ALEMÃO BATENDO PÊNALTI, HUUUM... by Roberto Costa

Alemão bateu um pênalti contra o Inter de Lages e converteu em gol. Bateu suave, um chute quase ingênuo, que felizmente foi no limite extremo do cantinho, quase beijando o poste.

A mídia camaleão cobriu o fato, já soltou no ar a dica, exaltou a novidade: "Um zagueiro batendo pênalti!" E Alemão, feliz, com sua cara de Fritz, disse que bateu como vem treinando. Ora, isso também já não é coisa que se diga.

E vem treinando assim, Alemão? Chute carinhoso, sem ginga, sem força, sem paradinha, sem molho, sem pimenta? E se a bola teimar em não atingir o ponto extremo do cantinho e o goleiro acertar a direção do chute? Como é que fica?

Como em tudo, existe a regra básica e existem as exceções. A regra básica, no meu entender, é que o batedor de pênalti tem um perfil. Psicologicamente decidido e seguro de si, e dominando várias formas de bater na bola, inclusive aquela que ilude o goleiro, fazendo-o voar para o canto oposto ao que vai direcionar o chute. Há também os que escolhem um canto e mandam a bomba, também são ótimos. No pênalti batido pelo Alemão, sem malícia, contra o Inter, o goleiro percebeu perigosamente o lado certo para saltar.

Há aquela frase de efeito, segundo a qual o pênalti é lance tão importante que deveria ser cobrado pelo presidente do Clube. Bom, no Batisttotti também não boto fé.

Penso que qualquer jogador, de qualquer posição pode bater pênalti, Rogério Ceni é a prova viva. E nada há de contraindicações com relação a zagueiros. Mas acho que não é hora para invenções ou improvisações, nem de ficar entregando detalhes via TV.  

Se um pênalti acontecer a nosso favor, contra o Fluminense (e se por milagre acontecer de o árbitro apitar) e entregarem a responsabilidade para o Alemão, o que não deve ser feito, vou preferir não olhar. 

* Roberto Costa é associado do Avaí FC