domingo, 6 de março de 2011

Sem pinta de campeão - by Alexandre Carlos Aguiar

Homenageando o Carnaval, o Avaí jogou neste sábado no melhor estilo sonolento e preguiçoso de um bom baiano: vo não, quero não, gosto não. E deixou a máscara cair.

Quem acompanha o futebol há bastante tempo vai aprendendo os caminhos da bola. Às vezes não precisa ter sido um exímio jogador para entender quais são os segredos desse esporte tão amado no mundo todo. Ou mesmo ter sido um técnico, ou cronista esportivo para fazer análises ponderadas e sem babação. Não há mistérios, basta observar um pouquinho, sem falsas medidas, para perceber quando um time de futebol está no caminho da conquista do torneio, de um campeonato, ou quando será um mero coadjuvante ou está ali só a passeio. Quem observa a realidade não se engana, não se ludibria. Não é iludido. Sendo otimista ou pessimista.

Sou um otimista além da conta, sempre fui. Mas quero deixar bem claro que não sou oportunista, de fazer uma análise baseada no momento, de me apropriar das expressões dos outros para posar de bacaninha e ser um maria-vai-com-as-outras. Já venho apontando que o Avaí não tem um time há algum tempo. Como um pai que vê o filho enveredando por um caminho equivocado, cobro postura e atitude, antes que o mal se estabeleça. Estou cobrando isso do Avaí, da instituição, não apenas do time, ou do não-time. Há muita coisa que precisa ser reavaliada. A tal vassourada precisa começar. E não estou falando tão-somente dos tais cariocas, mas de várias outras coisas. O orgasmograma não me convenceu.
Em razão disso, digo e afirmo: o Avaí deste ano não tem pinta de campeão. E se chegar a levantar o caneco, será por mero acaso, ou graças a uma reviravolta enorme e absurda dentro dos murinhos de tijolinhos à vista pichados da Ressacada.
Repito: o Avaí deste ano não tem pinta de campeão. Ele não empolga, não é manchete positiva, não é comentado pelas vitórias.
Um bom campeão não precisa de sorte, não se importa com o azar, não se deixa levar por mandingas, rezas, credos, superstições ou orações. Deixa isso pra torcida. O campeão tem que querer ser campeão. Agir como campeão. O campeão é reconhecido de imediato e é apontado na rua. Ele é campeão ao pensar que para chegar ao último desafio, aquele onde vence e leva os louros da vitória, teve que passar pelo primeiro. O campeão não joga apenas na última partida, mas começa pela primeira. É simples e óbvio, mas isso só o campeão sabe.
A faixa do campeão não lhe cai no colo. Não é feito de letras e conchavos, ou viradas de mesa. Ele tem que merecê-la, jogando. Começa na preparação, caminha pela vontade, pela disposição, na energia despendida. E se encerra na entrega, na dedicação. O campeão ganha divididas, muda jogo, altera placares inglórios, faz pulsar o coração. O campeão não é apático, ele se impõe.

Se alguém souber onde tudo isto pertence ao Avaí deste ano, então ele será o campeão. Até agora, no entanto, eu não vi. Independente do resultado final, não tenho medo de afirmar: o Avaí já é o maior fiasco deste campeonato.

* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra (http://forcaazurra.blogspot.com)

16 Comentários:

Sergio Nativo disse...

Alexandre texto profundo,sincero, emocional e verdeiro. Apos o jogo em Chapeco, infelizmente cheguei a seguinte conclusao: Repentindo 2009, quem manda no Avai sao as putas velhas, se a torcida contra o Brusque nao cobrar uma atitude desses mal profissionais nao chegaremos a lugar algum e ainda daremos vexame. Alguns Jogadores (supostos profissionais) sao cheio marra, correntes, tatuagens, vaidades, mimos, para nao dizer viadagem. Se nao tiver alguem para peitar essa esculhabaçao, eles fazem corpo mole. Alo torcida! Acorda, estamos no segundo turno e esse milionarios nao estao nem ai para voces. Qual jogo do ano que esses supostos profissionais Avaianos lhe convenceram? Silas esta sendo engolido como foi Benazzi, a diferença é que Benazzi nao tem historia no Avai. Acorda torcida! Isso que estao fazendo, esta correto? Ja nao acredito e nao gosto de politicos profissionais, agora estou ficando tambem com nojo de jogador de futebol. Politicos usam meu dinheiro para uso proprio e fazer demagogia, pago minhas mensalidade para ver jogador jogar e nao fazer corpo mole. Isso que estao fazendo é revoltante.

Sergio Nativo disse...

Lembrando: Fomos Campeoes em 2009 porque a torcida ameaçou, nao caimos porque a torcida pressionou e hoje o Corinthians so é lider no Paulistao porque os jogadores se borram e sabem que vacilou o coro come. Pagamos a maior mensalidade e o valor de ingresso a nivel de Euro, nosso time nao merece 1 real. Voce esta satisfeito com desempenho desses omissos em campo?

Galvão disse...

Perfeitas as suas colocações Sergio Jr.!!!

Alexandre Carlos Aguiar disse...

