terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dossiê Avaí (5), by Alexandre Carlos Aguiar

Dossiê Avaí - as presumíveis razões de nossa queda (5) 

Pretendo, agora, expor algumas reflexões a respeito da marca Avaí. É a hora do Marketing.

Todos sabemos o quanto o avaiano Gustavo Kuerten falava (e fala) de sua paixão, o Avaí Futebol Clube. E foi tão prodigiosa a propaganda gratuita que fazia do Avaí, durante os anos em que esteve no top dos campeões do tênis, que até os rivais se assanhavam. Sei de muita gente doladelá capaz de até pôr uma camisa do Leão para torcer pelo mané do bolinha amarela. Foi um dos momentos de top of mind mais saborosos vividos pela gente avaiana. A pergunta é: quem, dentro do Avaí, explorou isso?

Claro que o momento vivido por Guga não correspondeu a esta gestão que agora pousa na Ressacada. Eram, a diretoria anterior, tão amadores quanto a atual. Mas a atual sequer ousou se aproveitar daquele momento vivido, ou da atual disposição do Guga, uma vez que veio com pompa e circunstância. Não montou um processo, um evento, uma redaçãozinho boba enaltecendo o Avaí, junto às palavras do surfista-tenista. Vivemos da ocasião. Nem chamar o Guga para "vender" a marca do Avaí foi feito.

O trabalho de quem vende uma marca é procurar investidores e não oportunidade de outdoors. Promover a valorização da marca é buscar alguém que se bande para o nosso lado. Isso é básico para qualquer empreendimento que se queira fazer. Desde financiar a festinha do filho que vai se formar até a produção de derivados de petróleo em grandes refinarias, tudo é uma venda de marca. Onde houver possibilidade de se buscar um investidor, isso tem que ter critérios propositivos. Não disse novidades, disse? Não sou da área, meus conhecimentos teóricos a respeito são mínimos, mas a intuição nos conduz a perceber assim.

O quesito Patrocínio, provavelmente não tenha participação substancial na queda. Não podemos imputar diretamente a ter este e não aquele patrocínio a razão linear disso. Aliás, o propósito destas explanações é purgar a dor, como já havia dito. É elencar situações que, em conjunto, chegaram ao limite. No caso especificamente do patrocínio subentende-se falta de tato da diretoria em avaliar quem nos financiava e quem poderia trazer dinheiro para a Ressacada. Ficou uma sensação de que poderíamos aproveitar mais.


Já o trabalho feito com os Produtos Licenciados foi muito bom. Foi dado um padrão de organização a isso. Mas, eu faço outra pergunta: para ficar nas pratelerias? Os avaianos compram os produtos avaianos por puro sentimentalismo, não mais que isso. Os torcedores querem um recordação, um biscuinzinho para enfeitar a sua estante, mas os preços não são acessíveis. Dez por cento mais baratos e a cidade estava infestada de coisas avaianas, tenho certeza.

Quanto ao Fornecedor de Material, a ideia é expor a marca de acordo com sua história, seu contexto e necessidades dos torcedores. Qual avaiano (ou não) comprou um chaveirinho pensando nisso? Eu não vou falar de costura, de golas, ou de cores. A gente tem que ser mais objetivo. As camisas do Avaí, como camisas de times de futebol, deixaram a desejar durante um bom tempo, por deixarem de lado a tradição. E não foi um problema deste fornecedor de material nada fanático, mas também da empresa anterior. Os critérios tanto da qualidade do material quanto dos preços são risíveis. Além do que, achar uma camisa atual do Avaí nas lojas credenciadas é uma caça ao tesouro.


A marca do Avaí está diretamente relacionada ao nosso Marketing. Não pode fugir a esse controle. Este órgão, dentro da Ressacada, é uma das provas de como a diretoria não trata ou tratou o Avaí com os cuidados exigidos para com as coisas mínimas. Há um quinhão de faturamento enorme, não apenas na Capital, mas também em todo o Estado. Sei também, por relatos de gente do Rio e de São Paulo, que somos "queridos e simpáticos" nestes lugares distantes de nosso quintal. Talvez, supostamente, pela propaganda efetuada pelo próprio Guga. E então voltamos a um estágio anterior e discussão circular.

Desde os finais de 2009, vemos "aventuras marqueteiras" sendo efetuadas dentro do estádio dos tijolinhos à vista dos Carianos. Antes era boa? Não, era amadora. Agora, existem profissionais de primeira linha, com resultados de convento de irmãs carmelitas. A MidiaWeb, a mesma empresa que projetou o fantástico e inteligente aumento de preços dos ingressos, manteve-se à frente deste departamento. Nesse meio tempo, contratou-se ninguém menos que o senhor José Henrique Areias, dotado de um currículo invejável no mundo do marketing esportivo mundial, cuja maior iniciativa foi...trazer o Savio? Quem disse que o Avaí cresceu como marca durante essa "gestão" globalizada?

Logo em seguida contamos com os auspiciosos conhecimentos do senhor Sidnei Speckart, marqueteiro de vitrines de shopping, mas que foi devidamente defenestrado pela razão de o Avaí não ser assim uma loja. Contudo, há que se reconhecer que durante este período de "estágios" no trato com a marca no Sul da Ilha, criou-se a Revista do Avaí, talvez a única peça de exposição do clube com algum caráter de qualidade. Excetuando-se, é claro, as matérias atrasadas e fora de contexto.

O marketing do Avaí não foi o responsável direto pela nossa queda. Não, nada disso. Mas estando ligado à direção demonstrou ineficiência e pouco tino para o negócio. Permitiu que o Avaí passasse pela série A sem explorar esse quinhão. Não moveu um dedo para fazer do Avaí um segundo time nacional de todo mundo. Estou brincando? Não. Em todo o planeta o segundo time de cada torcedor é o Barcelona. E os catalões não possuem um patrocínio na camisa e tampouco são adorados por serem imbatíveis ou campeões eternos. São apenas o Barelona. Quero muito com essa comparação? Quero, sim. Quero ousadia. A ousadia que nos faltou como clube de futebol para nos mantermos na série A.

1 Comentário:

Sergio Nativo disse...

André, nosso amigo Aguiar já sabe minha opinião sobre esse assunto. Postei um comentário em seu blog.

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