VOVÔ JUCA EM 2035, by RC

- Vamos visitar o vovô Juca e a vovó Margarida.
- Não quéio. - Diz o menino.
- Vamos, sim, querido, ele tem um doce guardado pra você. - Diz a mãe..
Convencem o menino. Entram no carro e em pouco estão naquele apartamento próximo ao quartel da Marinha. Vovó Margarida logo abraça e beija o neto. Vovô Juca, babando e quase tropeçando na própria bengala, vem atrás, ansioso por beijar o neto. Ele acabou de jantar e sua "código de barras" tem manchas de molho até no brócoli do escudo.
- Anda, Juquinha, beija o vovô Juca. - Diz a mãe.
- Não quéio.
Vovô Juca, que viveu a era Prisco/Delfim, mostra o doce e com isso consegue convencer o neto.
Cessados os beijos e os abraços, todos se sentam, e vovó Margarida pergunta, carinhosa:
- Que tal uma Belco bem geladinha?.
O pai do Juquinha aceita. A mãe prefere água.
Conversa vai, conversa vem, contadas as últimas estrepolias do Juquinha e depois de algum silêncio, vovô Juca ergue-se com dificuldades da poltrona e toma a direção do quarto. Em seguida ele retorna, com seus passos incertos, um antigo jornal na mão.
- Olhem, quero mostrar isso aqui pra vocês. - Diz, mostrando o jornal, a mão e o queixo trêmulos, a voz rouca do enfisema.
- É aquele Diário Catarinense de 2013? Falando daqueles 4 a 0 na Ressacada, os quatro gols no primeiro tempo? - Pergunta o pai do Juquinha
- É.
- Papai, o senhor já nos mostrou isso mais de trinta vezes, ninguém tem mais saco pra isso..
- Mostrei?
- Claro que mostrou. Como pode não se lembrar?
- Ah, então vou mostrar pro Juquinha.
- Não quéio.
O misterioso Juca marcou uma trepidante época em que os debates entre Avaianos e código de barristas eram acirrados.
Foi divertido. - RC
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