Olha, meu caro Sergio, só te pergunto uam coisa: vai valer à pena?
Confesso pra ti que estou de saco cheio. De verdade. Houve um momento, naquele jogo do acesso, lá em 2008, depois do gol do Evando, que eu sentei na cadeira e chorei. Chorei mesmo, muito. Lembrei de tudo, um filme passou pela minha mente. Lembrei dos tempos do Adolfo Konder, da decisão no Scarpelli em que fomos roubados, e do quanto a gente como torcedor sofreu até aquele momento, nos anos de série B. Aquele ano foi mágico. Eu senti na pele e no coração, pois tive que me afastar por problemas emocionais. Não aguentava mais ver jogos do Avaí e sofrer. O André sabe disso. Fui recomendado por médico a me afastar. Então, naquele momento eu desabei, foi como se um sonho ou pesadelo tivesse acabado e a realidade apareceu. Tínhamos conquistado uma etapa, o time de nossa paixão virava uma página e eu imaginava que dali pra frente as coisas teriam outra cara.
Claro, eu estava deslumbrado, estava abalado, e minha racionalidade habitual deu lugar a uma emoção absurda. Hoje, analisando tudo aquilo eu me sinto um bobo alegre, por haver despendido tanto como torcedor e, em contrapartida, ter de volta essa desonra às nossas tradições, à nossa paixão.
Vou aos jogos, claro. Mas vou como observador. Minha fantasia de torcedor apaixonado está no armário. Até o dia em que nos respeitem novamente.

Sergio Nativo disse...

Pois é, Alexandre, naquele jogo tambem me emocionei, lamentavel é saber que pessoas iguais a voce tende a crescer, estou no meu limite e nao sei ate quando vou aguentar.
O produto é bom, mas sem disciplina e respeito ao torcedor nao ha quem resista. Quarta estarei na Toca para rever os amigos e depois assistir o jogo. Nao exijo que ganhe todo os jogos, mas que no minimo demostrem raça e respeito ao torcedor. Ate quarta...

André Tarnowsky Filho disse...

Serjão!
Como outras palavras, mas no fundo, teu discurso é idêntico ao do Aguiar.
Ambos, e me incluo nisso também, querem o bem do Avaí.

André Tarnowsky Filho disse...

Serjão!
Em relação a ameaça da torcida, creio que não é bem assim. O Avaí era dono da situação.
Quanto ao rebaixamento em 2010, concordo plenamente contigo, assim como também não estou satisfeito com esses desempenho de hoje.

André Tarnowsky Filho disse...

Aguiar!
Quer dizer que a única fantasia que está no armário é a de torcedor apaixonado?
Menos mal...
Acompanho teu raciocínio. Toda vez que pensamos que estermos bem, acontece algo inexplicável, coo ontem...

André Tarnowsky Filho disse...

Estás totalmente certo, Serjão!
No mínimo, raça e respeito ao torcedor...

André Tarnowsky Filho disse...

Galvão!
Estamos todos tentando achar uma resposta para o que aconteceu ontem.
O Aguiar e o Serjão estão certos.

Alexandre Carlos Aguiar disse...

André, tem também uma fantasia de odalisca, uma de coelhinha da Playboy e outra de Devassa. Fico com a Devassa, o resto está disponível. hehehe

Roberto disse...

ANDRÉ, ninguém em sã consciência pode colocar três jogadores retornando de contusão num mesmo jogo, ainda mais decisivo, corrido, pegado. Marquinhos perdido em campo, Rafael Coelho anulado pela marcação e George Lucas visivelmente também sem rítmo. É claro que o time não teve força, não teve explosão. Acho que o Silas pisou na bola. - Roberto Costa

Roberto disse...

ANDRÉ, alguém no Avai tem complexo de superioridade. Ano passado entenderam de jogar contra o Botafogo com um time reserva, e o Botafogo estava fácil de ganhar. Perdemos três pontos preciosos e no fim foi aquela novela pra não ser rebaixado. Este ano a mesma mentalidade decidiu começar o catarinense com um time sub 23, achando que com ele poderíamos atropelar adversários e agora estamos nessa situação ridícula, comprometendo nossos planos do TRI. Tá sobrando competência na admnistração do Clube, mas falta visão e planejamento na parte que toca ao futebol, que vem sendo admnistrado por crise. - Roberto Costa

André Tarnowsky Filho disse...

Aguiar!
Este ano fico sem fantasia...
Estou no DM! hehehehe

André Tarnowsky Filho disse...

Roberto Costa!
O Silas pisou na bola nas substituições.
Nesse time do Avaí não há mais que se falar em poupar nenhum desses caras.
O problema é que parece que 2010 ainda não terminou...

André Tarnowsky Filho disse...

Roberto Costa!
Muita calma nesa hora. Esse papo de encher a bola da administraç~çao Zunino já encheu o saco: o clube precisa fazer uma depuração em sua adminsirtação, limpando esses ASPONEs e ASMENEs...
Se não chegarmos ao TRI, a conta a ser paga, a "socialização de despesas", acabarão enterrando o clube.
Ou estás satisfeito com os cariocas e outros picaretas?

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