segunda-feira, 30 de março de 2020

OCASO DO GOLEIRO MANGA, by RC

Anteontem, manhã de sábado, Milton Neves dedicou bom tempo de seu programa a falar sobre o goleiro Manga. Seguramente o melhor goleiro do futebol brasileiro de todos os tempos, e entre os melhores do mundo.

Quando Manga chegou ao Botafogo, em 1960, vindo do Spot Recife, time que o revelou, ficou seguidos onze jogos sem tomar gol, no Campeonato Carioca. A partir do seu quinto jogo incólume, estava criado um suspense. Disso se aproveitou um jornal esportivo, do Rio, que tinha uma coluna de humor, lançando um troféu denominado Caneco, para o jogador que fizesse a proeza de vazar a meta do Manga. Minha memória não reteve o nome do 
vencedor, mas a brincadeira ganhou adeptos e deve ter aumentado em muito as vendas do Jornal.

Manga, pode-se dizer, foi um fenômeno, embora sua passagem pela Seleção Brasileira não tenha sido feliz. Convocado para o Mundial de 1966, jogado na Inglaterra, comprometeu, cometendo algumas falhas bisonhas, principalmente no jogo contra Portugal, resultando em derrota e eliminação do time canarinho. Pouca gente entendeu. Como um goleiro experiente, que inspirava tamanha confiança jogando por seu clube, poderia ter sucumbido tão fragorosamente na Seleção. Não creio que tenha pesado a camisa, são dessas coisas "sobrenaturais" do futebol, de que falava Nelson Rodrigues. Nesse jogo, brilhou intensamente o jogador Eusébio, centroavante do time português, também um craque.

Com tanto futebol, Manga, hoje com 82 anos, amarga uma vida de carências, vivendo com uma aposentadoria de um salário mínimo e ajuda de amigos e admiradores. Vai receber uma pensão do Nacional de Montevideo, onde também brilhou, conquistando Libertadores e Mundial de Clubes, em 1971. Recupera-se de uma cirurgia de próstata e prepara seu retorno ao Brasil, onde irá residir no Retiro dos Artistas, certamente de favor. 

Ocaso angustiante do velho Manga, diante dos afortunados craques de hoje e de alguns não tão craques, com seus salários em dólares, mirabolantes.

* Roberto Costa, o "RC", é associado do Avaí FC

1 Comentário:

Roberto disse...

Assim como o Nacional de Montevideo, os times daqui que serviram-se de seu grande talento, também poderiam dar algum ajutório. O Botafogo já disse que não tem condições. - RC

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