Para treinar a nossa zaga! - by André Luiz Rosa

Caro André;

No domingo após a vitória do AVAÍ sobre o Botafogo fui com minha esposa almoçar numa churrascaria lá na Palhoça, e acabei encontrando aquele que considero ser o melhor zagueiro que vi jogar com o manto sagrado avaiano. Trata-se do grande Altair. Zagueiro altamente técnico e com enorme eficiência na zaga adversária, pois aproveitava muito bem as bolas paradas e não raro emplacava alguns gols na rede “inimiga”.

Nossa conversa foi rápida, afinal de contas ele estava indo rumo ao Sul do Estado, mais precisamente Tubarão. Perguntei a ele se ainda dava pra bater uma bolinha. As palavras do zagueiro foram as seguintes: “Não dá mais. O meu tempo já passou” . Escutando isso, passou pela minha cabeça por que tal frase não foi pronunciada pelos nossos zagueiros no início deste ano, pois poupariam o torcedor avaiano de tamanha humilhação.

Continuando a conversa, perguntei o que ele achava de orientar a nossa zaga, mostrando como sair jogando - sem a necessidade de TODA HORA sair no chutão -; mostrar posicionamento, para evitar tomar tantos gols e aproveitar as bolas que são colocadas, via de regra pelo Lincoln, na área adversária.
 

Utilizando de toda a experiência, o nobre Altair falou que a saída do Emerson prejudicou muito e que o AVAÍ perdeu sua base com a saída de outras peças importantes. Até aí tudo bem, concordo com ele de que a falta de entrosamento atrapalha muito, porém nobres avaianos, com todo o respeito e admiração que merece o grande Altair, dar de canela na bola, falta de tranqüilidade que impede uma saída descente de bola e não conseguir ganhar uma mísera bolinha do adversário, bem estes são aspectos que não se adquirem somente com entrosamento. É necessário, ou melhor, é fundamental ter o que tanto o Altair quanto o Emerson tinham (tem): QUALIDADE, TÉCNICA e TRANQUILIDADE. Estas características o Altair esbanjava, pois assistir inúmeros jogos dele na Ressacada e raramente utilizava do chutão como recurso para afastar a bola da área avaiana. Era um zagueiro de classe, que deixou saudades e que, assim como o grande Emerson, também era capitão e sabia como poucos marcar gols.

nfelizmente, o Altair não voltará mais, assim como não teremos o Emerson. No entanto, a torcida avaiana não se esquece dos seus ídolos, sobretudo aqueles que deram títulos ao clube. Hoje, nossa zaga nos presenteia com o honroso título de ser a zaga mais vagabunda, ou melhor, mais vazada do campeonato. Não me recordo de nenhum vexame que o Altair tenha dado enquanto vestiu o nosso manto sagrado.

Atualmente o nosso AVAÍ já não mais coloca medo em nossos adversários, como outrora fazia. Nossos zagueiros são horrorosos quando estão tentando defender o nosso patrimônio e pior ainda, na verdade cômicos, quando se aventuram na área adversária. Para fechar: no jogo contra o Corinthians, no último lance, o substituto do Emerson, o grande (rsrsrsr) Gian foi presenteado com uma bola vinda de um escanteio cobrado por Lincoln, mas quem esperava uma finalização ao gol deles errou. Talvez não querendo desmanchar o penteado, o zagueirão vergonhosamente “perdeu” o cabeceio. Na verdade não errou, ficou com medo de por a cabeça na bola.....

Nobres avaianos, preciso interromper o assunto “Zaga Avaiana”, pois toda vez que lembro de que Dirceu, Welton Felipe, Gian, Gustavo Bastos, etc, etc, etc jogam no AVAÍ, necessito ficar próximo do WC, tendo em vista que começo a ter ânsia de v......

Ao grande Altair, o meus mais sinceros agradecimentos, por tudo que fez e conquistou com a camisa do AVAÍ. Não nos esqueçamos: o Altair jogou a série C, que na época era a divisão mais humilhante do futebol brasileiro, pois era última. Era uma espécie daquilo que chamamos de “fundo do poço”, mas em momento algum o Altair fugia da briga. Naquela época jogávamos em Pelotas, Campo Bom, Anapólis, Caxias, Itabaiana, etc, etc, etc...Era duro velho, mas não esmorecemos. Vencemos e mostramos a valentia do AVAÍ e que era assimilada por alguns jogadores, como o próprio Altair.

Cá entre nós: hoje os nosso zagueiros dizem que é difícil jogar no Pacaembu, no Morumbi, no Engenhão, no Beira-Rio, etc..Pergunto: algum deles que jogar um série C ????

Abraços a todo(a)s o(a)s avaiano(a)s.....

André Luiz Rosa

* Na foto, oavaiano e Mestre André Luiz Rosa com o zagueiro campeão Brasileiro da Série C de 1998, Altair.