Fôlego de beija-flor, by Alexandre C. Aguiar
O Brasileirão de 2015 está acabando com os prognósticos. Qualquer tentativa de definir resultados, tendências e possibilidades é quebrada a cada rodada. Claro, algumas melancias, principalmente as vascaínas e joinvilenses estão se acomodando, assim como as corintianas. Até quando, ninguém sabe. As restantes, por sua vez, moldam-se ao sabor das rodadas. A lógica é morta semana sim, noutra também.
Em minha última postagem dizia que acreditava no Avaí. Mas fazia uma ressalva, perguntando se o Avaí acreditava nele. Porque, pelas leis da natureza dos humanos que andam de pé, quando acreditamos em alguma coisa, pode acontecer uma tragédia, uma hecatombe, podem voltar até os tucanos ao poder, que as coisas para o teu lado vão dar certas. Não existe tragédia pior do que a falta de crença. Sim, sei, dirá o leitor que o ateu se converteu. Não, nada disso, estou falando de crenças palpáveis, não aquelas dos livrinhos de mitologia espalhados por aí.
O Avaí vive disso. Convive com as crenças mais estapafúrdias e com coisas ilógicas que as próprias leis da Física desconhecem. Nos momentos mais difíceis, nas situações mais absurdas, o Avaí renasce e dá de dedo em quem já oferece as favas contadas. Uma porção de gente vai começar a rever os seus conceitos nesta segunda-feira. O Avaí desvirtua os ânimos. Endireita as curvas. Encurva as retas. Contorna as paralelas. Arruma os destroços. E quando tudo dá certo, é capaz de arruinar os projetos.
Tudo para se dizer que o avaiano é adorador de uma religião, a do coração de ferro. Avaiano que tem infarto chegou agora. Não sabe dos problemas. Não tem sangue nas veias. É um fraco das pernas.
Vencemos um jogo o qual se dirá que perdíamos como sempre. As indefectíveis falhas da coleção outono/inverno de zagueiros e goleiros mais uma vez nos vitimava.
Quem foi à Ressacada, quem é ainda sobrevivente, assistia a uma partida que pra ruim precisava melhorar. Dois times maltratando a bola, chamando-a de minha senhora, e errando tudo o que podiam. O Avaí mais ainda. A derrota era iminente e natural.
Aí, o zagueiro que antigamente era ídolo e atropelou-se nas pernas o quanto podia, se redimiu e de bandido virou herói. E lá pelas tantas o treinador avaiano, já demitido até aquele momento, retirou um cantor de axé da cartola, o meio de campo avaiano ficou melhor, um ex-jogador tentou uma bicicleta, bola, atacante e goleiro ensairam um forró e pimba, viramos um jogo que era dado como derrota certa e rebaixamento garantido. A raxtégui caímos estava pronta na timeline antes disso e foi substituída por #sobrevivemos.
A subversão da ordem foi mantida na Ressacada e o Avaí conquistou mais alguns litros de oxigênio para o fôlego final. Assim como o beija-flor bate as asas e gasta centenas de quilos de energia para obter uma gotinha de néctar, o Avaí conseguiu um fôlego para as próximas 72 horas.
E ao sair do estádio me perguntei: por que tem que ser assim? Bom, respondi imediatamente: vai ser assim até o final. Haja fôlego!
Cérebro também.
Anônimo,
É verdade! Precisamos ser mais inteligente e aproveitar as chances que nos surgem...
Postar um comentário
A MODERAÇÃO DE COMENTÁRIOS FOI ATIVADA. Os comentários passam por um sistema de moderação, ou seja, eles são lidos, antes de serem publicados pelo autor do Blog.