quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Presidente do Avaí, João Nilson Zunino avalia 2012 e projeta próxima temporada


Mandatário do Leão deu uma entrevista exclusiva para os veículos do Grupo RBS

Zunino tem muitas mágoas com jogadores que fizeram parte do elenco de 2012
Foto:  Julio Cavalheiro  /  Agencia RBS
Foi um ano desgastante para o Avaí. E isso respingou no presidente do clube, João Nilson Zunino. De episódio em episódio, o comandante azurra foi colhendo frustrações. De boas lembranças, sobrou o título estadual. O resto trouxe indignação: a greve dos jogadores, o "caso Bruno", o calote do Flamengo e até a influência de empresários em cima dos jogadores. Motivos suficientes para comemorar o final de um ano de percalços.

Greve
Em 2012, poucas coisas irritaram tanto João Nilson Zunino quanto a greve feita pelos jogadores no dia 31 de outubro, às vésperas da partida contra o Ceará, pela Série B. Reivindicando salários atrasados, os atletas aproveitaram que o gerente de Futebol, Marcelinho Paulista, e o presidente estavam fora para decidir que não iriam a campo treinar. Zunino foi avisado pelo telefone, e sua reação, imediata:

Eu disse para falar com o Mesquita (treinador da base) para não deixar nenhum menino do júnior entrar de férias e que eles ficassem de prontidão para viajar para o Ceará. E isso foi passado aos jogadores. No outro dia estavam lá, cedinho, treinando.

A situação, segundo Zunino, estava sob controle. Os jogadores haviam sido avisados que os pagamentos atrasaram por causa da dívida do Flamengo na contratação de Cleber Santana e Renato Santos. Pego de surpresa, o presidente afirmou que muitos agiram de má fé:

— O que poucos sabem é que o financeiro do Avaí estava preparando o dinheiro para pagar no final do treinamento. Eu disse para não levar, para não pagar um tostão. Depois me perguntaram quando ia pagar e eu disse que não tinha. Aí ao invés de pagar os dois meses, paguei um. Hoje, ficaram só os escolhidos a dedo, o resto foi tudo embora. Não dá para ter confiança em um grupo desses. E eles sabem que fizeram muita besteira.

Bruno
No dia 1º de novembro, o volante Bruno, jogando no Avaí há quase cinco anos, resolveu colocar o clube na Justiça. O jogador reivindicava dois meses de salários atrasados, além do recolhimento do FGTS. O resultado foi diferente do que muitos esperavam: em litígio, Bruno seguiu jogando e foi alçado a capitão da equipe. A mudança não agradou a Zunino, que preferiu não interferir na decisão do então treinador, Argel Fucks.

— A situação dele ser capitão me incomodou. Ele estava em litígio com o clube e o treinador nem devia tê-lo colocado em campo. Agora, pegar um cara que está entrando na Justiça e prestigiá-lo como capitão? Tem que ser um débil mental! É um cara que não sabe que isso repercutirá mal em qualquer lugar do Brasil — lamentou o dirigente.

No final de novembro, o clube e o jogador chegaram a um acordo. Com propostas para sair, Bruno não encontrou resistência e assinou com a Ponte Preta.

Problemas financeiros
O ano no Avaí esteve marcado por problemas financeiros. A partir do segundo semestre, o clube não conseguiu cumprir com os pagamentos e atrasou os salários dos jogadores e de alguns funcionários. Para resolver a situação, Zunino resolveu vender os dois destaques da equipe ao Flamengo. Cleber Santana e Renato Santos deveriam render aos cofres do Leão cerca de R$ 3,1 milhões. Porém, apenas uma das parcelas acertadas foi paga.

— Por que o Avaí teve esses problemas todos? O Flamengo, o Coritiba, o Corinthians... Se todos pagassem, terminaríamos o ano com excedente. Aí passamos vergonha por causa desses caras que não pagaram.

A situação passou a incomodar e, no dia 28 de novembro, o clube emitiu uma nota oficial cobrando a dívida do Flamengo. O assunto repercutiu na imprensa do país, porém, o Leão não conseguiu nenhuma resposta do clube carioca.

