NOSSOS ERROS BOBOS, by Roberto Costa

Foto: Mafalda Press

Não se tem muita esperança de que as opiniões que emitimos neste espaço cheguem aos ouvidos da equipe técnica do Avaí, nem que, em chegando, obtenham acolhimento. Mas ainda assim, todos que comparecem com seus textos pretendem jogar a público as suas mensagens, sejam contundentes ou elogiosas, tragam algum benefício ou não..

Por exemplo, e não estou sozinho na opinião, desde o goleiro Renan nossa torcida tem visto gols tomados e alguns lances complicados em razão de nossos goleiros se postarem fora da pequena área. Lembro que Renan, que iniciava uma carreira promissora, abrilhantada por uma convocação à Seleção Brasileira, complicou-se em muitos lances por esse detalhe, pra mim um defeito. Não foi por outra razão que perdeu a titularidade quando defendia o Corinthians, num jogo importante tomou um gol por cobertura, o qual, estivesse a meio metro da trave, defenderia com facilidade.

O primeiro gol da Chapecoense, que complicou mais do que seria esperado, foi um desses lances, uma imperdoável falta de sintonia do Tiago com a importância do jogo. É sabido que no futebol se perde ou se ganha por questões de detalhe. O que se passava na cabeça do Tiago, para ele estar tão ausente, tão fora da casinha, para usar expressão corrente?

O dia era especial para Tiago, ia substituir o titular. E sair jogando num jogo de crucial importância é oportunidade de ouro para um goleiro se consagrar, para um goleiro realizar ótima atuação e deixar o incômodo banco de reservas, virar herói do jogo. Essa devia ser sua meta. Tiago tinha de ter entrado em campo com a adrenalina a mil, os olhos de lince abarcando tudo como dois radares, as mãos mantidas crispadas de tensão, o coração a duzentas batidas e totalmente focado no jogo. Nenhuma desatenção lhe era permitida, ele mesmo devia não se permitir nenhuma. Entretanto, esse moço estava displicente à frente da pequena área, como um poeta à beira da praia, e só lhe restou observar a bola que passava fora de seu alcance para morrer a meia altura no canto do gol..

Não é com pretensão de queimar o Tiago que escrevo essas coisas, é com alguma esperança de que os responsáveis pelo treinamento dos goleiros observem esse detalhe que, repito, não observo sozinho. 

De resto, foi precoce a escalação de CS88 sem ritmo, acho que o jogo requeria um meio campo mais pegador. Eduardo Costa era fundamental, uma pena. A expectativa era de que Márcio Diogo entrasse no intervalo, é nosso único atacante que atua com lucidez dentro da área, Hemersom Maria esperou demais. Nossa zaga infelizmente optou por não matar o lance na jogada do segundo gol, e a falta faz parte do jogo. Dói constatar, erros bobos, dois gols perfeitamente evitáveis. 

- Roberto Costa é associado do Avaí FC