quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dossiê Avaí (6), by Alexandre Carlos Aguiar

Dossiê Avaí - as presumíveis razões de nossa queda (6) 

Quando falei dos preços dos ingressos, quase abri espaço para falar mais efusivamente da presença da torcida no estádio. Mas pensei em dedicar um momento especial à essa massa de insanos e gloriosos torcedores, que merece mais respeito e dedicação da diretoria. Ela é quem leva o time nas costas muitas vezes e a contra-partida, que é o reconhecimento, nem sempre é feita. Somos tidos por muitos como uma torcida de fanáticos. Vamos ao limite, e a razão de existir do Avaí é também a nossa. Todavia, houve quem nos imputasse um preço para isso.

O Avaí é capaz de alterar as coisas da cidade. Muda trânsito, horários de vôos no aeroporto, compõe arranjos na política, enfim, pode-se dizer que Florianópolis tem no Avaí um carinho essencial. Pode-se dizer, também, que é a ilha da moça faceira, da velha rendeira e dos avaianos. Claro que existe na cidade um outro clube, tão importante quanto, mas de cada dez florianopolitanos, oito são capazes de cantar o nosso hino, por exemplo, independente do time para o qual torça. Isso tudo é devido à torcida do Avaí, irrequieta, abusada e apaixonada.

O avaiano comemora, efusivamente, todas as suas conquistas. Como torcedores, nos orgulhamos de todas as vitórias e vendemos caro as derrotas. Por isso é que sentimos com pesar um rebaixamento tão tacanho como o de agora, pois um time normal do Avaí não é assim, tão apático, leve e sem alma. Poderia cair, mas iria cair lutando. E a torcida não deixaria barato.

Agora, o que se vê, é uma pasmaceira de dar dó. Talvez, grande parte desse marasmo tenha sido proporcionado pelas transformações recentes em nosso estádio. A manifestação da torcida está esfriando. Cadê as bandeiras, faixas e cartazes? Papel picado, balões, cadê o varal da Raça? Hoje temos apenas o pessoal do parapeito, que alguns insanos queriam ver acabado. Essas coisas típicas dos avaianos não poderiam ser cortadas. Era nossa identidade, foi assim que nos tornamos conhecidos. Porém, uma espécie de esterilização da torcida foi sendo feita, paulatinamente, a começar pelos preços dos ingressos até a "limpeza" das arquibancadas.

A torcida do Avaí, hoje, tem apenas a voz. É poderosa, potente e importante. Mas carece da fantasia e da graça das arquibancadas decoradas. A tal elitização da torcida e a socialização dos custos está matando a vontade de se torcer pelo Avaí.

A queda nesta temporada teve como ponto principal a falta da manifestação da torcida, chamada às pressas quando já era tarde. E a ascensão só será possível se a torcida estiver junto. Não será de outra forma. Antes de montar um elenco competitivo e uma comissão técnica atuante, é preciso que as decisões pueris de afastamento do torcedor sejam abandonadas. Que fique como um pesadelo mal acabado sonhado por burocratas de ocasião.

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