Bom dia, Azurras - nº 2.165

O ÚLTIMO, OU QUASE, SUSPIRO DE NILTON MACHADO

Dia desses, quando o jornalista Matheus Joffre publicou uma matéria no Notícias do Dia em que Nilton João de Macedo Machado confirmava sua renúncia à presidência do Avaí, enviei uma mensagem ao jornalista do ND, contrariando sua opinião em relação a redução de verbas que o clube teve com o rebaixamento, visto que, o rombo nas contas avaianas aconteceram durante o Campeonato Brasileiro da Série A.

Ontem, passados cinco dias da mensagem, Joffre respondeu, sugerindo que eu lesse a matéria que foi publicada no NDonline, na sexta, e que reproduzo abaixo. Como estamos sem futebol, sem muito o que comentar, vou aproveitar a entrevista para dar uns pitacos...

Vamos lá! 

"Fizemos mais coisas boas, mas o futebol profissional não funcionou", avalia ex-presidente do Avaí

O agora ex-presidente do Avaí, Nilton Macedo Machado, que entregou sua carta de renúncia na manhã desta sexta-feira (15), fez um balanço de seus dois anos e quatro meses à frente do Leão. Em entrevista exclusiva ao Notícias do Dia, Machado falou sobre as dificuldades financeiras de sua gestão, o legado deixado, principalmente nas categorias de base, e desejou sorte a seu sucessor, Francisco José Battistotti.

Qual o balanço você faz deste período na presidência do Avaí?

Acredito que teve muito mais coisas boas do que ruins. A pior coisa que nos aconteceu foi a queda para a Série B, que comprometeu o orçamento do clube para este ano e prejudicou todo o trabalho. Mas a base do Avaí, hoje, é uma referência no país. Há três anos, contávamos nos dedos os jogadores que tinham subido da base para o time profissional. Hoje, temos 18 atletas formados na base do clube entre os profissionais. Eles são patrimônio do clube. Além do ganho no futebol, também traz um ganho financeiro para o clube. Também temos outro grupo muito bom se formando do sub-17 para o sub-18. Tem o processo de captação pelo Brasil afora, que tem um custo, mas é um investimento importante. A parte burocrática, aquele trabalho que ninguém vê, também está funcionando melhor. Demos uma repaginada na Ressacada, uma rejuvenescida no nosso departamento de futebol, com a vinda do [Marcelo] Gonçalves e do Agnello [Gonçalves] e no departamento de negócios, com o Rafael Zanetti. O que realmente não funcionou foi o futebol profissional.

Blog do Tarnowsky: Engano do ex-presidente. As coisas ruins predominaram durante seus dois anos e quatro meses à frente do clube, e sem dúvidas alguma, a queda para a Série B pode ser taxada com a pior delas, até porque freia um crescimento, jogando por terra um grande investimento, que só em propaganda, após o acesso em 2014, foi de R$ 950.000,00.

Outro equívoco está em dizer que o orçamento foi comprometido com o rebaixamento: ele aconteceu pelo mau uso da verba avaiana durante a Série A. Sobre as categorias de base, é verdade, alguns valores estão aparecendo, são patrimônio do clube, ainda que fatiados.

Mas sobre a "repaginada" na Ressacada, seria melhor ter ficado quieto, até porque o próprio ex-presidente tratou diretamente sobre o "Complexo Ressacada"com o chineses e tudo que se ganhou foi um calote de R$ 1.500.000,000...

O que hoje você faria de diferente para que o futebol profissional funcionasse?

Talvez a contratação de um ou outro atleta, que não deveria ter vindo para o Avaí ou que deveria ter sido contratado e não veio. Mas isso não tem como saber. Um jogador pode estar bem em um time e chegar aqui e não dar certo ou se machucar. O futebol não é uma ciência exata. O próprio William, que é o nosso capitão hoje, chegou aqui no ano passado, se lesionou e ficou três meses fora.

Blog do Tarnowsky: Sim, assiste razão ao ex-presidente quando ele afirma que "um jogador pode estar bem em um time e chegar aqui e não dar certo ou se machucar", mas o que não pode, nem deve, ou ao menos não deveria ter acontecido, é erros de avaliações, como ocorreram nos casos de Eltinho e Roberto, que após uma temporada irregular em 2014, ganharam um contrato novo até o final de 2016, trazendo sérios prejuízos ao cofre do clube.

Quanto ao William, citado por Nilton, nem deveria ter vindo, até porque quando esteva no Ceará, mostrou péssima forma física, que perdura até os dias de hoje. Há quem diga que foi uma contratação por iniciativa de Francisco Battistotti, atual presidente.

Você acha que a escolha do Raul Cabral para comandar o time no início da temporada foi equivocada?

