quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Imprensa, um conto de fadas, by Alexandre C. Aguiar


Há uma velha máxima que diz: cada um acredita naquilo que lhe dá conforto. Seja para aliviar suas próprias mazelas existenciais, ou para poder continuar a se relacionar com o mundo. Ou seja, pode ser por um egoísmo barato ou por interesses. Geralmente, os crentes fervorosos vivem num conto de fadas, sem raciocínio crítico e achando que o mundo é uma terra da fantasia.
Há quem acredite, por exemplo, que a imprensa que nos serve é legalzinha e bacaninha. Tudo bem, pode continuar a ser ingênuo à vontade. Se bem que eu pense que em alguns casos isso não é ingenuidade nenhuma, isso tem outro nome.
Aqui, na Ilha da Magia, temos personagens na mídia que querem ser mais importantes do que a notícia. Se acham poderosos. No código de ética desta profissão há uma recomendação de que o jornalista não pode ser notícia, exceto em casos especialíssimos. Deve ficar sempre atrás das câmeras, do microfone, dos teclados, enfim, o jornalista é o condutor e não o passageiro principal.
Em nosso quintal, contudo, durante muitos anos eles disseram o que deveríamos comer, o que vestir, por onde andar, que música ouvir, em quem tínhamos que votar, para qual time torcer, como falar e como se comportar. Qualquer atitude que fosse diferente ou contrária ao comportamento da “mídia normal” era considerada inconseqüente, grosseira, ilegal, sem-noção e fora da casinha. A mídia, de uma maneira geral, faz o papel dos poderosos e reflete aquilo que eles desejam, anseiam, mandam e desmandam. E publicam.
No reino de conto de fadas da mídia local temos decanos, dinossauros fossilizados a querer manter esse comportamento vitoriano em plena era da tecnologia e da informação. Ainda acham que podem nos enquadrar e dizer o que devemos ser ou fazer. Se acham no direito de nos emparedar. E, o pior de tudo, se associaram a “estrangeiros” que não conhecem a nossa língua, a nossa cultura, as nossas tradições, as nossas atitudes e os nossos anseios e vivem a nos empurrar o vômito e os excrementos deles. São como atores de sua própria ópera-bufa.
Esses mesmos personagens bucólicos, partindo de um argumento ad hoc, achacaram o time do Avaí com o delirante adjetivo “bagaceira”. E uma porção de intelectuais babões achava que tinha que se dizer isso mesmo, o que reflete desprezo pela própria condição humana. Aliás, a velha frase: “estão reclamando do que, se a direção do Avaí os apóia?” é de uma sem-noção tão grande, que dá vontade de não parar mais de rir, tamanha tolice.
No guia do pensamento crítico faltou dizer que opinião e bunda cada um tem a sua. Mas quando isso assume reversões culturais, é melhor ficar de olhos bem abertos.
No conto de fadas da imprensa local os nativos viraram vilões, as gatas borralheiras vão acabar virando sapos e as bruxas malvadas se tornarão celebridades, tudo sob aplausos de interesseiros de ocasião.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra (http://forcaazurra.wordpress.com/)

1 Comentário:

Sergio Nativo disse...

Aguiar, esses hipocritas fazem parte daquele grupo de pessoas que cansaram de falar em desmonte ou “bagaceira" na area da ressacada, mas ficam de bico calado sobre o que esta ocorrendo no outro lado da ponte. Cambada de idiotas! Dessa gente nao se espera mais nada. A lamentar é que tem generico que segue a mesma linha e posa de bacana.

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