Vara verde, by Alexandre C. Aguiar

Um exemplo bem claro de decepção e frustração que se mantém como um esqueleto guardado no sótão dos brasileiros é o famoso Maracanaço, quando perdemos a final da Copa do Mundo de 1950, em casa, para o Uruguai.
E o de superação diante das adversidades foi a vitória de Ayrton Senna num Grande Prêmio do Brasil, correndo com dores no corpo e com o mecanismo de marcha do carro quebrado.
Os choros e emoções incontidos estiveram em altíssimos níveis em cada um deles, por quem participou e dos que assistiram.
Temos vários exemplos e cada torcedor de qualquer esporte pode nominar aquilo que o marcou. A nossa condição de humanos nos faz lembrar de cada um deles e rememorar quantas vezes quisermos. Há quem chore até hoje ao assistir ao trágico acidente que nos tirou Senna. E há quem pule de alegria ao rever a seleção de basquete brasileira de Oscar Schmidt vencer os Estados Unidos, na casa deles, num destes jogos pan-americanos.
Por sua vez, alguns povos sofrem menos ou exultam bem pouco a cada um dos eventos em que participam, até chegarem à frieza completa. E por incrível que pareça são os mais vitoriosos. Os que deixam desaguar as suas lágrimas a cada evento emotivo são, dessa forma, os menos preparados e mais perdedores. Não existe um regra estabelecida, mas é o que se percebe na maioria das vezes.
Nesta terça-feira vi com certa fleuma este comportamento na Ressacada. A vaia avassaladora e inevitável proporcionada pelos torcedores diante de uma derrota inequívoca para um ASA da vida deu lugar, imediatamente, a uma explosão de alegria daquelas costumeiras da galera avaiana na virada improvável que ocorreu. Foi espetacular! Ficou na memória e será comentado e lembrado sempre.
Foi de zero a cem em poucos segundos, subvertendo as ordens fisiológicas cardíacas e mandando a razão para os quintos. O emocional completamente desregulado, que é apanágio dos sofredores como são os avaianos.
Contudo, quando isso vem de torcedores, somos obrigados a aceitar, afinal a passionalidade é sua marca. Agora, quando isso parte dos atores dentro do gramado, da forma como foi, de jogadores alguns com carreiras e idades bem rodadas, surge uma ponta de preocupação. Não estavam preparados? Alguém dirá que jogam junto com a torcida, que são guerreiros, porém, inequivocamente, é sinal de desequilíbrio.
A explicação para a irregularidade e os fracassos do suposto time avaiano está começando a ficar devidamente configurada.
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