terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A arena nossa de cada dia, by Alexandre C. Aguiar

Com o advento da Copa do Mundo pipocaram pelo país os projetos de construção de arenas, de praças esportivas ultra-hiper-super modernas, com desenhos e arranjos mirabolantes, visuais extraordinários, charmosas fachadas e espaços arrebatadores. A carga de adjetivos para estas arenas é imensa. É impactante. 

Se formos analisar no lápis e papel, muitas dessas demonstrações de soberba e suntuosidade não passam de moeda de troca na condução de incautos torcedores. São propagandas deliciosas feitas para aqueles modinhas, que aparecem na boa fase e vibram com qualquer vidrozinho fazendo papel de alambrado. 

Torcedores fieis e grudentos acompanham seu time em pé mesmo, ou sentados numa latinha até naqueles jogos contra o Murubixona do interior do Acre, valendo vaga numa oitava de final de uma série D. Ou seja, os dirigentes e dezáiners de ocasião tem que entender que o que move uma torcida a um estádio brilhando, ou àqueles xexelentos mesmo, é uma campanha vitoriosa. 

Porém, a praga das arenas-naves-espaciais está mobilizando os imprudentes. E o desafio dos dirigentes é colocar mais ambição na mesa, para ver se alguém (ou alguéns) compra o pacote e se comove com tanta firula. 

Eu sou da opinião que time de futebol é feito para jogar futebol. E que o seu estádio é o local de encontro dos que estão afim de torcer para qualquer situação em que se encontre seu clube. 

- Ah, Alexandre, estás promovendo um pacto de mediocridade. 

Não, estou sendo realista. Se sobrar dinheiro, se surgir aquela verba devida pelos governos caloteiros, que se melhorem as dependências do estádio. Que se construam banheiros decentes, bons camarotes, cadeiras confortáveis, um bom gramado e arranjos os mais diversos para que o torcedor se sinta devidamente instalado e digno para torcer pelo seu time. E que os visitantes também se sintam bem acomodados. 

Mais que isso é ensebação capitalista, ajeitamento desnecessário para que, numa má fase, a jóia fique às moscas. Ou que seja freqüentada apenas por aqueles que reconhecem o conteúdo e não as aparências.

* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra.

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