IDENTIDADE, by Rafael Pedroso Klein
Pena que de uns anos pra cá, essa tradição vem sendo substituída pelo insosso nome-sobrenome, o que facilita a exportação da nossa commodity mais valiosa.
Saíram de cena Vampetas, Kakás e Bebetos, para a chegada de Davids Neres, Gabrieis Jesus e Philipes Coutinhos. Até o Neymar adicionou um “Jr” na assinatura para internacionalizar a própria marca.
Eu tenho pra mim que isso não vai acabar bem. É mais um passo para desfigurar aquilo que um dia já fora chamado de futebol-arte.
Porque esses nomes e apelidos não deixam de ser uma forma de arte.
Por exemplo, um gol assinado por Tostão, sempre vai valer mais do que um assinado por Roberto Firmino.
Didi foi mais minimalista que Renato Augusto. Dunga foi um personagem que Thiago Silva não conseguiu ser com a braçadeira de capitão e Sócrates, sozinho, pensou mais que Lucas Lima, Douglas Costa e Éverton Ribeiro juntos.
Nome não é só um nome. É identidade.
Zico combina com faísca, centelha. Dinamite, com explodir goleiros. Dadá, com parar no ar.
Garrincha era Garrincha e Mané, o que duplicava a sua genialidade.
Raí fez sucesso, Cafu fez história, Ronaldinhos fizemos em dobro.
Sem falar em Pelé, que em qualquer língua do mundo, significa Rei.
Não deveríamos perder a tradição dos nomes e apelidos genuinamente brasileiros no futebol. Isso é algo que faz parte do nosso DNA, como a caipirinha, o samba e os escândalos de corrupção.
Somos realmente bons nisso.
Fonte: Blog do Juca Kfouri
Rafael, belo texto. E só para lembrar, tem também a questão da aculturação representada pela atração dos nomes terminados por son. Richarlison,Valterson, etc. Coisa horrorosa. - RC
Excelente texto, além dos nomes, perdemos a arte no nosso futebol!!
RC,
É verdade. Muito bem lembrado.
Damian,
Estás coberto de razão.
Hoje temos um futebol burocrático e feio.
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