terça-feira, 2 de setembro de 2014

HAWAII 5-0, by Sérgio da Costa Ramos

     Os que não são avaianos que me perdoem. Mas se há mística incorporada aos usos e costumes da Ilha - crença capaz de identificar a própria pátria-mané - esta é a mansa e consolidada convicção de que o mais que nonagenário clube de Floripa é um proverbial "Faz-Coisa". 

     Habituado às batalhas, terrestres ou navais - como a que lhe empresta o nome - o Avaí está diante de um desafio: manter-se no G-4, degrau para a elite. Habilitar-se a voltar ao lugar de honra entre os 20 clubes mais poderosos do campeonato mais competitivo do Mundo.

     De onde virá este sexto sentido virtual, que faz do Avaí um competidor ao mesmo tempo pitoresco e glorioso? Para o Avaí nada é simples ou cartesiano. Se pode chegar ao Paraíso por linhas sinuosas, desenhadas co suspense e paixão, o Avaí despreza todas as retas.

     Perde para o Luverdense em casa e goleia o Vasco em pleno mar lusitano de São Januário. Empata com o Santa Cruz e com o Oeste, mas vence o Joinville - lá, em plena Arena do Coelho. Ninguém se espante se não conseguir vencer o América de Natal, sábado que vem, em plena Ressacada...

     Autor de "coisas" memoráveis, ninguém ,ais lhe confiscará o sabor e a glória de haver "afogado" o Almirante em sua própria caravela, levando-se a pique depois de cinco tiros de canhão, tudo ao som da animada trilha sonora do seriado "Hawaii 5-0"...

     Para os mais jovens e para os saudosistas: Hawaii 5-0 era o seriado de tevê americano do gênero policial, criado por Leonard Freeman e exibido com enorme sucesso entre 1968 2 1980. Em meio ao clima paradisíaco das ilhas havaianas, boiava um submundo criminoso a ser combatido pela polícia de Honolulu - policiais que surfavam a grande onda da lei e da justiça.

     Depois de inenarráveis 5 a 0 de sábado, com direito a antológicos  gols de falta (de Diego Jardel e Roberto), as redes sociais aderiram ao azul e branco e inundaram o éter com o vibrante tema musical do inesquecível seriado, composto por Morton Stevens e popular até hoje: uma sucessão de "tchans", encerrada por uma interjeição sonora tão oxítona quanto o nome Avaí: tchan, tchan, tchan, tchan - tchan!

     Pertinaz sobrevivente neste inóspito zoológico do futebol profissional brasileiro, dominado pelo interesse pessoal dos empresários-Fifa, o Avaí chega aos 91 anos heroico como nunca e surpreendente como sempre.

     - O Faz-Coisa voltou! - pode celebrar a torcida, com o tema de Hawaii 5-0 ao fundo.

* Sérgio da Costa Ramos é avaiano, advogado, ensaísta, cronista e crítico literário e membro da Academia Catarinense de Letras. Texto publicado no jornal Diário Catarinense de 1º de setembro de 2014, página 6, onde escreve uma coluna diariamente. Charge de André, do jornal Hora de Santa Catarina.

4 Comentários:

Sergio Nativo disse...

André esse xara é mais um que sabe tudo. E estamos conversado.

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