PARCERIAS, by Flávio Ricardo Félix

Primeiro, antes de qualquer outra consideração, cabe sem dúvidas parabenizar a todos pela conquista do título mais representativo da década.  Presidente, Diretores, torcedores e mais do que ninguém, jogadores e comissão técnica que conseguiram o que ninguém, ninguém mesmo, apostaria uma moeda furada. Este título transcende ao sobrenatural e somente Nelson Rodrigues, em sua genialidade, poderia "pintar" esse retrato com fidalguia, colocando nele aquelas nuances em palavras que nossos olhos não conseguem captar.  Paulo da Costa Ramos, por aqui,com sua pena deslumbrante, conseguirá, se já não conseguiu, com certeza emoldurar tudo que vimos, tudo o que todos torcedores escreveram nestes blogs, com com tintas misturadas as lágrimas de felicidade. Parabéns a a todos os campeões.

Depois para falar da tal parceria. E ai vem a conjunção adversativa, porém. Como oposicionista assumido dessa gestão do Zunino, eu e a imensa maioria da torcida avaiana, não poderia deixar de colocar minhas sensações com relação a ela. Embora raramente venha a público criticar as questões do clube, o que se pode contar nos dedos de uma mão nos ultimos 10 anos, dessa vez não poderia deixar passar em branco, pois o anúncio e apresentação de ontem, com todas suas consequência me fez relembrar nossa parceria feita com o São Paulo Futebol Clube. Então vamos lá, para que teus leitores possam ler, e avaliar as semelhanças.

Nos idos dos anos de 97/98/99, diante de toda falta de estrutura e base técnica em diversas áreas do clube, aliás, não só do clube, mas do futebol brasileiro no todo, procuramos o São Paulo Futebol Clube para buscarmos principalmente conhecimento. Quem abriu estas portas foi Eduardo Gomes, se não me engano amigo do atual presidente e nosso saudoso Calgaro. De lá veio a notícia de que as portas estavam abertas e o presidente sãopaulino  indicou seu Diretor de  Marketing, Lúcio Araújo, para dar seguimento a parceria. Tudo alinhavado, com diversas visitas dele aqui para conhecerem o clube com quem dividiriam de alguma forma o nome deles. Na época, pós Telê Santana, sobravam em todos os sentidos, dentro e fora do campo. Todas as questões foram acertadas.

Daí o grande diferencial. Foi marcada a data da assinatura. Para isso, valorizando a ação, creio que inovadora no futebol brasileiro, fomos, Presidente Executivo, do Conselho, patrocinadores - Eduardo Gomes e Humberto Calgaro e pagamos, sim pagamos, as passagens e despesas de repórteres de duas rádios da Capital, e posso citar os nomes, Polidoro Júnior e Américo Vargas, para transmitirem a assintura da parceria, ou convênio, que seja. Lá chegando, dando também grande importância ao ato, ao Avai, estava nos aguardando toda diretoria do Clube Paulista e imprensa. O ato foi transmitido para todo o pais pelas rádios de lá e pelas rádios daqui. Tudo ao vivo, no meio de uma tarde de um dia da semana.

A parceria não visava meros negócios de jogadores e sim dar um "up" em todos os setores do clube. O mais importante é que em troca da abertura de todas as portas do Morumbi, do seu excelente centro médico, centro , de formação de jogadores, da administração, marketing e outros, dávamos simplesmente o direito de preferência, nada mais do que isso, se houvesse algum interesse em nossos jogadores. Nenhum outro benefício. Durante algum tempo diversos profissionais nossos foram para São Paulo, posso estar me equivocando, mas Pantera, preparador físico, Nilsão, preparador de goleiros, Pereirinha, massagista, Ronaldo, administrativo, dentre outros. Foram hospedados nas dependências do clube sem qualquer custo. Sem contar que o diretor de marketing do São Paulo, passou vários tempos por aqui nos dando embocadura, já que nessa época este segmento estava apenas embrionário no futebol brasileiro, imagina em Santa Catarina. Foi dali que nasceu na época a grife, "Avai Sport Line", depois na nossa saída, abatida a tiros, mesmo com o enorme sucesso comercial que teve. Dali saiu a primeira loja do leão, dentre outras iniciativas pioneiras.


Em tempo: O documento, assinado em público, foi emoldurado e pendurado ao lado da sala dos troféus, para visitação pública. Não havia cláusula de confidencialidade.

Flávio Félix