A FOFOCA QUE FLUTUA, by Alexandre C. Aguiar
Você sabe quando uma pessoa é digna de
pena? Quando ela repercute coisas ouvida dos outros, sem analisar, para
posar de bem informado. Na vida da internet, nos últimos anos, isso tem
crescido como fermento de pão.
Antigamente eram as conversas ouvidas
atrás da porta, na parede conjugada, da janela, numa aproximação sem
muita importância. O sujeito ouvia algo, fazia-se de morto para não
levantar suspeitas e saia difundindo aquilo que acabara de escutar e com
a versão que ele entendeu, ou que oferecesse mais confusão.
Tinha até um nome para isso: marocas. Fuxiqueiro, fofoqueiro, intrigante, leva-e-traz, também serviam.
Hoje em dia, com o advento da internet,
tornar-se fofoqueiro ficou mais profissional ainda. As coisas ditas aqui
e ali posam de boas informações e, assim, o que era apenas uma
suspeita, uma hipótese, uma fumacinha na lareira toma ares de verdade. O
problema é arrumar isso depois, quando o estrago já foi feito.
Se o assunto se configurar como
verdadeiro, o autor da mensagem passa a ter status de bem informado e
com uma rede de notícias nas costas. É bem relacionado, diz-se. Todavia,
curiosamente, na maioria das vezes o tema se revela falso, uma mentira
inventada para mexer com a água do poço parada. Ou comprometer alguém.
Por raivinha, na maioria das vezes. Ou para aparecer mesmo. O autor
reserva-se no direito, desnecessário, de informar algo aos outros com
uma fofoca e marcar mais um ponto no meio da patuléia.
Antes, para se assegurar de uma tomada de
postura não comprometedora, se espera que a horda de ávidos por
informações duvide do autor ou da matéria exposta. É o tal do bom senso.
Mas, qual nada. Sequer um “quem sabe?” é levantado e o telefone sem fio
completa a distribuição do assunto. Junto a tudo, normalmente, uma
reputação foi pra vala, uma diretriz teve que ser revista e os
desmentidos pouco ou quase nada resolvem.
Como o autor nunca tem nada para ocupar a
cabeça, no dia seguinte, passado o estrago, ou inventa uma desculpa
dizendo que não era nada disso, ou cria outra história para, certamente,
continuar a flutuar na sua própria merda.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra.







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