domingo, 24 de maio de 2020

O CRAQUE E A "MARVADA", by RC

Julinho Botelho, que defendeu a Fiorentina entre 1955 a 58 - Foto: Divulgação
Na semana do início da Copa e com o recesso dos campeonatos nacionais nada como puxar algumas memórias futebolísticas de tempos passados.

Quem é jovem pode ter ouvido falar de um jogador chamado Júlio Botelho, mas não imagina o tamanho da bola que jogava. Conhecido pelo nome no diminutivo, Julinho cabia como titular em qualquer time ou seleção do mundo, menos na brasileira, porque tivera a infelicidade de ser contemporâneo de Garrincha, talvez o único jogador que podia colocá-lo na reserva, como de fato aconteceu. 

Dono de extrema velocidade e drible desconcertante e irresistível, sempre driblando pra frente, Julinho era exímio em chegar à linha de fundo e realizar cruzamentos perfeitos.

Segundo escreveu Armando Nogueira, "Julinho levava uma vida de espartano legítimo. Nunca bebeu, nunca fumou. Nunca fez extravagância. Só tinha um vício, a bola." 

Relata ainda Armando, que na Fiorentina, time italiano onde Julinho jogou e foi ídolo adorado, mesmo depois de aposentado aquele clube para toda e qualquer festa ou comemoração que promovesse enviava duas passagens de avião, para que Julinho fosse à Itália participar, junto com a esposa. Lá, então, era levado ao centro do campo e ovacionado pela torcida.

Mas um fato curioso conta-nos também o Armando Nogueira, fato até certo ponto hilário envolvendo esse grande craque. A essa época Julinho jogava ainda na Portuguesa de Desportos e num jogo contra o Corinthians, debaixo de um temporal e de uma temperatura baixíssima, o time parecia apático, e após o primeiro tempo os jogadores voltaram ao vestiário encolhidos e tremendo de frio. O treinador Brandão providenciou, contrariando a ortodoxia seguida pelos treinadores em geral, uma garrafa de conhaque e deu a cada jogador um bom trago, para aquecê-los. Será temerário deixar que me leiam certos jogadores por aqui, mas segundo o Armando, com o aperitivo a Portuguesa deslanchou no segundo tempo e venceu o Corínthians por 7 a 3, tendo Julinho marcado 4 dos 7. Ao apito final, quando os jogadores se dirigiram de volta aos vestiários, Julio Botelho, sem nenhuma intimidade com a "marvada", rumou desorientado para o vestiário do Corinthians.

* Roberto Costa, o "RC", é associado do Avaí FC. Texto publicado originalmente em 10/06/2014. Foto: Internet

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