sábado, 11 de julho de 2015

A FOFOCA QUE FLUTUA, by Alexandre C. Aguiar

Você sabe quando uma pessoa é digna de pena? Quando ela repercute coisas ouvida dos outros, sem analisar, para posar de bem informado. Na vida da internet, nos últimos anos, isso tem crescido como fermento de pão.

Antigamente eram as conversas ouvidas atrás da porta, na parede conjugada, da janela, numa aproximação sem muita importância. O sujeito ouvia algo, fazia-se de morto para não levantar suspeitas e saia difundindo aquilo que acabara de escutar e com a versão que ele entendeu, ou que oferecesse mais confusão.

Tinha até um nome para isso: marocas. Fuxiqueiro, fofoqueiro, intrigante, leva-e-traz, também serviam.

Hoje em dia, com o advento da internet, tornar-se fofoqueiro ficou mais profissional ainda. As coisas ditas aqui e ali posam de boas informações e, assim, o que era apenas uma suspeita, uma hipótese, uma fumacinha na lareira toma ares de verdade. O problema é arrumar isso depois, quando o estrago já foi feito.

Se o assunto se configurar como verdadeiro, o autor da mensagem passa a ter status de bem informado e com uma rede de notícias nas costas. É bem relacionado, diz-se. Todavia, curiosamente, na maioria das vezes o tema se revela falso, uma mentira inventada para mexer com a água do poço parada. Ou comprometer alguém. Por raivinha, na maioria das vezes. Ou para aparecer mesmo. O autor reserva-se no direito, desnecessário, de informar algo aos outros com uma fofoca e marcar mais um ponto no meio da patuléia.

Antes, para se assegurar de uma tomada de postura não comprometedora, se espera que a horda de ávidos por informações duvide do autor ou da matéria exposta. É o tal do bom senso. Mas, qual nada. Sequer um “quem sabe?” é levantado e o telefone sem fio completa a distribuição do assunto. Junto a tudo, normalmente, uma reputação foi pra vala, uma diretriz teve que ser revista e os desmentidos pouco ou quase nada resolvem.

Como o autor nunca tem nada para ocupar a cabeça, no dia seguinte, passado o estrago, ou inventa uma desculpa dizendo que não era nada disso, ou cria outra história para, certamente, continuar a flutuar na sua própria merda.

* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra.

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