ENCHEU-ME OS OLHOS, O NOSSO SUB-VINTE, by Roberto Costa

Ontem, sábado, 12/12/15, um amigo me liga e avisa: "O sub-vinte do Avaí está jogando com o do Vasco em Porto Alegre, num tal de Mundialito de Clubes, começou agorinha". Torneio caça talentos, certamente.

Liguei a TV e com dois minutos e meio de jogo o Avaí fez um a zero. Cobrança curta de escanteio, uma troca de passes e o chute rasteiro, enviesado, de fora da área, gol de bela feitura. Já não digo um gol, mas um chute desses, quão raro foi ver nos jogos do time profissional. Nossos profissionais tinham medo de assumir a responsabilidade do chute. 

Seguiu o jogo. E não é que o Avaí fez o segundo gol, e de jogada ensaiada? Falta pela ponta direita, a cobrança na cabeça de um companheiro que raspou de topete, tirando a zaga da jogada e um zagueiro nosso bem postado tocou pra dentro do gol.

Não lembro de termos feito algum gol de jogada ensaiada nos trinta e oito jogos que fizemos pelo Brasileiro da série A. Tínhamos, não faz muito, uma jogada de escanteio, onde Cleber Santana recebia a bola no bico da grande área e batia de primeira. E tínhamos a jogada onde Marquinhos cruzava, em falta ou escanteio e Diego Felipe cabeceava. Podíamos ter aplicado essas jogadas e talvez pudessem ter significado a nossa permanência na série A. Afinal, no que consiste o treinamento do time profissional, unicamente em coletivo? Quanto ganha o treinador do profissional e quanto ganha o do sub-vinte? Há quem cobre resultados, aplicação, na Ressacada?

O Avaí jogava melhor, ganhávamos de dois a zero e pra variar não nos deram um pênalti claro, empurrão dentro da área. Mas para o Vasco deram, um pênalti muito contestado, onde não se teve condições de ver se a bola pegou no peito ou no braço do nosso zagueiro, e o Vasco diminuiu. Vencíamos por dois a um, o Vasco se assanhou no ataque. 

Mas apareceu um talento da bola parada, chamado Chapecó. Numa falta pela ponta direita ele cobrou por cobertura e fez um gol que levou os comentaristas da TV a lembrarem o gol de Ronaldinho Gaúcho na Copa, e foi o gol da vitória avaiana, por três a dois, pois o Vasco, com um novo pênalti, fez o seu segundo gol. Depois, numa falta frontal, com barreira, esse menino Chapecó, (anotem o nome porque logo poderá aparecer no Grêmio) a jogou contra o travessão, lá onde mora a coruja, goleiro imóvel, batido, e depois, em chute de primeira em jogada de ataque acertou mais uma vez uma bomba no travessão. Tivemos um jogador expulso e jogamos uns dez minutos com dez jogadores.

O sub-vinte já conta nesta competição com empate contra Atlético Mineiro e contra Internacional, uma derrota para o Palmeiras e agora a vitória sobre o Vasco. 

Encheu-me os olhos o sub-vinte. Time valente, com o conjunto que não tivemos com os profissionais, com belo toque de bola. Envolveu com categoria o time carioca. Há jovens de talento, que esperamos sejam aproveitados em breve, e que não amanheçam estranhamente na equipe do Grêmio, como o Walace. Chega de ser clube chocadeira. 

Ah, e muito, muitíssimo importante, mesmo inferiorizado em número de jogadores, o time seguiu ameaçando o gol Vascaíno, não se encagaçou, e por isso venceu. Providenciem o tape para o Cabral assistir.

* Roberto Costa é associado do Avaí FC. Foto acima: Eduardo Gaspar / Avaí FC