O LEÃO PRECISA RUGIR, by Roberto Costa

Passada a ressaca do vinho doce, daquele segundo tempo contra o Joinvile, só nos resta encarar a dura realidade. O time parece ser pior que o do ano passado, que dramaticamente obteve subir para a primeira divisão.

Geninho queixou-se no intervalo do jogo, que os jogadores não retinham a bola, que todos queriam livrar-se dela. Tal atitude é um indicativo de insegurança, de precariedade técnica dos contratados. Ter a bola nos pés é uma responsabilidade, há o risco de perdê-la, e há todo um circo em volta julgando. Então, como se diz, se a bola queima, o inseguro se revela, ele a transfere de imediato, ou seja, transfere a responsabilidade. 

Já o craque, ou mesmo o bom jogador, vê a posse da bola sempre como um momento de gala. É a chance de apresentar uma boa jogada, mostrar seu cartão de apresentação, firmar seu nome. Quando excepcionalmente se livra da bola de imediato, é porque já pensou antes, é quando executa o toque divino, o lance genial. Coisa de outra dimensão, de Neymar, de Messi etc. 

O time quase todo do Avaí, principalmente no primeiro tempo, jogou despachando. Então a queixa de Geninho procede. Mas, segundo ele próprio, houve critérios na escolha dos contratados, consultas sobre a atuação dos jogadores no ano anterior, etc. Convém então buscar identificar o ponto da falha, o erro na avaliação. 

A situação está mais difícil do que se esperava por razões próprias do Avaí, mas a pouca qualidade mostrada em campo até agora, não absolve os responsáveis pelos prejuízos supostamente arquitetados. Dois pênaltis claros não marcados em quatro jogos, tabela cretina, um tribunal de justiça desportiva conduzido por torcedores, horários de jogos péssimos e a marcação severíssima de seu melhor atacante, o Anderson Lopes, por dois que deixaram livremente bater, empurrar, jogar ao chão: Heber em Ibirama e Ronan (coisa horrorosa) no jogo de ontem. Nosso presidente ontem, após o jogo, disse ter feito algum protesto, não ouvi direito a quem. 

Presidente Nilton, só pra lembrar, que o senhor é um homem experiente, não temos time que jogue fora das quatro linhas, mas há coisas que se recompõem na ruptura. Um brado que seja ouvido nacionalmente, uma ameaça de "melar" o campeonato e, claro, a disposição de fazê-lo, se necessário for. O Leão precisa rugir, presidente. Existe antecedente com bons resultados. Eu exagero? Não, exageram eles.

* Roberto Costa é associado do Avaí FC.Foto acima: Internet