terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Trabalho nos bastidores que reflete dentro de campo


O Barcelona sagrou-se campeão mundial no domingo ao vencer o Santos por 4 x 0. Naturalmente, e de bons anos pra cá, imprensa e fãs do futebol destacam a soberania do clube nos campeonatos que disputa e a beleza de vê-lo atuar.

Apesar de toda essa magia em campo, o que muitos não sabem,é que para chegar neste Barcelona impecável de hoje, houve um trabalho árduo nos bastidores do clube. E não digo de muitos anos atrás, mais precisamente, apartir de 2003.

Ao assumir o clube no começo de 2003, o presidente Joan Laporta encontrou o clube na seguinte situação: altas dívidas e baixa receita, torcedores sem confiança no clube e investimentos desnecessários por jogadores, como Fábio Rochemback (13 milhões de dólares) e Geovanni (18 mi de dólares).  Paralelamente, o Real Madrid dava início a era "galáctica".

Neste contexto, a gestão do clube partiu para uma forte reconstrução de sua marca. A mudança começou a partir de uma política salarial de acordo com o rendimento em campo. Um rígido controle de custos foi imposto e o clube mirou a contratação de um jogador para conduzir esta nova era.

Laporta intensificou amistosos na Ásia e Estados Unidos, aumentou significativamente o quadro associativo do clube e apesar do rígido controle nos custos, investiu em jogadores capazes de atrair os torcedores e com forte apelo no marketing. Neste objetivo, Ronaldinho Gaúcho foi o maestro.

Na temporada 2002/2003, o Barcelona registrou €123 milhões em receitas (fonte: Deloitte), ocupando um inexpressivo 13º lugarno ranking geral. Em 2010, apenas sete anos depois, o Barcelona alcançava a incrível marca de € 409 milhões em receitas.

Sandro Rosell deu continuidade ao trabalho de Laporta à frente do clube em 2010. Rosell seguiu fortalecendo alianças, pela primeira vez na história colocou um patrocinador no uniforme do clube e avançou firme na globalização da marca Barcelona (principalmente no mercado chinês).

Na final do Mundial contra o Santos,  pudemos notar a magia de um Barcelona em campo com nove dos onze titulares formados nas categorias de base, exceção feita a Dani Alves e Abidal. Em La Masía, a base do Barcelona, o jogador é preparado com base nos valores humanos, não a partir de vitórias.

Fica esta lição para o nosso futebol, valorizar e investir na base, que os frutos colhidos poderão dar resultados extraordinários. Temos matéria prima, mas nos falta vontade. O Barcelona sabia de sua necessidade e lutou para voltar a ser grandioso. Hoje, tem o mundo da bola aos seus pés. 
Dica: leitura do livro “A bola não entra por acaso” de Ferran Soriano, referência para este texto.

*Eduardo Esteves é publicitário e profissional da área de marketing esportivo.

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