Dossiê Avaí (1), by Alexandre Carlos Aguiar
A partir de hoje, reproduzo uma espécie de dossiê sobre as presumíveis queda do Leão para a Série B, escritas pelo meu amigo Alexandre Carlos Aguiar, do blog Força Azurra. São vários assuntos abordados, na visão do Aguiar, que vale a pena ser conferido. Diga-se de passagem, bem que o projeto para 2012 da diretoria avaiana, untamente com esses novos integrantes do departamento de futebol, poderia "passar os olhos" no que vai ser escrito ao longo dos próximos dias.
Dossiê Avaí - as presumíveis razões de nossa queda (1)
Já havia algum tempo vinha montando essa espécie
de dossiê, ou uma forma de expor, segundo a minha visão, e apenas ela, o
que levou o Avaí à queda para a série B. É chegado o momento de pôr à
mesa o que penso disso tudo. Houve um tempo para dar apoio,
incondicional, que lamentavelmente poucos entenderam. Mas, a postura
agora é de cobrança. Apoiamos o doente que chegou a uma fase terminal,
por culpa dele, diga-se. Porém, ele tem uma conta a pagar agora.
Eu não sou um homem reticente. Não sou de
poucas palavras. Também não gosto de mediocrizar as discussões com
pontos e vírgulas tão-somente. O momento merece muita reflexão e há
muito o que dizer. Essa análise não caberia, assim, numa página apenas.
Não adianta alguém apontar um só motivo, ou fazer um resuminho, dois ou
três pontos e está bom. Pode haver um início, ou um fator aglutinante,
mas todo o processo é amplo, complexo e estrutural.
Separei, por isso, várias situações que vou
publicar nos próximos dias, que no conjunto da obra podem explicar o
que houve, pode dar um indício, sugere um norte, ou pode estar
completamente fora da conjuntura. Não sei. Todos sabem e ninguém sabe. A
ferida ainda está purgando e a dor não ajuda a raciocinar muito bem.
Mas, é dessa maneira que eu vejo e reflete a minha opinião sobre tudo o
que vimos e encenamos neste período tenebroso para a nossa história.
Cada um tem a sua opinião e eu me ponho a explanar o que eu entendo da
situação toda.
Não pretendo, portanto, ser o dono da
verdade e nem indicar caminhos. Nem mesmo fechar questões ou apresentar
veredictos. Até porque, muita coisa é nebulosa e encoberta demais, com
quais interesses não se sabe. Por isso, não vou cair pelo caminho da
leviandade, das especulações baratas, mas da apresentação de
algumas dúvidas. E, é bem provável, muitos esclarecimentos a respeito
delas possam explicar o que houve com o Avaí neste período 2010-2011.
Como sempre digo, prefiro a dúvida e ir atrás de respostas, do que me conformar com falsas verdades.
A primeira proposta de discussão, que não é por ordem de importância, mas é o que me veio à mente, trata das categorias de base. Talvez porque tudo deva começar por aí, pelos menores.
Categorias de base, em qualquer clube de
futebol no mundo, deve ser uma poupança. Além de ser um fornecedor de
craques para o futebol como um todo, deve ser uma maneira de o clube se
financiar futuramente. Dito assim, pode parecer aquelas coisas de
séculos passados, quando vivíamos sob o terror da escravidão e onde o
ser humano era um mero produto. Não, a visão é de investimento.
O clube gasta, financeira e tecnicamente,
com profissionais habilitados para formar atletas desde a mais tenra
idade. Desde a peneira, onde são escolhidos os menores nas regiões ao
redor da sede do clube, até a indicação de algum potencial bom jogador
por olheiros ou amigos do clube, essas etapas devem ser
profissionalizadas. Há que se ter critérios rigidamente fundamentados. É
uma formação quase acadêmica e para isso é preciso ter requisitos
sustentáveis.
A realidade do Avaí, nesse aspecto, deixa a
desejar. E muito. Parece-nos, à primeira vista, que nada disso é
cumprido. Pelo menos o depoimento de pais e familiares de pequenos
avaianos que se submeteram a peneiras na Grande Florianópolis é de
arrepiar os cabelinhos da nuca. Muita gente ficou indignada com algumas
posturas. Não cabe aqui fulanizar, ou abrir espaço para fuxicos e
fofocas, mas é surpreendente o que se conta a respeito desses trabalhos.
Deve-se, também, procurar entender qual a
razão de se haver trocado todo o departamento de futebol de base, onde
havia gente (supostamente) capacitada, por amigos e aliados da
ex-parceria. É, também, de se tentar entender qual o papel do senhor
Gabriel Zunino nesse processo. Qual era a sua relação com as categorias
de base? E com a parceria, ou ambos em conjunto? Há, ainda, que se
entender como é o comportamento da gurizada que se alberga nas
dependências da Ressacada. As informações que se têm são duvidosas e
algumas absurdas.
