal.
Falta postura!
Abraços!
André Tarnowsky Filho

André Tarnowsky Filho disse...

Sardá!
tens toda razão. Não caberia ao conselho dar um rumo diferente nesse tipo de conduta?
Além da vaidade, há o favorecimento de uma emissora...
Abraços!
André Tarnowsky Filho

André Tarnowsky Filho disse...

Felipe "Melo" Matos!
Salvo engano, numa conversa que tive com o Zunino no ano passado, ele disse que os clubes haviam devolvido o dinheiro que receberam adiantado, quando da vigência do contrato com a RIC Record.
Será mesmo?
Abraços!
André Tarnowsky Filho

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