Laércio
No Avaí desde 2007, Laércio Carrerinha era considerado uma das grandes apostas da base. Atacante canhoto e de velocidade, viveu altos e baixos, principalmente em 2012, onde passou de jogador não relacionado a titular e vice-artilheiro da equipe, marcando quatro gols nas últimas quatro partidas da Série B. A escalação de Laércio era pedida pelo presidente, porém, foi o próprio Zunino que decidiu barrar o jogador na reta final da segunda divisão. O motivo: a negociação para a renovação de contrato, que vence no dia 25 de janeiro. Motivado pelo empresário, o atacante rejeitou as propostas do Leão e pediu valorização, considerada excessiva.

— Este menino sabe o quanto eu o protegi. Não deu bola e vai embora. Os cânceres que existem no futebol são os empresários de jogadores. O Laércio é uma joia, mas assinou com um empresário que faz a cabeça dele. Um guri que recém saiu dos juniores e chegamos a oferecer R$ 50 mil de luvas e R$ 20 mil de salários. Como não fechou quando a gente ofereceu, diminuímos as luvas para R$ 25 mil. Fizemos o contrário do que o empresário queria.

Próximo do América-MG, Laércio agora terá que esperar para acertar com um novo clube. Zunino decidiu que não libera o jogador antes do final do contrato.

— Se nós temos que pagar, ele tem que estar lá (na reapresentação).

Hemerson Maria
Quando assumiu o Avaí no Catarinense, Hemerson Maria era desconhecido. Treinador das categorias de base, pegou o time em péssima fase e, ao lado de Cleber Santana, comandou o time no título estadual. Cinco meses depois, Maria foi demitido, mesmo contando com o carinho da torcida. Em seu lugar, assumiu Argel Fucks, que nunca foi unanimidade e não conseguiu o objetivo de chegar ao acesso.

— Não foi um erro demitir o Hemerson Maria. Ele vai ser um grande treinador. Saímos com um relacionamento bom. Mas havia a necessidade. Ele ainda não tinha traquejo. Porém, quando trouxemos o Argel, a gente já não acreditava mais, vimos que seria difícil — admitiu Zunino.

Cleber, o fora de série
Existem grandes chances de o Avaí contar com o meia Cleber Santana na próxima temporada. O jogador pretende deixar o Flamengo e retornar a Florianópolis. O atleta tem mantido contato frequente com o presidente Zunino, que deve ir ao Rio de Janeiro tratar com o diretor de futebol do clube carioca, Paulo Pelaipe, para acertar a volta.

— Ele é fora de série. Não é só de bola que estou falando. É o caráter, a personalidade. Aí me perguntam: "o Avaí tem dinheiro para pagar o Cleber Santana? Claro que não. Mas ele me disse assim: "presidente, é tu que me diz quanto podes pagar". Ele simplesmente aceitaria vir jogar aqui por 22% do que o Flamengo pagaria para ele.

Jobson não vem
De quase acertado em 2012, Jobson virou descarte para a próxima temporada. Porém, se dependesse do presidente Zunino, o atacante seria a aposta para o ataque na Série B de 2013.

— A comissão técnica chegou à conclusão de que a contratação não é interessante. Preciso respeitar a decisão deles. Particularmente, como médico, acredito que teríamos condições de ajudar a recuperar esse rapaz, que é bom de bola. Mas não foi esse passado do Jobson [que foi afastado do futebol por estar viciado em cocaína] que fez com que ele não viesse.

Marcelinho fica
Desde que substituiu Carlito Arini como homem forte do futebol, Marcelinho Paulista nunca foi unânime. Com falhas nas contratações e algumas trapalhadas, como os anúncios não concretizados de Tinga, Jobson e Marquinhos Paraná. Zunino não vê assim. O mandatário avaiano acredita no trabalho do ex-jogador e afirma que, por enquanto, segue no cargo.

— A diretoria ainda não fez avaliação definitiva, mas eu não o vejo como alguém que precisa ser descartado. Ele o Rondinelli (Julio) é quem estão contratando, mas sem alardes. O Marcelinho é um grande sujeito, grande profissional. O problema é que ele recebeu garantias de fora do Avaí, quando chegou, e essa palavra não foi cumprida. Como eu vejo que o trabalho está sendo feito com competência não tem muita mudança a fazer.

