segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Dos espertos e dos que se parecem tansos - Alexandre C. Aguiar

Falar do planejamento inexistente do Avaí, da falta de zagueiros, de laterais efetivos, de dirigentes neófitos, de um departamento médico sofrível, de comissão técnica tansa, tudo isso já foi falado nesse ano. Onze de cada dez torcedores estão igual a disco de vinil velho: furado e tocando a mesma música. Nesse meio tempo surgem os ingênuos a querer a cara do presidente pedindo desculpas. Como assim? Será que um discurso de auto-crítica resolve nosso calvário? Vamos dormir felizes por alguém ter dito que errou? Parece que para algumas pessoas catinga de bode é perfume, ou seja, vêem e ouvem o que querem, ao seu gosto.

Enquanto isso, nesse momento, surgem os espertos, aqueles que gostam de tergiversar (não sabe o que é, vá pesquisar!) para posar de entendidos. São os que usam a prática comum de dar uma certa cientificidade a uma idéia, aplicam um conceito sofisticado, associam-lhe alguma credibilidade, cujo intuito é distorcer a realidade e fazer os incautos caírem em uma armadilha falaciosa.

Eu gostaria é de chamar a atenção para outra coisa, que é a descontextualização, o desvio de informação para passar por bonitinha, de pegar a parte do todo, transformá-la e isto passar a ser difundido como algo verdadeiro.

A engronha criada pelo senhor Miguel Livramento contra os jogadores do Avaí transcende as raias do bom senso. Ele subverteu a ordem. Típico comentário de quem tem os pés no chão... todos os quatro. Não é dele, ou de qualquer ator de mídia que se espera tal postura. Por mais boçal e folclórico que seja, por mais engraçadinho que sejam seus comentários, não deve partir daí, de seu microfone, uma postura dessas. Finco o pé nessa definição para, exatamente, marcar território. Para mim é cláusula pétrea. Mas o problema, se fosse resumido a isso, já estaria resolvido. Demitiria-se o cidadão, como foi feito com aquele outro, que esbravejava pelos microfones e pela tela, dando de dedo em todo mundo apostando numa moral rastaqüera, até o dia em que a própria rede se cansou de seu discurso reacionário.

A questão torna-se mais profunda, quando torcedores do próprio Avaí saem em defesa desse senhor, achando que ele tem razão em agir assim. E o mais curioso é que são as mesmas pessoas que querem profissionalismo dentro do clube. São os mesmos que peitam presidentes e dirigentes do clube exigindo mais discernimento com a marca. São os que posam de entendidos de costuras e malhas de camisas, que levantam conceitos sobre cada ato ou atitude partida de dentro da Ressacada. As mesmas pessoas que defendem um miguel livramento da vida, achando que ele pode fazer o que bem entende. São os que arrogam respeito para com o torcedor. Enfim, expõem um discurso de modernidade, mas admitem, na maior cara de pau, que uma rádio mantenha uma conduta de comadres, de fuxicos, de leviandades e fofocas, que seus profissionais (???) ajam como maricotas embaladas pelo vento.

As mesmas pessoas que apontam a todo instante os erros do Avaí fazem vistas grossas para o amadorismo de uma rádio, que peca pela parcialidade. Ou de um grupo de mídia que, além dessa má vontade para com o Avaí, ao habitar em Florianópolis preza pela falta de respeito para com a nossa própria coletividade. E não me interessa se os deixamos entrar. Pensar assim é conformismo de irmãs carmelitas. Quero-os fora daqui! Se ninguém disse isso antes, digo agora.

Eles não são responsáveis nem pelos sucessos ou pelas nossas derrotas. Não tentem me enganar com essa pegadinha. Não estou imputando essa carga. Os analfabetos funcionais que saibam ler. A história não é essa. E nem aquela conversinha mole de que "estamos perdendo dinheiro com a mudez dos jogadores." Bobagem! A isso se chama desonestidade intelectual. A pessoa inventa uma premissa e a trata como verdadeira, baseando a sua verdade como algo do momento e nega a sua parte histórica. É bem ao contrário. Ali há uma tendência, uma motivação, um processo de construção no qual o Avaí não faz parte.

