Por que ISO 9000? by Alexandre Carlos Aguiar

Um ônibus perdeu-se numa curva e envolveu-se num acidente sério. Muitos mortos e feridos, além de danos materiais consideráveis. Testemunhas que presenciaram o acidente, da estrada, afirmaram que o motorista cochilou ao volante e o cheiro de álcool que exalou do local fez outras pessoas certificarem que havia bebidas no ônibus e que o motorista também devia ter bebido. 

Isso é o resultado de um comportamento muito comum entre nós, humanos: a leviandade. O teste de hipóteses. O levantamento de afirmações sem que uma informação concreta tenha sido determinada. Não se concebe jogar no ar mazelas existenciais para definir normas de conduta. Isso é raciocínio torpe e mesquinho. 

As investigações que serão efetuadas pela polícia técnica podem ou não chegar a estas conclusões, mas elas apenas devem ser atestados da verdade se seguirem as normas e padrões devidamente qualificados num trabalho de perícia. Sem isso, é chute. É assim que funciona um sistema de qualidade, e um dos seus certificados é o Sistema ISO. 

Pessoas que pensam que uma certificação ISO é ultrapassada e não serve para um clube de futebol, por exemplo, obviamente são aquelas que frequentaram apenas o ensino fundamental, ou se foram até a faculdade usaram o Google ou Wikipedia como fonte de referências para seus trabalhos. Aconselho mesmo estudar o tema antes de sair dizendo bobagens. É um conselho de amigo. 

Se uma pessoa possuir algum discernimento ou capacidade intelectual razoável, deverá compreender que a aplicação de uma norma de padronização dos serviços só tende a deixar mais enxuta e funcional uma organização, seja ela qual for. Na área do futebol, que é a que nos acostumamos no dia a dia, isso tem um peso considerável, visto ser um ambiente onde impera o improviso e a falta de visão dos projetos. 

A expressão ISO 9000 (e suas variantes) designa um grupo de normas técnicas que estabelece um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, qualquer que seja o seu tipo ou dimensão. A sigla “ISO” refere-se à International Organization for Standardization, organização não-governamental fundada em 1947, em Genebra, e significa “normas de padronização”. Um sistema de qualidade não garante que sua organização não produza erros, mas oferece respaldo suficiente para que estes erros sejam corrigidos e a fonte seja controlada. Não é um escudo e nem salvaguarda. Não estabelece a perfeição, mas impõe normas na condução dos processos. Não define metas e objetivos, pois é a organização quem as define, porém, desde que siga os critérios estabelecidos pela norma para tal. 

Através da padronização, do monitoramento e medição de todos os processos, da implementação e manutenção de registros adequados, necessários e rastreáveis, da inspeção de qualidade e revisão sistemática dos mesmos processos, uma organização se mantém qualificada para expor seus serviços e produtos ao uso e consumo pela população.

É a partir daí que a soluções começam a aparecer. 

O ceticismo que está pipocando pelas redes sociais e pelos blogs em relação a este certificado que será implantado no Avaí é interessante, salutar e oportuno, mas que não seja pirraça ou beicinho adolescente. Deixemos isso para as crianças no playground.

* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí  Futebol Clube e proprietário do blog Força Azurra (http://forcaazurra.wordpress.com/)