FEDERAÇÃO PISANDO NA BOLA, by Roberto Costa

Nas décadas de cinquenta e sessenta, quando não se podia ir ao estádio, somente o rádio nos possibilitava acompanhar o desenrolar dos jogos. Havia a criatividade dos locutores, aliada à nossa capacidade imaginativa e com isso víamos de forma idealizada o gramado e as jogadas se desenhando. Eram grandes as limitações, se comparadas aos tempos de hoje, mas ligava-se o rádio da eletrola, sentava-se no chão e a emoção nos dominava.

Os locutores usavam expressões curiosas, como asa média esquerda, tiro esquinado, grande círculo, ponta de lança e até algumas expressões inglesas cuja tradução conhecíamos, herança dos ingleses, inventores desse esporte maravilhoso que é o futebol: Center half, goalkeeper, off side, etc.

Aos aficionados pelo futebol, na década de sessenta, como espécie de aperitivo, os cinemas exibiam em cortesia um compacto de algum grande clássico carioca, em belas filmagens sempre do cineasta francês Jean Manzon. Era a azeitona na empadinha dos homens, justificava o preço do ingresso, quando acontecia de o filme ser muito ruim.

Então veio a televisão e a evolução geral da eletrônica, o recurso dos satélites artificiais, que tornaram o mundo pequeno, a se enfiar cotidianamente no lar de cada um de nós. E no que toca ao futebol, a possibilidade de assistirmos aos jogos de qualquer canto do planeta em tempo real, inclusive as Copas do Mundo em transmissão ao vivo, de qualquer país do planeta.

Pois é, por incompetência de maus negociadores, iniciamos o Campeonato Estadual em nosso Estado, sem transmissões via TV, ou seja, com as limitações da década de cinquenta. Uma falha ridícula e imperdoável.

Delfim Peixoto, por todo o tempo que ficou à frente da Federação nunca deu essa pisada na bola. Ainda que nem sempre tenha sido persona grata à galera Avaiana, não se pode roubar-lhe o reconhecimento dessa virtude. Orgulhava-se de levar as imagens do campeonato aos lares de todos os torcedores catarinenses. Temos um Estado reconhecidamente organizado em todas as esferas de atuação e não se vê razão para nossa Federação destoar de forma tão bisonha. 

* Roberto Costa é associado do Avaí FC