O regulamento é bom, by Roberto Costa

Como se sabe, em 98 o Avaí foi campeão dos dois turnos do estadual. Foi para a fase decisiva e não repetiu o sucesso, não conquistou o título. Os torcedores avaianos acharam-se prejudicados, críticas foram feitas em relação ao regulamento, todos entendendo que mais lógico seria o vencedor das duas fases ser declarado campeão, a crônica também endossou essa forma de ver.

 

Ano passado, catorze anos após, a história se repetiu, o tombense ganhou os dois turnos e não levou, sendo derrotado fragorosamente nos dois jogos finais e decisivos. Como se recorda, o chororô foi imenso, a mídia alugada condenou a posteriori e com todo o rigor a forma aprovada pelos clubes participantes, da qual estavam todos cientes e não podiam alegar ignorância, e mesmo assim o clube dito "prejudicado" lamentou-se diante daquilo que ajudara a estabelecer, em decorrência do amargo desfecho.

 

Este ano, ensaiaram os aluguetes no início do certame renovadas críticas à forma de apuração do vencedor, recomendando mudanças etc. Como a Chapecoense logo disparou, jogando um futebol bem superior aos demais participantes, e vencendo o turno, fazendo crer que pudesse repetir a façanha no segundo, a mídia alugada amoitou-se, não teceu novas críticas ao mesmo regulamento, porque a manutenção do sistema agora interessava também ao clube que ela, mídia, apóia. Ouso mesmo dizer que, tivesse ano passado ao invés do tombense, a Chapecoense vencido os dois turnos, sem ser declarada campeã, os "problemas" de regulamento passariam desapercebidos.  A contundência das críticas ao sistema de apuração do vencedor no ano passado deveu-se em muito ao sentimento de derrota, que contagiou ao final os deformadores de opinião, os festeiros de véspera, os que apregoaram pelos ares que certo time voava, e coisas outras do gênero. Não vejo a razão de tanta condenação do regulamento, acho que os seus críticos não raciocinam o suficiente.

 

O Campeonato tem de visar dois fatores essenciais, os quais interagem entre si: muita emoção nos espetáculos e o rendimento econômico. Quanto mais emoção, mais público, quanto mais público, mais rendimento. É a equação que deve prevalecer, é a mais inteligente. Sob a ótica pretendida, de declarar-se campeão o vencedor dos turnos, a campanha brilhante de um clube que vença-os, acarretará o esvaziamento precoce, o murchamento do campeonato, em emoção e em rendimento, pois o filé mignon do quadrangular final, que é o point da emoção e do rendimento, não acontecerá.

 

Portanto, acho que o regulamento é bom e não deve fugir muito dessa forma em vigor. Os que o querem alterado, mídia incluída, são os ressentidos das duas sonoras sovas do ano passado, na Ressacada e no Remendão.

* Roberto Costa é associado do Avaí Futebol Clube