O Avaí, que já fez um bom papel nessa
categoria, parece que errou a mão. Viveu um bom momento na vitrine do
futebol jogado pelos meninos recentemente, na Copa São Paulo, o que
revelou boas promessas para o nosso futebol. Mas, não passaram de
promessas e o trato continuado beirou às raias do pouco caso. De um lado
a outro, ressalte-se. O presidente do Avaí, ao que parece, delegou
funções e responsabilidades a quem não estava preparado para uma
atividade desse porte. As informações tiradas inclusive pela imprensa
revelam-nos demandos e atos inconclusivos, que resultou, até, na
demissão de muitos deles, os famosos cariocas.
Para o Avaí começar a ter algum retorno caseiro, uma renda equilibrada,
deve estar contido em seu planejamento um investimento sério e digno às
categorias de base. Quando se precisar de gente da base, que estes
conheçam a realidade do clube desde o princípio, desde técnicos,
preparadores, investidores e até jogadores. Que tenham consciência das
dificuldades internas e, após uma exposição na mídia, reverta os
investimentos.
Falando numa linguagem estritamente empreededora, o Avaí não pode mais
recorrer a "peças de reposição" externas, quando deveria ser a base a
fornecer estes recursos. Os interesses devem ser nossos e não externos.
Por isso, os atletas das categorias de base devem ser do Avaí, e somente
dele, pois esta seria, ao meu ver, a melhor forma de cobrir custos
futuros e de se ter jogadores à disposição do elenco principal.
Nesse período em que os erros se acumularam, as categorias de base foram uma de nossas mazelas.
Aguiar,
Acompanho, tua participação inteligente nos Blogs Avaianos.
Mas, para que aconteça o que voce acertadamente publicou(as categorias de base tem que ser do Clube) e não de pessoas externas, para o próximo ano , com esses dirigentes que continuaram e os novos que estão tomando posse em seus cargos, mudar como?
Abraços.
Eu também não sei. Juro que não sei, Vitor. Tirar o presidente atual, colocar outro, mudar regras, estatutos, chamar o conselho? Tudo são opções boas e ruins. A única coisa que eu sei é que não podemos mais errar.
Aguiar, com relação às categorias de base, acho que aí, como tudo no futebol de hoje em dia, a coisa se resume a uma questão de leis de mercado. Os clubes são considerados empresas e o romantismo morreu. Há jogadores que, ignorando que viraram mercadorias, por ingenuidade ainda beijam camisas, escudos de clubes, e sequer não donos de seus próprios destinos. Acho que essa idéia de segurar jovens talentos não prospera, não é coisa para clubes de porte médio, Avaí, figueirense, Ceará, Paraná, etc. Quem segura Neymar no Santos é um pool de empresários. Qualquer guri novo que comece a se destacar arranja logo um empresário, digo, um empresário logo arranja ele e só pensa em vendê-lo a um grande clube, faturando alto. - Roberto Costa
Os motivos da queda, sao muitos e não haveria espaço para expor tanta M. A categoria de base é a base de qualquer clube profissional. Pergunto: - Qual o papel do senhor Gabriel Zunino dentro do Avai? - O que esse sujeito, fez de proveitoso ao Avai FC? - Não temos nenhum Avaiano qualificado para assumir a presidencia do clube?
Roberto, acredito que o aproveitamento de um atleta da categoria de base deva ser pelo menos de 1 a 3 anos, pois como você mencionou, os clubes de médio porte não tem como segurar talentos, mas penso que se todo ano o Avaí conseguisse aproveitar um garoto da base (um exemplo seria de zagueiro neste ano, contratamos um monte deles e que todos juntos não valem um ovo sequer) por um período curto, valeria o investimento de 2 maneiras, economizaria com contratações desnecessárias (trazer jogador meia pataca ganhando 30, 40 mil) e com a exposição do atleta, e aí como o Aguiar citou, teria de ser negociado, entrando dinheiro nos cofres do clube (o que realmente farão com o dinheiro é outro problema a parte a ser resolvido).
Aproveitando o assunto, além da seriedade,tem de existir um departamento de categoria de base bem dimensionado, com profissionais em todas as áreas. Não conheço a fundo como a categoria de base é tocada na Ressacada, apenas conheço o resultado inexistente com referência a aproveitamento no time profissional (basicamente ZERO), e posso estar escrevendo besteira, mas teríamos de ter numa equipe destas pessoas (ex-jogadores, por exemplo) que trabalhassem posições específicas de jogadores, treinador de goleiros (para preparar dentre vários os 3 melhores), treinador de zagueiro, treinador de volante, treinador de meia, treinador de atacante, bem como todo o suporte de conhecimento porte físico (zagueiro de 1,70 m não pode!!!), para que as experiências já possam ser repassadas desde de cedo, ajudando no processo de assimilação das funções dentro de campo como fazendo uma seleção mais criteriosa do atleta na posição correspondente.
Acredito que uma categoria de base forte ajudaria e muito no crescimento do Avaí.
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