A arena nossa de cada dia, by Alexandre C. Aguiar
Com o advento da Copa do Mundo pipocaram pelo país os projetos de
construção de arenas, de praças esportivas ultra-hiper-super modernas,
com desenhos e arranjos mirabolantes, visuais extraordinários, charmosas
fachadas e espaços arrebatadores. A carga de adjetivos para estas
arenas é imensa. É impactante.
Se formos analisar no lápis e papel, muitas dessas demonstrações de
soberba e suntuosidade não passam de moeda de troca na condução de
incautos torcedores. São propagandas deliciosas feitas para aqueles
modinhas, que aparecem na boa fase e vibram com qualquer vidrozinho
fazendo papel de alambrado.
Torcedores fieis e grudentos acompanham seu time em pé mesmo, ou
sentados numa latinha até naqueles jogos contra o Murubixona do interior
do Acre, valendo vaga numa oitava de final de uma série D. Ou seja, os
dirigentes e dezáiners de ocasião tem que entender que o que move uma
torcida a um estádio brilhando, ou àqueles xexelentos mesmo, é uma
campanha vitoriosa.
Porém, a praga das arenas-naves-espaciais está mobilizando os
imprudentes. E o desafio dos dirigentes é colocar mais ambição na mesa,
para ver se alguém (ou alguéns) compra o pacote e se comove com tanta
firula.
Eu sou da opinião que time de futebol é feito para jogar futebol. E
que o seu estádio é o local de encontro dos que estão afim de torcer
para qualquer situação em que se encontre seu clube.
- Ah, Alexandre, estás promovendo um pacto de mediocridade.
Não, estou sendo realista. Se sobrar dinheiro, se surgir aquela verba
devida pelos governos caloteiros, que se melhorem as dependências do
estádio. Que se construam banheiros decentes, bons camarotes, cadeiras
confortáveis, um bom gramado e arranjos os mais diversos para que o
torcedor se sinta devidamente instalado e digno para torcer pelo seu
time. E que os visitantes também se sintam bem acomodados.
Mais que isso é ensebação capitalista, ajeitamento desnecessário para
que, numa má fase, a jóia fique às moscas. Ou que seja freqüentada
apenas por aqueles que reconhecem o conteúdo e não as aparências.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra.
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