BOZÓ E PIRÃO, by Roberto Costa

André, o Bozó, personagem criado por Chico Anísio celebrizou-se por uma frase que repetia a todo instante: "Eu trabalho na Globo."

Era orgulho do Bozó trabalhar na Globo, a condição que lhe dava status. Com isso, sutilmente o grande Chico expressava a pequenez da figura, que por tão pouco achava-se grande. Hoje o homem do sapato branco assinalou mais um defeito em contratação do Avaí. Ele disse que é bom o Pirão ir tratando de achar logo um outro nome.

O que será que ele tem contra a palavra pirão? Ora, para quem conhece a trajetória simples dessa reduzida figura, dos tempos de dureza desse bobo falante, não é difícil concluir que muito pirão com cardosa deve ter comido em sua infância, adolescência e até na vida adulta.

O que o fez mudar, a ponto de hoje encarar pirão como coisa pejorativa, envergonhar-se dele? Pirão, um alimento tradicional do ilhéu, até há pouco tempo nome de restaurante tradicional da Beira Mar.

Sinceramente, acompanho futebol há muito tempo, e o time do Estreito teve nas antigas um jogador chamado Pinga (as razões do apelido desconheço) mas nunca vi esse verminoso tecer um dedal de crítica por esse apelido.

São pessoas como essa que o Bozó do Chico Anísio retrata, pequenos de alma, vazios de tudo e cheios de si, que se embriagam de títulos e de cargos. Pequenas e tristes figuras, infelizmente do nosso mundo.

Benvindo seja o Pirão. - Roberto Costa

* Roberto da Silva Costa é associado do Avaí Futebol Clube. A charge é do nosso saudoso amigo Mausé.