O eco dos excluídos - by Adir da Silva Júnior
"Dispensando apresentações e exposições de motivos de minha presença aqui neste espaço, porque já estou me tornando o “X9” oficial do Conselho, venho apresentar para os torcedores o que eles têm direito de saber: o andamento da reunião do Conselho na última sexta-feira.
Cercada de expectativas pelos acontecimentos recentes das últimas reuniões, pela possibilidade de se tratar de redução em preço de mensalidades e da presença do Presidente Zunino, creio que não tenha um conselheiro (destes que, minoria que são, comparecem a quase todas as reuniões) que não tenha ficado apreensivo com o que poderia acontecer naquela salinha acanhada da Ressacada. É possível dividir o encontro em duas partes: a com e a sem a presença do presidente Zunino.
A primeira já teve muito da sua possibilidade de esclarecimentos ceifada logo de início por um telefonema recebido pelo indigitado que dava conta de piora no estado de saúde de seu filho, filho este que seria, como era de se esperar, um dos principais motivos de sua presença.
O seu filho estava na UTI e, aí, amigos, muito embora ainda tenhamos tentado tocar em assuntos referentes a ele, nada que pudesse envolver qualquer resquício de laço emocional podia ir muito a frente. Neste dia dos pais você que é pai, ou filho, sabe que é absolutamente inexigível que nesta situação se cobre qualquer discernimento.
Desta parte, então, fico só com um dado, objetivo: Zunino afirmou que seu filho não tem qualquer, eu disse qualquer mesmo, relação empresarial, de agenciamento ou de menor escala com os atletas Julinho e Arlan. Apenas os indicou, por amizade. Essa é a palavra oficial na qual custo a acreditar.
O outro dado que pudemos obter do pequeno espaço em que contamos com a presença dele é a seguinte: ao responder o meu questionamento a respeito da avaliação da Diretoria a respeito do sucesso (ou não) do plano “Sócio Coração”, o presidente foi enfático: não foi bem sucedido, por motivos como acesso ao estádio, venda de PPV, ataques da imprensa, entre outros que não incluem o valor das mensalidades, assim como os vazios nas cadeiras não se devem, para ele, ao preço dos ingressos. Brochante...
Com a sua saída da sala, entretanto, uma luzinha apareceu. Na explanação do senhor Nerto, apresentaram-se novos valores e descontos em duas categorias do plano de sócios e uma proposta de fixação de preços que se apresentarão um pouco mais acessíveis (embora ingressos não fosse da alçada do Conselho). Mas o melhor não foi isto. Pela primeira vez, desde o rompimento drástico na comunicação do Clube com o seu torcedor, no início de 2010, ouvi a confissão de um membro da Diretoria: “Erramos...”
Tenho certeza de que eles ainda não têm a noção do impacto desta confissão perante o torcedor. É isso o que ele, o torcedor, espera: um mea culpa dos que o afastaram chamando-o de volta e prometendo que isso não vai voltar a acontecer. Os valores, sob minha ótica, são a variável menos importante nessa equação. O sentimento do torcedor é algo a ser trabalhado antes mesmo de se falar em novos valores.
A comunicação, diga-se, levou pau de todos os lados na reunião: seja pelo Zunino que reclamou de os conselheiros não estarem recebendo um clipping com notícias nacionais sobre o clube, seja pela perfeita intervenção da conselheira Kátia de Paula, que levantou a total falta de senso de oportunidade na divulgação de informações de somenos importância da reunião anterior em detrimento de informações muito mais importantes, seja, de minha parte, pela gravíssima falta de consciência da atribulada relação com o torcedor.
Além disto, reflexo inequívoco da pressão vinda de fora, de você torcedor, notei o terrível incômodo de todos os conselheiros com a pecha de “Decorativo” e “Comemorativo” que se instalou sobre o Conselho. A maior parte das atitudes, das incomodações manifestadas, da mudança de postura observadas nesta reunião, vieram desta indignação organizada, provinda de torcida e blogs, dos excluídos, em última análise, neste processo de afastamento que se instalou pros lados do Carianos e que, enfim, parece ecoar por lá.
Em tempos de protestos na Inglaterra, de ditadores caindo, tudo por força de redes sociais, se tem algo que eu posso extrair da última reunião é o seguinte: não desista, torcedor, uma hora você será ouvido". Adir da Silva Júnior, mestrando em direito, conselheiro do Avaí.
Cercada de expectativas pelos acontecimentos recentes das últimas reuniões, pela possibilidade de se tratar de redução em preço de mensalidades e da presença do Presidente Zunino, creio que não tenha um conselheiro (destes que, minoria que são, comparecem a quase todas as reuniões) que não tenha ficado apreensivo com o que poderia acontecer naquela salinha acanhada da Ressacada. É possível dividir o encontro em duas partes: a com e a sem a presença do presidente Zunino.
A primeira já teve muito da sua possibilidade de esclarecimentos ceifada logo de início por um telefonema recebido pelo indigitado que dava conta de piora no estado de saúde de seu filho, filho este que seria, como era de se esperar, um dos principais motivos de sua presença.