De forma alguma. O Raul foi uma aposta. Confiamos no trabalho dele até por tudo o que ele havia demonstrado anteriormente. Ele tem potencial, é um profissional estudioso, tanto que conseguiu fazer uma boa campanha no turno. Mas depois os demais clubes se reforçaram e nós deixamos para contratar apenas para a Série B, por uma questão de economia, e ficamos para trás. Nossos meninos também passaram a ser marcados mais e perto e também teve a falta de sorte em alguns jogos.

Blog do Tarnowsky: Raul Cabral foi uma aposta, mas uma aposta em quem tem potencial, um estudioso. Lamentavelmente, porém, não recebeu os reforços prometidos pelo clube, até mesmo para o Campeonato Catarinense, sendo injusto colocar apenas em Cabral os problemas da equipe.

Equívocos como a vinda do zagueiro Antônio Carlos ajudaram a dinamitar o ambiente comandado por Raul Cabral.

Como você explica esta sequência de sete derrotas no Catarinense, a pior da história do clube, além de outro revés pela Primeira Liga?

É lamentável, quase inexplicável. Os jogadores tiveram todas as condições, salários em dia, bicho, concentração, tranquilidade. Quem escala o time é o treinador, quem joga é o jogador, mas é sempre mais fácil colocar a culpa no presidente. Mas temos dois jogos pela frente e tenho certeza de que o Avaí vai ganhar do Guarani [de Palhoça] na segunda-feira e sair dessa situação.  

Blog do Tarnowsky: Quase tudo certo, exceto pelo fato do Avaí não ter concentrado nos jogos em Florianópolis, deixando fora dessa lista, o clássico, quando foram para o Costão do Santinho.

Pelo desempenho em campo, ninguém culpou o presidente. A culpa sobre Nilton Machado recai a partir de sua imissão, de não ter feito coisas para melhorar a situação do Leão, sendo permissivo até na troca de datas, como ocorreu no clássico do turno, jogado numa quinta-feira, com sérios prejuízos ao Avaí.

Você deixa o Avaí por pressão do Conselho Deliberativo?

Estou fazendo o melhor para o Avaí. Meu médico já tinha me pedido para deixar o clube no ano passado. Mas é evidente que eu não ia abandonar o barco logo após a queda para a Série B. Eu precisava deixar as coisas organizadas antes de sair. Há dois meses que os salários estão todos em dia. Este mês pagamos até antecipadamente e já temos provisão para o seguinte. Ficaram algumas pendências do ano passado, de fornecedores e alguns atletas que acabaram o contrato, que estamos negociando.

Blog do Tarnowsky: Evidentemente que foi por pressão de um grupo de avaianos, que contou com a liderança do presidente do Conselho Deliberativo, e o ex-presidente sabe muito bem disso. Pipocou na resposta!

Porém, é verdade também, que na solenidade de aniversário do Avaí, em primeiro de setembro do ano passado, já havia dado uma dica de que tinha problemas de saúde...

Quanto aos salários em dia, bem como já ter provisão para o mês seguinte, vale lembrar, tudo à custo de antecipação de receitas, se é que me entendem. Lá na frente vai ficar complicado, principalmente se seguirmos sem o patrocinador master...

E o que o Nilton Macedo Machado vai fazer a partir de agora?

Vou cuidar da minha saúde, da minha família, tenho um filho que vai nascer no fim de julho, estou muito feliz. Vou me dedicar ao meu escritório. Mas nunca vou deixar o Avaí de vez. Volto a ser apenas um torcedor e conselheiro do clube e ficarei na torcida pela recuperação do time. Tenho muito orgulho de ter sido presidente do Avaí.

Blog do Tarnowsky: Nas questões pessoais, não opino, que seja feliz. Em relação a não deixar o Avaí, ser conselheiro, como é, em nada vai alterar a cotação do dólar... 

E o que você pode dizer a seu sucessor?

Desejo muita sorte ao Battistotti. Ele sempre teve o sonho de ser presidente do Avaí e estatutariamente é o primeiro na linha de sucessão. Espero que ele dê continuidade ao bom trabalho que foi feito, nas categorias de base, e que tenha melhores resultados no profissional. Se eu puder ajudá-lo em alguma coisa estarei à disposição. A única coisa que eu não ajudo é financeiramente. Sou contra presidente que coloca o próprio dinheiro no clube. Mas de resto, ele pode contar comigo.

Blog do Tarnowsky: Desde o rebaixamento, Nilton Machado e Francisco Battistotti não falam a mesma língua, e não vai ser agora, com Battisotti no comando, que isso vai mudar.

De qualquer forma, Nilton Machado acertou: Battistotti sempre teve o sonho de ser presidente do Avaí, bem diferente dele, que foi um alternativa do mesmo grupo que lhe colocou na presidência do clube e depois trabalhou para tirá-lo de lá...









Saudações AvAiAnAs!