Força de SC
Com cinco clubes entre os 40 principais do país, Santa Catarina ganha cada vez mais força política junto à CBF. Segundo Zunino, muito desse prestígio é em função da atuação do presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim de Pádua Peixoto.

— Eu vejo um crescimento muito grande. O futebol catarinense melhorou nos últimos anos. Às vezes, a imprensa faz críticas à Federação Catarinense de Futebol, mas o Delfim tem prestígio grande na CBF, e isso ajuda os clubes de Santa Catarina. Se os caras têm respeito, a hora que ele vai reivindicar, eles olham de outro jeito. É quase imperceptível esse prestígio para quem está fora. São coisas políticas, lá é assim. Essa questão de vagas para Copa do Brasil, ele tem participação, por exemplo.

Arena de R$ 600 mi
O sonho do Avaí ter uma arena nova está nas mãos do clube. O Leão estuda fazer uma parceria com uma empresa que quer fazer nos campos de treinamento hotéis, centro de eventos, estacionamento com mais de 3 mil veículos, um prédio de escritório e uma arena nova, com capacidade para 32 mil pessoas. O valor previsto gira entre R$ 500 e R$ 600 milhões.

— A Arena seria do Avaí, sob todos os aspectos, com a economia da manutenção, mas sem interferir no futebol. Porém, com usufruto deles para grandes shows. Eles pagariam um percentual da receita dos outros empreendimentos. E, em 30 anos, tudo seria devolvido à estrutura do Avaí. Enquanto construiria a Arena, aquele estádio da Ressacada, pré-moldado, iria para outro lugar. Palhoça já aceitou receber, em um lugar a ser definido por eles, e depois ficaria para o município.
Fonte: clicRBS

5 Comentários:

Anônimo disse...

- Bruno está certo. Continua mantendo seus serviços à disposição do clube. O Avaí está certo. Enquanto não houver nenhuma decisão em contrário, o volante é jogador do clube.
http://andretarnowskyfilho.blogspot.com.br/2012/11/bom-dia-azurras_3.html


- A situação dele ser capitão me incomodou. Ele estava em litígio com o clube e o treinador nem devia tê-lo colocado em campo. Agora, pegar um cara que está entrando na Justiça e prestigiá-lo como capitão? Tem que ser um débil mental! É um cara que não sabe que isso repercutirá mal em qualquer lugar do Brasil.
http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/esportes/noticia/2012/12/presidente-do-avai-joao-nilson-zunino-avalia-2012-e-projeta-proxima-temporada-3995929.html

abs - joão mignorini

André Tarnowsky Filho disse...

Valeu, João!

Já havia visto teu comentário no outro dia. E pelo mar de incoerências dessa gestão, não mudo uma vírgula do que escrevi.

Bruno procurou seus direitos e o clube, pela má administração, quase perdeu qualquer direito que tinha sobre o atleta. Havia a ação, havia a audiência marcada, mas mesmo assim, o jogador fez sua parte em campo, jogando bem e anotando o gol da vitória.

Sobre o "débil mental", só tomou essa decisão porque NUNCA havia recebido um centavo do Avaí. Ou seja, Fucks também provocou quem não lhe pagava...

Abraços!

IVAN disse...

Esse Zunino quando abre a boca.....
Vejamos: O Bruno ele era contrário à escalação porque estava em "litígio" com o clube, mesmo assim ele não fez nada e deixou o Fucks escalar.
O Laércio, por não terem entrado em acordo na negociação da renovação, simplesmente o próprio Zunino barrou o jogador.
Ora! Porque ele não barrou o Bruno também?
Ah Zunino! Cala a boca!

E o que dizer de uma pessoa que sabe que deve, tem o dinheiro, não paga e se sente ofendidinho quando é cobrado?
Ora Zunino! Cala a boca denovo!

Saudações,
IVAN

André Tarnowsky Filho disse...

Posagora, Ivan...

Não leste o recado sobre o churrasco no bar do Fernando? Cheguei a comentar com ele...

Abraços!

Anônimo disse...

Quanto mais ele se explica, mais se complica. Uma incoerencia atras da outra. Nao da mais.

Feliz 2013 a todos, e em especial ao blogueiro dono deste espaco que abusamos de utilizar falando do nosso clube!

Silvio;

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