ESSES PROIBIDORES, by Roberto Costa

Parece haver no mundo do futebol uma volúpia de proibir, tornando cada vez menos atrativo, menos romântico o ato de irmos aos estádios torcer por nossos clubes. Primeiro foi a cerveja. Agora os teoricamente bem intencionados voltam suas baterias contra o indispensável e sempre útil, o companheiro rádio de pilhas. Eu me sinto sem graça assistindo ao jogo sem a cobertura do rádio. Esses proibidores querem é aparecer.

Se pesquisarem as estatísticas creio que não acharão número de lesões pessoais causadas por rádios ou pilhas, que justifiquem a generalizada e absurda proibição. 

O Scarpelli, por exemplo, que eu saiba, foi palco de apenas uma dessas ocorrências, embora notável e festejada. Num clássico, acho que no ano magno de 1975. Uma pilha com perfeição arremessada das sociais, atingiu a cabeça do árbitro Dalmo Bozzano, que atuava de bandeirinha. Não há registro de condenação pública do ato delituoso de parte do povaréu, mas manifestações de desabafo e regozijo aconteceram e não foram poucas. Imediatamente após o impacto da pilha que, dizem, nem era de primeira linha, sua alteza adernou sobre o relvado, onde foi medicado.

Essas decisões de afogadilho nem sempre prosperam, às vezes caem no ridículo, viram piada e até ensejam letras de música de carnaval. 

Bom, irão recolher celulares? Isqueiros Zippo? Chaveiros com meio quilo de chaves? Grampos femininos? Serrinha de unha feminina? Canetas? Lápis? Anzóis? Máquinas fotográficas? Sacos plásticos e fios de Nylon, que possibilitam sufocar e enforcar? Ora, seremos todos revistados, todos suspeitos de portarmos perigosos rádios portáteis e outros utensílios mais de grande risco para a saúde do próximo. 

- Papai, onde é que o senhor vai?

- Vou à Polícia Federal, meu filho, tirar o porte de rádio portátil para ir ao jogo logo mais.

Tem muita gente bem remunerada, recebendo salário para pensar bobagem.

 

* Roberto Costa é associado do Avaí FC