SEM PAIXÃO NÃO DÁ, by Roberto Costa
O que motiva um cidadão bem sucedido materialmente na vida, a
vincular seu nome à presidência de um clube de futebol profissional?
Acho que um leque de possibilidades abre-se aqui, vejamos três.
1 - Amor
ao clube, ou seja, paixão de torcedor, muito, ou totalmente ausente nos
tempos atuais.
2 - A vaidade de ver-se projetado na sociedade e na
mídia, esta pode acompanhar as outras duas.
3 - Interesse em tirar
proveito material da função. Esta a motivação mais assídua no mundo do
futebol hoje em dia, capaz de excluir a primeira..
Já ouvi de torcedores brócoles, quando a aventura de PPP, a
princípio vitoriosa, caminhava para um final trágico, a queixa de que
antes de tornar-se presidente do clube do Estreito ele sequer curtia o
futebol, não ia a campo, não se tocava do calor da torcida. Sabe-se que
antes de projetar-se por lá, oferecera-se como opção para presidir o
Leão, indício de que sua motivação era mesmo de fundo empresarial, de
ter um clube como objeto de seus interesses.
O atual mandatário do clube do continente assustou torcida e
conselheiros com seu contrato leonino. O contrato, como se sabe,
sucumbiu por acordo entre as partes, após pequena revolução intestina. Seguiu-se a aclamação do signatário como presidente, talvez uma peneira
diante do sol, pois sua índole mercantil restou explícita e o torcedor
com um pé atrás.
Na ilha, o presidente após ganhar as graças da torcida com algumas
conquistas de peso, com a montagem de um time bastante competitivo,
responável por uma campanha invejável na série A, repentinamente
começou a jogar tudo pelo ralo, a fórmula vencedora, o empresário então
eficaz e, a exemplo de PPP, a adoção dessa espécie de "nepotismo", do
filho inserido na administração. E mais, após a conquista de um
bi-campeonato estadual que fez a alegria da torcida, e o torcedor sempre
quer vencer, quando todos esperavam o zêlo, os cuidados para a campanha
do tri, eis que iniciamos o certame com um time reserva, perdendo de
saída, em casa, para a Chapecoense, um dos candidatos e, ao final, o
dono do título.
E seguiram-se daí em diante novas atitudes a sugerir que
também no sul da ilha a índole mercantil passou a suplantar por
completo a índole esportiva, as finanças desequilibradas, os anseios do
torcedor levados a segundo plano, infelizmente, porque sem paixão não
dá.
* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube
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