Eu poderia levantar aqui os jornais e momentos nos quais estivemos na maré alta, e eles, ainda assim, tripudiaram sobre a gente. Mas vou deixar para os espertos essa pesquisa. Terão surpresas, garanto. Eu estou cobrando é postura e não agrados. Não preciso desenhar, preciso?

Só tenho a lamentar essa esperteza sonsa difundida, que de esperto só há a intenção. Isso ocorre porque alguém tem algum interesse. Seja para dar audiência em seu blog, ficar de bem com a torcida, pleitear um emprego em algum lugar, ou ser do contra mesmo, que é para ser diferente. Eu cansei disso!

Felizmente o nosso grupo de jogadores entendeu e se impôs. Não vou misturar a campanha ruim do time, graças a uma montagem pueril e atabalhoada feita neste ano, com a postura da rede famosa. A incompetência de algumas pessoas no Avaí não pode ser confundida com as atitudes de uma rede de mídia. São duas coisas muitas vezes diferentes. Mas, para os espertos, misturamos tudo e achamos a solução para o problema. Ofendam os jogadores que eles jogam. E eu é que quero mudar o foco ou transferir responsanbilidades.

Claro, para quem gosta de agradar a torcida, usar de sofismas (alô, Kaká!) é o melhor caminho.

* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra (http://forcaazurra.blogspot.com/)

8 Comentários:

Anônimo disse...

Aguiar, Dázumbanho!!!
Assim tu arrombas a concorrência,os blogueiros/pé frios/fãs do M.A.L./RB$,etc...

Murilo disse...

Simplesmente fantástico, pois retrata com clareza e com discernimento ( que falta na diretoria e em parte da iomprensa e não é só na poderosa não).
A situação irá mudar, claro que não o time não tem confiança e a série B nos espera em 2012, mas pelo mesno eu continuarei lá e nessas horas é que se vê os que são torcedores e os que são acompanhantes de time que está vencendo.

Abraços

Murilo

JulioAzzurra disse...

André,

Pra mim o Alexandre foi muito feliz ao abordar este tema desta maneira.

Independente se o Avaí está bem ou não, se joga bem ou não, a imprensa (não só o MAL) tem que se portar de maneira ética e responsável.

Isso que os cidadãos (Avaianos ou não) tem que defender.

Anônimo disse...

Excelente, no texto do Aguiar, o paralelo traçado entre o micro e o outro, que foi demitido, coisas horrorosas. Queres conhecer um homem, bota-lhe um pouco de poder nas mãos, e ele se mostra. O dois se mostraram. Ao miguel a RBS segue dando corda, e ele já foge dos limites do picadeiro, faz sombra ao raposão. Reparem quando encerra um comentário, abotoa o paletó e olha para a câmera com a pose e a imponência de um Mussolini de presépio. Tremendamente cômico.
Alô, RBS, um pijama alvi-negro, um par de chinelos, um muito obrigado...
Questão de higiene. - Roberto Costa

Fábio disse...

Excelente post!

Abraço e parabéns pelas palavras.

Unknown disse...

Muito bom, mas a turma não percebeu que o texto trata muito bem de um certa proliferação de vozes que seguem na mesma linha do radialista, o que não ocorre do lado de lá e que acaba infectando o torcida de um tal mal humor que em nada ajuda ao time... resultado, a Ressacada não ficou apenas uma geladeira, ficou um salão de festas para os adversários.
Perdemos muitos pontos em casa, umas duas ou três vitórias destas que o time não "jogou em casa" já nos tiraria do Z-4.
E pior, tem uns saudosistas que acham que se o time voltar para a série B, o espírito guerreiro da torcida voltará... deve ser porque ganhar do ABC e do BOA deve ser melhor que ganhar de Palmeiras, por exemplo.

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