terça-feira, 7 de março de 2017

O RACIOCÍNIO DO DISCURSO, by Alexandre C. Aguiar

Tenho discutido com amigos o fato de vivermos lambendo as nossas conquistas. Sim, é legal, pois ganhamos o turno invicto, algo raro em qualquer time de futebol. O nosso time é regular, o técnico é bom, conquistamos o acesso por causa disso, mas as vitórias do ano passado não valem nada para esta temporada se houver fracassos. Deveria valer era aquele espírito, aí, sim. Mas o desempenho de um jogo não é o mesmo de outro em qualquer lugar e em qualquer competição. Portanto, cada jogo tem que ser jogado como o último onde vencemos, como numa decisão, porque ninguém, nenhum adversário, irá passar a mãozinha em nossa cabeça, em vista de termos feito uma boa série B, ou porque tenhamos uma ótima defesa, um bom ataque ou que tenhamos ganhado um turno do catarinense invictos e nadando de braçadas.
Por isso que se faz críticas, na maioria das vezes, quando o time não tem o desempenho desejado. Nem é preciso explicar isto, por ser óbvio, mas alguns meninos de internet, aqueles que estão agoniados em querer provar que são mais torcedores que os demais, acabam não compreendendo tais iniciativas e acham que se está a reclamar de time vitorioso por despeito. Confesso que quando leio isto tento controlar o riso.
Um time de futebol constitui-se de um agrupamento competitivo de atletas, montado para vencer jogos e obter conquistas. Fácil de entender, né? E quando não obtém os objetivos para o qual foi treinado e programado, faz-se as devidas críticas. É por aquela competição na qual se fracassou e não para a história, para o hino, cores de bandeiras, camisas e nem para conquistas passadas ou estatísticas que se faz cara feia quando não dá certo. Simples. Entendeu?
E aí surge a necessidade de se impôr rótulos de quem é mais ou menos torcedor. Eu sou torcedor do Avaí exatamente pela paixão que me move em relação a este clube ao longo de minha vida. Não sou torcedor para zoar do rival ou para preencher um vazio existencial, coisas que me obrigariam a fechar os olhos e jamais ver defeitos. As glórias a gente exulta e os fracassos a gente contesta, exatamente pelo direito de ser torcedor, o que não implica, por exemplo, se cobrar milhagens por ser mais ou menos torcedor. Tolice! Isso não existe.
Da mesma forma, não se espere de mim fazer média com quem quer que seja para agradar A ou B cada vez que o Avaí vencer e, a partir disso, esquecer as dificuldades criadas. Como fez o presidente do Avaí com a imprensa, adotando uma incoerência típica e aceitando que jornalistas, cujo discurso é negativo para nosso lado a todo momento, fossem à Ressacada cheios de sorrisinhos e afagos. Não vejo problemas em essa gente estar lá, até porque não sou irredutível, mas deixaria bem claro meu descontentamento quanto àquela postura.
Portanto, que fique também mais claro que a luz solar: quando se fez críticas severas ao fracasso do Avaí pela Copa do Brasil, com aquele modo tosco e horroroso de jogar e pelas cobranças de pênaltis bisonhas, foi exatamente para se dizer que não gostamos de perder, ainda que se considere que isso faça parte do futebol. E que se observe, também, que no geral o time é duro na queda, mas perdeu exatamente quando não deveria. No momento de mostrar força e competência, ele fraquejou.
Assim, chega desse chororô tolo. Isso só azeda o fígado e deixa a cerveja choca.
Escrevi, mas se precisar eu desenho.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC

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