Sem medo de ser feliz

Certa vez, li uma história sobre o medo que um rio tem antes de chegar ao oceano. Dizem que o rio treme de medo, pois olha para trás, por todo o caminho percorrido na jornada que teve, as montanhas, os cumes, suas curvas numa trajetória sinuosa através da mata, florestas, conhecendo povoados, e de repente vê-se diante de um imenso oceano, e a partir da hora que entre nesse vasto mar significa para ele perder a identidade, até porque desaparecerá para sempre, ao menos em forma de rio.

Por mais que se ache estranho, não há outra maneira de ser, de acontecer. O rio não engata a marcha ré, o rio não pode voltar. Efetivamente, ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência das pessoas, na existência do rio. É necessário seguir em frente.

Mesmo diante daquela imensidão, o rio precisa se arriscar e entrar no oceano.

E é exatamente no momento em que o rio entra no oceano que o medo desaparecerá, visto que saberá que não perdeu nada, nem identidade, mas transformou-se, tornou-se oceano.

Tal qual o rio, o Avaí precisa perder seu medo sobre o que passou nas últimas dez rodadas. Não cabe aqui lamentar erros de arbitragem, de VAR, de gols perdidos, de escalações equivocadas.

A hora é de entrar no oceano do Campeonato Brasileiro e tornar-se vencedor, jogando o jogo que todos jogam para seguir adiante, na conquista de uma melhor pontuação, na busca de uma melhor classificação.

Chegou o momento de arriscar e entrar na competição, sem medo de ser feliz, até porque o sol nasce para todos, mas só os competentes sabem usufruir das sombras que a vida oferece.

Dá-lhe, Leão!

Foto: Frederico Tadeu/Avaí FC