AMOR À CAMISA?, by Roberto Costa

Vivemos dizendo que o elenco avaiano é fraco e acho que é mesmo, mas em certas oportunidades superou-se, foi vibrante e obteve resultados surpreendentes, saindo de campo sob nossos aplausos. Assim foi na arrancada em busca do título estadual, que culminou com os dois clássicos arrasadores, e a vitória sobre o América MG, onde basicamente esse mesmo plantel sufocou o time que era então, "o bicho" do campeonato.

Nessas oportunidades não havia apatia, todos ralavam a bunda em busca da bola e o que faltava em qualidade era suprido com suor, disposição e raça. Ultimamente todos têm sido burocráticos, passivos. Cumprem o expediente de noventa minutos e desligam.

Mas não seria essa passividade, essa falta de raça na verdade uma questão de salários em atraso?

Não lembro com exatidão, mas parece que foi antes do jogo com o América MG (nosso melhor jogo) que o Clube colocou alguns salários em dia. Se realmente isso se confirma, então é sintomático, e o que nos cabe fazer, na condição de torcedores? Pendurar no pescoço do grupo um crachá de "mercenários"?

Talvez até se pudesse, quem sabe, distinguir o quanto há de má qualidade e o quanto de desestímulo, para explicar essa fase perniciosa que atravessamos. Não pude assistir ao jogo de ontem contra o Goiás, mas ouvi que nem Cleber Santana compareceu verdadeiramente, de corpo e alma.

Esses atletas, não podem ter esquecido os meandros do ofício, eu acho, esperam apenas a contraparte que lhes cabe, nos termos da letra que assinaram.

Uma coisa não se pode contestar, que jogador também tem os seus compromissos, suas contas a pagar, e jogar por amor à camisa caiu de moda, é coisa de uma era romântica que se foi.

* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube.