terça-feira, 24 de novembro de 2015

Se toca, Raul! by Alexandre C. Aguiar

Os mais chegados que me conhecem sabem de meu otimismo. Não escondo isso de ninguém, seja em qualquer área da vida e, principalmente, no futebol, onde rezas, mandingas, apelos para santas e magias são os ingredientes básicos para se fazer uma boa sopa de otimismo também. Mas, tem horas que até mesmo o mais encravado unhão do dedo tem que cair, e o otimismo não fica de fora.
Quando larguei blog e redes sociais para falar do Avaí foi porque percebi que a vaquinha estava indo pro brejo, e aqueles que deveriam se mexer para mudar esse quadro preferiram os holofotes e entrevistas exclusivas.
É lamentável chegarmos a mais uma queda, sem que se tenha corrigido rotas ou sentado para rever planos e metas. Ou se tenha preferido fazer economia de palitos.
O Avaí entrou numa inércia atroz, sem capacidade de reação e assumindo suas tropeçadas como algo inerente ao futebol executado pelos pequenos e fracos de orçamento. Dizia-se aos quatros ventos e brisas altaneiras, que a situação era assim mesmo e não dava para fazer aventuras ou gastar mais do que não tem.
Mentira!
No futebol brasileiro gerido por amigos e conchavos, dívidas são proteladas e posições são conquistadas pelos corajosos, pelos que não tem medo de seguir adiante. Mas, no Avaí de amados mestres, a conduta mais sentida é covardia, sob a alcunha de enxugamento de máquina. Coisa, aliás, que foi prometida e sequer foi mencionada depois, é bom que se diga.
O Avaí precisava ter mudado, mesmo que não houvesse planejamento assumido, e não se deixar levar pela ensebação medíocre de disputar o campeonato para não cair. Precisava ter tido mais coragem, fazer mais aventuras. Ou então que fechasse as portas. Quem tem medo de se molhar não sai na chuva.
E chego a isso exatamente pela postura do treinador Raul Cabral, o Judas da vez a apanhar pendurado no poste dos bancos de reservas da vida. E com razão!
Foi promovido à condição de chefe supremo e intocável da casamata avaiana para dar um gás, um ânimo, uma subida no rapel do rebaixamento da Série A. Jovem e pretensioso como devem ser os novatos, Raul Cabral lê, estuda e se aprimora nos conhecimentos deste esporte tão sacana que é o futebol. Todavia, como a cocada da vez na latinha, caiu no lugar-comum dos treineiros medrosos e ineficazes. Não jogou pra torcida, que queria uma vitalidade pulsante no time. Preferiu acatar as ordens de superiores ineptos e lenientes e fez o mais do mesmo. Repetiu a música do rebaixamento igual a disco velho e arranhado.
Jogou duas partidas onde poderia tirar com a mão o Avaí do atoleiro. Preferiu ser discreto ao invés de ousado. E não quis se consagrar, não quis colocar seu nome na galeria dos cabras-machos que permitem ao Avaí fazer cozas.
Se Raul Cabral quiser seguir carreira na profissão, deveria aproveitar as duas últimas rodadas para pôr, pelo menos por pouco tempo nesse ano, um Avaí diferente em campo. Fazer a torcida cair em delírio de emoção ao assistir uma partida decente e terminar essa porra com dignidade.
Ou então, como compete ao fracassados e medrosos, continue a carregar a malinha de gelo para os outros treinadores.
* Alexandre Carlos Aguiar é associado do Avaí FC e proprietário do blog Força Azurra. Foto acima: André Palma Ribeiro / Avaí FC 

4 Comentários:

Unknown disse...

É um treinador sem ambição, sem coragem, sem criatividade, sem vontade de ganhar jogos, apenas trabalha pra não perder de muito e, isso não é conduta de treinador em qualquer esporte.
Poderia ter, pelo menos tentado fazer a diferença, mas resolveu repetir o Gilson Kleina, sem lembrar que se fosse pra fazer isso não se teria mandado o Kleina embora.
Eu mesmo fui um dos que sugeriu a saída do Kleina e a colocação do Cabral como treinador, mas confesso que foi uma decepção, principalmente pelas escalações e, consequentemente, pelo que o time apresentou sob seu comando.
Agora é tarde, o Malaquias deve estar cruzando os céus brasileiros incessantemente, na tentativa de acertar a tabela final de classificação, e isso torna, ainda, mais difícil a nossa permanência.
Lembrando, ainda, que vem aí o Daronco, acertado Deus sabe por quem, considerando que se não fôssemos roubados, escandalosamente, por esse cidadão em Chapecó, estaríamos na Série A em 2016, apenas, com uma vitória sobre a Ponte, agora isso ainda não é tudo.
Como eu já assinalei em post anterior, vem mais 2015 por aí.
Byghal.

Roberto disse...

Cabral, antes de assumir, já deveria ter um time totalmente seu, diferente do time de Kleina. Deveria ter chamado o presidente e dizer-lhe: aqui está o meu time base, é com esses que eu vou, e é minha condição não receber influência de ninguém.
E motivar esse time pra entrarem em campo como guerreiros incansáveis, sem bola perdida, com bola dividida. Conclamar a torcida, que acreditava em seu trabalho, de modo a fazer da Ressacada um alçapão. O Avaí precisava de um agito, de adrenalina, mas Cabral não soube ler o momento, a ótima oportunidade que se lhe apresentava.
Ainda é jovem, pode vir a ter novas chances, novos cavalos encilhados. Mas que leia e guarde com carinho a mensagem no último parágrafo do Aguiar. RC

André Tarnowsky Filho disse...

Byghal,

Sim, creio que faltou um pouco mais de ambição ao Cabral, ainda que jogadores e dirigentes tenham elogiado sua estratégia.

Postar um comentário

A MODERAÇÃO DE COMENTÁRIOS FOI ATIVADA. Os comentários passam por um sistema de moderação, ou seja, eles são lidos, antes de serem publicados pelo autor do Blog.

Arquivos do Blog

  ©Blog do Tarnowsky - Todos os direitos reservados.

Modificado por Marcostoto | Template by Dicas Blogger | Topo