O seu filho estava na UTI e, aí, amigos, muito embora ainda tenhamos tentado tocar em assuntos referentes a ele, nada que pudesse envolver qualquer resquício de laço emocional podia ir muito a frente. Neste dia dos pais você que é pai, ou filho, sabe que é absolutamente inexigível que nesta situação se cobre qualquer discernimento.
Desta parte, então, fico só com um dado, objetivo: Zunino afirmou que seu filho não tem qualquer, eu disse qualquer mesmo, relação empresarial, de agenciamento ou de menor escala com os atletas Julinho e Arlan. Apenas os indicou, por amizade. Essa é a palavra oficial na qual custo a acreditar.
O outro dado que pudemos obter do pequeno espaço em que contamos com a presença dele é a seguinte: ao responder o meu questionamento a respeito da avaliação da Diretoria a respeito do sucesso (ou não) do plano “Sócio Coração”, o presidente foi enfático: não foi bem sucedido, por motivos como acesso ao estádio, venda de PPV, ataques da imprensa, entre outros que não incluem o valor das mensalidades, assim como os vazios nas cadeiras não se devem, para ele, ao preço dos ingressos. Brochante...
Com a sua saída da sala, entretanto, uma luzinha apareceu. Na explanação do senhor Nerto, apresentaram-se novos valores e descontos em duas categorias do plano de sócios e uma proposta de fixação de preços que se apresentarão um pouco mais acessíveis (embora ingressos não fosse da alçada do Conselho). Mas o melhor não foi isto. Pela primeira vez, desde o rompimento drástico na comunicação do Clube com o seu torcedor, no início de 2010, ouvi a confissão de um membro da Diretoria: “Erramos...”
Tenho certeza de que eles ainda não têm a noção do impacto desta confissão perante o torcedor. É isso o que ele, o torcedor, espera: um mea culpa dos que o afastaram chamando-o de volta e prometendo que isso não vai voltar a acontecer. Os valores, sob minha ótica, são a variável menos importante nessa equação. O sentimento do torcedor é algo a ser trabalhado antes mesmo de se falar em novos valores.
A comunicação, diga-se, levou pau de todos os lados na reunião: seja pelo Zunino que reclamou de os conselheiros não estarem recebendo um clipping com notícias nacionais sobre o clube, seja pela perfeita intervenção da conselheira Kátia de Paula, que levantou a total falta de senso de oportunidade na divulgação de informações de somenos importância da reunião anterior em detrimento de informações muito mais importantes, seja, de minha parte, pela gravíssima falta de consciência da atribulada relação com o torcedor.
Além disto, reflexo inequívoco da pressão vinda de fora, de você torcedor, notei o terrível incômodo de todos os conselheiros com a pecha de “Decorativo” e “Comemorativo” que se instalou sobre o Conselho. A maior parte das atitudes, das incomodações manifestadas, da mudança de postura observadas nesta reunião, vieram desta indignação organizada, provinda de torcida e blogs, dos excluídos, em última análise, neste processo de afastamento que se instalou pros lados do Carianos e que, enfim, parece ecoar por lá.
Em tempos de protestos na Inglaterra, de ditadores caindo, tudo por força de redes sociais, se tem algo que eu posso extrair da última reunião é o seguinte: não desista, torcedor, uma hora você será ouvido". Adir da Silva Júnior, mestrando em direito, conselheiro do Avaí.
* Publicado no blog Avaixonados, do Gerson dos Santos, nesta data, às 10 horas.
5 Comentários:
Concordo em tudo, Adir, aliás, um excelente texto. Menos da última parte. Não se pode confundir, em hipótese alguma a relação de torcedor com política. Não existe isso. Torcedor de futebol tem um compromisso de relação pessoal com seu clube e não de organização não-governamental. Enquanto a gente não entender isso, que se trata de uma passionalidade extremada, de ambas as partes, não sairemos do lugar.
Vejam só, a direção achou que, por amarmos demais o Avaí, assumiríamos essa paixão pagando tudo o que fosse exigido para uma manutenção na série A. E da parte do torcedor, quando ele exige, mas não comparece, e só vai na boa, peca pelo oportunismo.
Se não nos entendermos, vamos marcar passo.
Um dia o torcedor será ouvido???
Sonho meu, sonho meu...
...perdão...pois não comento nada que este cara escreve... RICA CÂMARA.
e.t. - tremendo corneteiro do parapeito...
André, valeu pelo prestígio.
Alexandre. Tua observação me lembra a indignação de meu pai quando eu voto nulo. A ausência, no estádio, não por todos, mas por boa parte, não pode ser vista só como desinteresse, leniência. Pode ser vista, e deve, sob meu ponto de vista, como uma ação, de repúdio. E, ao fim e ao cabo, qual política que não é uma relação de paixão extremada?
Mario, será, sim. Tenho fé que sim. Não há mal que sempre dure.
Quanto ao outro cidadão, não obstante a contradição em "não comentar" com um... comentário, apenas afirmo que o seu silêncio me homenageia.
Abraços do Adir, corneteiro de parapeito desde 1985, quando tinha 7 anos de idade...
Adir, parabéns não só pelo texto, mas principalmente pela atitude. É o que desconfiamos mas custamos a acreditar MESMO: ou o presidente tem algum desvio mental ou acha que a torcida inteira tem. Esse comportamento dele é digno de pena.
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