Nunca deve haver revezamento para os goleiros
No gol, todo time deve ter sempre um o dono para posição. Uma sequência de trocas, sem nenhum motivo técnico ou de confusão, não faz nenhum sentindo.
Por Humberto Peron, Globoesporte.com — São Paulo
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Foto: Renato Pizzutto/BP Filmes |
Se rodízio entre os jogadores de linha, para evitar o desgaste ou até alguma experiência tática, é justificável penso que o revezamento de goleiros em nenhuma hipótese deve ser realizado. Qualquer equipe, mesmo que seja o de bairro ou a melhor seleção do planeta, precisa ter um goleiro titular, que seja a referência. Aliás, se uma equipe não tem um arqueiro que seja dono da posição, que tenha alguém que passe confiança para companheiros, comissão técnica e torcedores, ela sofre muito.
O revezamento, mesmo ele não sendo intenso, de goleiros só traz pontos negativos.
Começa com o aumento da cobrança feita sobre o titular – e também de quem entra eventualmente. Com uma ou duas boas atuações daquele que não é titular já começam comparações, que não fazem nenhum sentindo, pois os jogos são disputados com equipes diferentes ou em situações distintas – o simples fato da equipes jogar em casa ou como visitante já faz grande diferença.
Na volta ao time, o goleiro dono da posição já começa a ser cobrado, principalmente se cometer um pequeno equívoco – como uma devolução de bola errada. Sempre vai haver aqueles que acham que o suplente sabe usar os pés melhor do que o titular, sai do gol melhor, orienta melhor a zaga e por aí vai.
Por outro lado, além de entrar pressionado, pois sabe que não terá uma sequência de jogos para mostrar todo o seu potencial, o suplente tem convicção que uma má atuação da equipe e uma derrota, pode até acabar com sua carreira no clube.
Muito pior é quando se decide a escalação do goleiro por competição. Qual a justificativa para escalar o reserva, em uma partida eliminatória, depois do titular fechar o gol em um clássico? E se o time é desclassificado de um torneio eliminatório por falha de um arqueiro suplente? É por isso que você tem um goleiro titular, para que ele jogue todas as partidas, inclusive as decisivas.
Também são criadas situações claras de desconforto quando há o revezamento.
No Santos, Vanderlei, por exemplo, ficou claramente desconfortável e incomodado, depois que Éverson, nos jogos que entrou, ter mostrado saber usar bem os pés e atuar como um líbero – sem dizer que o técnico santista Jorge Sampaoli sempre declarou que gosta de ter um goleiro que sabe sair jogando. Agora, lógico que não é por coincidência, o ainda titular do time da Vila, passou a errar bem mais usando os pés do que nas temporadas passadas.
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Vanderlei e Everson em treino — Foto: Ivan Storti/Santos FC |
Esqueça o papo que diz que tirar o goleiro do time por um jogo fará com que ele saia da zona do conforto e que ele se saberá que tem uma “sombra”. Os goleiros aprendem desde o início das suas carreiras que precisam estar sempre no auge da forma, sendo eles titulares ou reservas. Quem joga sempre, sabe que necessita ter a melhor forma possível para não dar chances aos demais arqueiros da equipe, pois dono do posto tem certeza de que abrir uma pequena brecha vai para o banco.
Já os reservas sabem que necessitam se preparar ao máximo para entrar bem em uma eventualidade ou estarem sempre prontos para assumir a posição de titular.
Agora, que fique bem claro, que eu não gosto é de revezamento, mas sou totalmente favorável a troca do titular, principalmente se ele tiver sequência de jogos ruins e não ter mais a confiança dos companheiros. Aí não há defesa e a ida para o banco é inevitável.
Goleiro bom mesmo é aquele que não gosta – e nem dá chance – para o reserva atuar. É o cara que sempre pensa que o time que vai começar a partida é ele e mais dez.
Fonte: GloboEsporte
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